Meus amigos, quem acompanha esse perfil deve ter percebido que, nos últimos tempos, minha atividade foi bastante reduzida. Muito disso porque, depois de 2015, não queria presenciar a situação caótica da TL depois de mais um ano eleitoral.
Mas chegando aqui, dois dias de uma eliminação vexatória, tudo em que se fala é de uma tentativa de "roubar cor de chapa". Em outros tempos, estaríamos fazendo o balanço do que tem pra ser corrigido e nos fechando pra cobrar a dobradinha como obrigação.
Então decidi quebrar essa minha própria regra. Vou fazer uma thread longa sobre isso. Espero - mas não garanto - que seja a última vez que eu tenha vontade de escrever sobre política do clube aqui esse ano.
Pra começar e por razões de transparência, deixo registrado que esse perfil apoia Landim para a Presidência do Flamengo.
Dito isso, segue a thread:
Nos últimos anos, passei boa parte do tempo frisando aqui sobre a construção da narrativa e sobre a nossa necessidade enquanto torcedores de analisarmos criticamente tudo que vem acontecendo
Eu vejo o futuro repetindo o passado nessa eleição. A campanha do Lomba já começou a todo vapor e usa EXATAMENTE AS MESMAS TÁTICAS que a campanha do Bandeira de 2015, sem tirar e nem por
Na campanha de 2015, os apoiadores do Bandeira acusavam, a cada derrota, os adversários de estarem politizando os resultados e de estarem torcendo contra o clube. Acontecia de forma deliberada e inconsequente.
Enquanto isso, cada vitória era politizada com hashtags como Flamengo no Caminho Certo, Onda/Tsunami Azul e a mais cínica de todos, Biscotto 100%
Na mesma proporção que a cobrança diminuiu e a relativização aumentou, começou também um movimento de tentar descolar a imagem do Bandeira dos resultados do Futebol e de limpar a barra dos nomes com os quais ele se associava, independente de seu significado histórico
A maior prova disso foi a relativação na imagem do próprio Biscotto, que antes de assumir como vice-presidente tampão era considerado um dos piores quadros da história do clube, responsável por montar o pior Flamengo de Todos os Tempos (2005) +
E conhecido por ter minimizado, em entrevistas, o impacto de um eventual rebaixamento do Flamengo. Quando absurdamente assumiu o futebol em meio à crise de 2015, teve sua imagem automaticamente "restaurada".
Teve gente falando que tinha feito bom trabalho em 2005 e que tinha deixado "herança bendita" pra 2006, tinha gente dizendo que tinha disponibilidade de tempo pra se dedicar, gente dizendo que todo mundo sabia que era um placeholder, que seria substituído pelo Godinho
Essa ação é a mesma que começa a acontecer agora com a nomeação do Walter Oaquim, um dos piores vice-presidentes da Patrícia e péssimo vice-presidente do Edmundo no início da década
É exatamente o movimento, com uma nova textura. O objetivo agora é comparar o Oaquim com o Dunshee, a quem essa mesma turma havia se associado para o Conselho e que há meses atrás servia.
Não foi o primeiro e nem o último caso de comparações incoerentes e nem da construção cega de narrativa. Na última eleição, a narrativa também emplacou uma outra imagem do MGM, vice geral do Bandeira, que era questionado por ter advogado pro Gamarra contra o Flamengo.
Da mesma forma, esses falsos paralelos também tinham aparecido quando levantaram a questão da Lava-Jato ao Godinho. Alegavam que o Landim também estava citado. GODINHO FOI PRESO NO EXERCÍCIO DO MANDATO.
Outro trecho de narrativa que tenta ser construído é sobre a realização de uma campanha limpa. Na eleição passada, embora imensa maioria, os eleitores do EBM acusavam os adversários de inventarem notícias falsas/usarem fakes
Agora, a campanha mal começou e já começa o discurso de Fake News/Baixo Nível de Campanha por conta da escolha da Cor de Chapa. Pergunto: Quantos membros da Chapa Azul de 2012 continuam na gestão e quantos estão na oposição?
É óbvio que se o Landim se acha representante da Chapa Azul original ele tem direito de pedir a cor azul. Se vai ser atendido ou não é outra história, mas já tentam conduzir a narrativa pra como se isso fosse algum tipo de manobra ou reconhecimento de capacidade da gestão atual.
Mas pra construir essa narrativa de Campanha Suja, vale qualquer coisa. Por outro lado, questionar a disponibilidade de tempo do Landim, empresário milionário, quando o próprio diz que teria tempo para administrar o clube é visto como "normal"
Por outro lado, ninguém para para questionar disponibilidade do Lomba, servidor público concursado e com carga horária semanal a cumprir. Isso, aliás, lembra de outros dos ecos da Campanha de 2015, a Reversão da Disponibilidade.
Na campanha de 2012, quando a disponibilidade era realmente um tópico a ser debatido, o Bap caracterizou enfaticamente que o time de gente que o Flamengo precisava eram aqueles que não tem tempo, que são super ocupados por serem super competentes e super produtivos
Boa parte da torcida comprou essa briga e quis no Flamengo gente qualificada que, mesmo com pouco tempo, fosse capaz de trabalhar com muita qualidade e fazer a diferença. Em 2015, a disponibilidade voltou como tema e o defendido foi o contrário disso.
Em 2015, era dito que apesar da qualidade dos nomes da Chapa do Wallim, os nomes da Chapa do Bandeira também eram capacitados e, principalmente, tinham bastante tempo para dedicar ao Flamengo. O mesmo discurso volta da mesma forma.
Da mesma forma, outra tática que voltou é a suavização estratégia das críticas para construção de uma falsa competência para pessoas chaves.
Em 2015, o Bandeira foi o pior vice-presidente da sua própria gestão ao confrontar a torcida e manter Cristóvão até ter comprometido integralmente o ano, quando foi substituído pelo Biscotto.
Apesar disso, foi poupado das críticas, diferentemente de todos os outros vices de futebol, e teve os méritos administrativos ressaltados como forma de não danificar fortemente sua imagem.
Enquanto isso, Rodrigo Caetano, que fazia trabalho pavoroso em termos de resultados e disciplinares, alocando pessimamente os recursos - que começavam a aumentar - começou a ser poupado das críticas quando o EBM anunciou que permaneceria
Inventaram mil teorias, transferiram a culpa para o Luxemburgo, criaram uma narrativa de que faltava autonomia para tomar decisões, que com a nova gestão seria diferente, que era executivo moderno e renomado, que tinha performado em outros times e que valeria manter.
Poupado das críticas, Rodrigo Caetano teve o contrato renovado por TRÊS ANOS, mesmo contra todos os questionamentos sobre seu rendimento, que vinha fraco desde o ano anterior, quando montou o Vasco que tomou de 5 x 0 do Avaí na Série B e quase não sumiu
Essa renovação bizarra foi aclamada e vendida como PLANEJAMENTO A LONGO PRAZO E PROFISSIONALISMO. Nascia ali a era do Vamos Levando.
Agora, o mesmo fenômeno acontece com Lomba, a quem tentam construir a imagem de um vice-presidente de futebol competente e enérgico por ter demitido Rodrigo Caetano e Carpegiani
O que ninguém diz é que o Lomba assumiu o Flamengo em OUTUBRO DE 2017. O único responsável por Rodrigo Caetano ter chegado em 2018 foi o próprio Lomba. Vendem a correção tardia de um erro como um acerto, como um atestado de competência.
Durante o período do Lomba, o Flamengo tomou uma volta do Rueda, contratou Carpegiani, contra qualquer argumentação razoável, para Coordenador Técnico e o mudou de função imediatamente para treinador, começou o campeonato com até treinador improvidado
Vale um parêntesis pra falar do Carpegiani: Quando sua contratação seria completamente absurda, após a saída do Zé Ricardo, teve seu nome jogado como candidato na mídia, servindo ao mesmo tempo como bode na sala e naturalizando sua posterior chegada
Dito isso, o Flamengo foi jogar a Libertadores praticamente sem reforços, com técnico improvisado e o principal centroavante suspenso. Não rodou o elenco no carioca, de forma em que as peças de reposição eram uma total incógnita.
Lomba deixou um diretor que vinha de TRÊS TEMPORADAS COM RESULTADOS PÉSSIMOS executar as contratações. Chegou uma completa incógnita (Marlos) e um centroavante péssimo e caríssimo (Henrique Dourado).
Pior do que isso, tinha Vinícius Jr. negociado desde o ano anterior e sequer se preparou pra repor. O atacante contratado, como era esperado, não rendeu absolutamente nada e criou um problema enorme na frente.
A linha de frente do Flamengo teve de ser completamente remontada após a parada pra Copa, já que o Vinicius saiu (Éverton já havia saído) e chegaram Vitinho e Uribe. Marlos, frequentemente não relacionado, jogou com frequência como titular nesse ínterim.
Pior do que isso, não aproveitou a janela pra corrigir outras carências. Jogou um jogo chave do Brasileirão (SPFC) com Rômulo titular e vai de Rômulo de novo na Copa do Brasil porque repôs de forma tardia na volância.
Qualquer outro vice-presidente de futebol que tivesse ido pra Libertadores com técnicos interinos, sem reforços e sem reposição teria sido crucificado e taxado como inapto. Dessa vez não era o interesse da narrativa.
Eu poderia continuar explorando várias outras semelhanças entre o que aconteceu em 2015 e o que acontece hoje, mas eu acho que isso é o suficiente pra construir meu argumento de que a estratégia de 2015 e a de 2018 são recto e verso, duas faces da mesma moeda.
O que vai vir por aí agora é a narrativa de que o Landim não tem propostas, que só o Lomba tem propostas, como fizeram na época do PdG Azul/Slideshow do Godinho
Depois vão estressar ao máximo os pontos de discordância, como fizeram quanto a construção da Arena de Basquete, que foi tratado na campanha como algo pivotal e que em mais essa gestão não saiu do papel.
A diferença central da eleição de 2015 pra de 2018 é que, na de 2015, como os resultados de 2013-15 tinham sido obtidos em conjunto, era razoável fazer a suposição que os dois grupos tinham a mesma capacidade técnica-administrativa
Hoje, qualquer linha de raciocínio que parta dessa mesma hipótese nasce viciada quanto a forma. Bandeira de Mello fez 3 anos fraquíssimos. E não sou eu quem digo isso. É o PdG que ele mesmo criou em 2015. Quantas das metas foram realmente cumpridas?
E quantas podem ser objetivamente avaliadas? Essa gestão não conseguiu entregar o que prometeu. E das 7 metas destacadas, passou MUITO longe das duas principais e mais objetivas, 200 mil sócio torcedores e o título da Libertadores
Dito tudo isso, eu termino por aqui. Não peço que ninguém vote no Landim ou que deixe de votar no Lomba, mas peço que analisem criticamente a situação e façam seu próprio julgamento.
E independente de tudo isso, que o Presidente que sair eleito tenha o ambiente propício para colocar suas propostas em prática e que suas atitudes sejam julgadas de forma crítica, colocando sempre os interesses do Flamengo em primeiro lugar
E mais uma coisa: O ano ainda não acabou. Se a Libertadores não veio, dá pra gente sair desse ano fazendo a dobradinha. Foco total no Brasileirão e na Copa do Brasil, vão fazer de tudo para nos derrubarem.
Independente de apoiar Landim ou Lomba, o momento agora é de APOIO TOTAL. É o pior momento do Flamengo na temporada. Sempre foi nessas horas que nossa torcida fez a diferença, não tem porque ser diferente agora.
Enfim, encerro por aqui. Juro que tento responder a todos os amigos amanhã. Abraço e SRN!
