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1/ Hoje, a Argentina caminha para um progresso inesperado: a descriminalização do aborto até 14 semanas. Mesmo com um governo conservador, a proposta passou para o Senado por 129 votos a 125. Agora, falta vencer ali. Siga a thread de @lucasberti e @delarabru 👇🏼
2/ Abortar em caso de estupro e risco de morte já é permitido no país. Mas estima-se que sejam feitos cerca de 450 mil procedimentos clandestinos anualmente, de acordo com a @amnistiaar, que dá atenção ao tema desde 2005.
3/ Aqui e na Argentina, aborto é questão de saúde pública. Segundo o Ministério da Saúde do país, foram pelo menos 43 mortes por abortos clandestinos em 2016. Só este ano, já foram 63, e estima-se que cerca de 10 mil mulheres sejam internadas anualmente por complicações.
4/ Quem interrompe uma gestação na Argentina pode pegar de de 1 a 4 anos de prisão – pena parecida com a brasileira. Nos dois países, o aborto é permitido em casos de estupro ou de risco de morte da mulher. Mas, enquanto lá o debate flui, aqui o tema ainda engatinha.
5/ Estamos falando de um Brasil em que, segundo a Comissão de Direitos Humanos do @SenadoFederal, são feitos mais de 1 milhão de abortos por ano. Mas a bancada religiosa barra a discussão e, até agora, nosso maior passo rumo à descriminalização foi uma audiência pública no STF.
6/ A Argentina provinciana como o Brasil, é mais conservadora no interior que na capital. Em 2014, uma mulher foi detida sob a acusação de aborto e, dois anos depois, condenada a 8 anos de prisão. O caso foi tratado como homicídio duplamente qualificado. clar.in/2vMH3GT
7/ A mulher, com 27 anos na época, foi acusada de provocar um aborto no banheiro de um hospital. Só depois de dois anos na prisão que ela foi liberada pela Corte Suprema da província de Tucumán, que classificou seu caso como “aborto espontâneo incompleto”.
8/ Além de casos como esse, outro ponto crucial para que a discussão sobre o aborto legal avançasse foi a força dos movimentos feministas. Em um país que matou ao menos 251 mulheres em feminicídios só em 2017, as lideranças sociais decidiram romper o silêncio.
9/ A inquietação, no entanto, começou antes. Em 2015, Chiara Páez, de 14 anos, foi assassinada pelo namorado de 16 quando contou que estava grávida. A menina foi enterrada em um quintal. Na autópsia, foram encontrados resíduos de substâncias abortivas em seu estômago.
10/ O brutal assassinato de Chiara foi o gatilho para o movimento @NiUnaMenos_, que tomou o país escancarando os números absurdos da violência de gênero. Ao expor os abusos enfrentados pelas mulheres, o movimento facilitou a aprovação da descriminalização do aborto na Câmara.
11/ O desafio agora é conquistar a aprovação entre os senadores no país do Papa Francisco. Muitos deles são ligados à Igreja Católica e, assim como as lideranças religiosas, são contrários ao aborto. Após a vitória nas ruas e no Congresso, as argentinas seguem otimistas.
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