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Bolsonaro acabou de fazer dois discursos de vitória, um por meio de uma live no Facebook, outro para o pool de TVs fazendo a cobertura jornalística. A diferença não poderia ser maior.
No discurso para os eleitores no Facebook, fez um pronunciamento religioso e moralmente conservador, em defesa da família, contra a esquerda e contra a mídia que foi concluído com uma oração com o pastor evangélico Magno Malta.
No discurso para as elites, por meio da cobertura jornalística, fez um longo pronunciamento programático defendendo a livre iniciativa e o livre mercado e se comprometendo a respeitar a constituição.
Nenhum destes elementos programáticos do discurso para a mídia esteve na campanha digital e praticamente não esteve na propaganda televisiva.
Falando diretamente pelas mídias sociais, fez uma campanha anti-elitista: por um lado, contra as elites políticas dos partidos tradicionais; por outro lado, contra as elites culturais e intelectuais que ameaçariam a segurança e o caráter convencional da família.
Para as elites econômicas, a campanha foi diferente. Por meio de emissários que peregrinaram pelas associações empresariais e pelos bancos de investimento, pregou o equilíbrio fiscal, as privatizações e mudanças na política externa.
É como se a campanha fosse uma espécie de cavalo de Troia na qual se vendeu anti-elitismo e conservadorismo e se está entregando como bônus uma grande dose de ultraliberalismo.
