Em 2022, pela 1ª vez quase metade dos eleitores brasileiros (75.8 mi em 379 municípios) tiveram direito ao passe livre no transporte público (PL) no dia da eleição. Qual foi o impacto do #PasseLivrePelaDemocracia? A gente responde esta pergunta nesse novo estudo. Segue o fio: 🧵
No estudo, a gente analisa como a adoção do PL no 1º e 2º turno das eleições presidenciais de 2022 impactaram o comparecimento nas urnas, o resultado das eleições e o nível de mobilidade nas cidades.
🔖Preprint do artigo: osf.io/fzwgq/
Aproveitando q alguns municipios adoram o PL já no 1º turno e outros adotaram só no 2º turno, a gente usa vários modelos de event study pra comparar o resultado de todas seções eleitorais (urnas) entre esses municipios em 2022 e nas eleições anteriores
Se a adoção do PL reduzisse significativamente os custos de participação eleitoral, a gente esperaria q a diferença no comparecimento entre os turnos 1 e 2 dos municípios analisados seria significativa. Mas, a gente encontra q o PL não impactou o comparecimento nas urnas.
A gente também analise se o transporte público gratuito teria dado mais votos pro Lula, como algumas pessoas pensaram. A gente também encontra efeito nulo.
A gente tmb testou se o PL poderia ter efeitos diferentes em seções eleitorais com maior proporção de pessoas de baixa renda (c) ou em seções localizadas em áreas com maior ou menor densidade populacional. Mais uma vez, encontramos efeito nulo.
Mas e o que aconteceu com a mobilidade urbana? A gente usou dados de telefone celular pra analisar o nível de mobilidade da população ao domingos (incluindo o dia do 1º turno) e comparamos os municípios q adotaram PL no 1º turno contra quem aqueles que só adotaram no 2º.
A gente encontra q a adoção do passe livre no dia do 1º turno causou um aumento de 13.7% da mobilidade de pessoas em áreas de paradas de ônibus /estações de transp. público. É possivel q esse efeito tenha sido ainda maior no turno 2 mas os dados de celular ñ cobrem o período todo
A gente tmb encontra q o passe livre aumentou o movimento em parques 18%, mercados/farmácias 7% e áreas de comércio/lazer 5%, e ñ afetou o tempo q as pessoas ficaram em casa. Ou seja, o PL ajudou pessoas a participarem de mais atividades do q elas normalmente fazem num domingo
A gente fez vários testes de robustez e estratégias diferentes, analisamos impacto do PL tanto no 1º quanto 2º turno. Os resultados não mudam. Isso significa q o PL não serviu pra nada? Não. O PL pode ter induzido alguma migração modal do carro ou a pé pro transporte público+
E muito provavelmente, o PL melhorou o acesso da população reduzindo custo de 💰e/ou tempo de viagem pra chegar às urnas. Mas esse benefício foi usado por quem já tinha decidido votar anyway. O PL não foi suficiente pra convencer os não votantes a sair de casa pra votar.
Então o q explica o passe livre ter aumentado a mobilidade mas isso não se refletir num aumento de comparecimento? A gente tem 3 hipóteses não excludentes:
1) É possível que as pessoas (uma parcela da população) considerem votar tão importante q elas já topariam pagar o custo de transpt. Essa percepção aumenta em eleições muito acirradas. E essa sem dúvida foi das mais acirradas e polarizadas eleições da história do Brasil.
2) Pra algumas pessoas, o custo de ñ votar pode ser alto. No BR, quem ñ vota / justifica abstenção pode ser impedido de pegar empréstimo, emitir documento, renovar matrícula de ensino, servidor público ñ recebe salário, entre outras coisas. Esse pessoal ia votar anyway
3) O custo $ de transporte pra votar pode ser pequeno pra maioria da população. Isso pq as pessoas são alocadas pra seção eleitoral perto de sua casa (pessoa pode escolher), e o TSE distribui seções visando aumentar a proximidade espacial entre eleitores e urnas
Em síntese: Implementar a tarifa zero na eleição melhora as condições de acesso às urnas p/ que as pessoas exerçam sua cidadania e expressem pelo voto o país que elas desejam. No entanto, nossos resultados sugerem que isso não é suficiente para aumentar o comparecimento.
Nossos achados indicam que reformas que busquem diminuir a abstenção eleitoral em regimes democráticos devem conseguir resultados mais efetivos por meio de políticas que revejam a distribuição espacial / proximidade das urnas. FIM
Pra quem tem interesse em análise espacial e transporte urbano, @dhersz e eu escrevemos um livro sobre acessibilidade urbana e análise de dados
📖 ipeagit.github.io/intro_access_b…
Segue o 🧵
A ideia é o livro servir de material didático e guia prático p/ modelar redes de transporte, calcular acessibilidade e avaliar impacto de projetos sobre acessibilidade urbana. O livro traz exemplos reproduzíveis com dados e software abertos utilizando programação em R #rtats
Este livro está dividido em 5 seções:
1) A primeira seção apresenta o conceito de acessibilidade urbana, esclarece as diferenças entre acessibilidade e mobilidade, e apresenta os principais indicadores usados para medir a acessibilidade urbana.
Happy to share our new paper in @socscimed examining spatial, social + racial inequalities in access to #COVID19 healthcare in Brazil using a new balanced floating catchment area approach. I'll soon share a🧶with key findings. Like or RT to stay tuned sciencedirect.com/science/articl…
Many studies have examined how human mobility patterns influenced the spread of the #covid19 or how the pandemic halted mobility. Much less attention has been given to issues of access to covid19 healthcare and to hospitals’ response capacity in urban areas 2/13
In this paper we estimate the spatial, income and racial inequalities in access to #COVID19 healthcare in the 20 largest cities of Brazil at a high spatial resolution.
By "we" I mean @ckauebraga, @BernardoSerra7 @pedrov_amaral, @paezha, L. Servo, N.Gouveia and I 3/n
We combine epidemiological, serological, household survey, NPI & mobility data to 1) Estimate the social and racial inequalities in the risk of hospitalization and death by #COVID19, and 2) Show how vulnerability to COVID is shaped by preexisting social and health inequalities
Early in March, people from wealthier census tracts had higher risk of hospitalization. This soon reversed. Btwn Apr-Jul people from poor tracts had 8% higher risk of hospitalization. Throughout the study period, people from poor tracts were 60% more likely to die from COVID19
Nós combinamos dados de epidemiologia, sorologia, pesquisas domiciliares, medidas de lockdown e dados de mobilidade para 1) estimar a desigualdade de risco de hospitalização e morte e, 2) apontar como a vulnerabilidade à COVID19 é moldada por desigualdades socioeconômicas
No começo da pandemia, pessoas de bairros ricos tinham + risco de contágio, depois isso se inverte. Entre Abr-Jul, pessoas de bairros pobre tinham risco de 8% maior de hospitalização. Em todo periodo, no entanto, pessoas de bairros pobres tem 60% mais risco de morrer por #COVID19
Ontem nós @ipeaonline lançamos oficialmente o Projeto Acesso a Oportunidades. O projeto traz estimativas inéditas de acesso a empregos, serviços de saúde e educação por meio de transporte p/ cada 'quarteirão' das maiores cidade do Brasil.
O lançamento inclui:
+ análise das desigualdades de acesso a oportunidades nas 20 maiores cidades do país
+ mapa interativo
+ base de dados c/ resultados
+ scripts em #rstats do projeto
O Brasil é um dos países mais desiguais do mundo, e as nossas grandes cidades tem muitos (!) problemas de transporte. O #ProjetoAcessoaOportunidades busca abordar ao mesmo tempo essas e outras questões de desenvolvimento urbano. 3/11
The #geobr package in #rstats is probably the easiest and fastest way to download shapefiles and official spatial data sets of Brazil.
👉 github.com/ipeaGIT/geobr
This thread will periodically bring news with updates of the package. RT or Like it to stay tuned!
New data: today we added historical shapefiles of states and municipalities for the years 1872, 1900, 1911, 1920, 1933, 1940, 1950, 1960, 1970, 1980, 1991 (request of @antrologos). Easy access e.g. `read_state(year=1872)` and `read_municipality(year=1940)`
New data: today we added a geolocated data set of health facilities in Brazil (source: CNES, DataSUS). Easy access to all health facilities in the country with