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Como a boa onda de reportagens está deixando claro, Brumadinho repetiu Mariana porque o executivo e o legislativo foram capturados pela bancada da lama. As declarações de hoje de Onyx Lorenzoni demonstram que, se depender do governo Bolsonaro, nada vai mudar.
Depois que o vice-presidente Hamilton Mourão cogitou afastar a direção da Vale, o ministro da casa civil Onyx Lorenzoni voltou atrás alegando que tal medida "não seria uma boa sinalização para o mercado".
Lorenzoni se escudou no fato das golden shares (ações com poderes excepcionais) não permitirem intervir diretamente na direção da empresa. Mas na condição de grande acionista, via BNDESPar e fundos, o governo tem assento no conselho e poderia ali pedir a saída da atual direção.
Mudar a direção colaboraria para individualizar a responsabilidade pela tragédia nos executivos da empresa, já que a persistência dos erros de Mariana se deve, em parte, à impunidade gerada por uma responsabilidade difusa -- que ninguém sabe exatamente de quem é.
Foi a individualização da responsabilidade que levou o MP a pedir a prisão dos executivos responsáveis pela autorização do funcionamento da barragem. Talvez com medo de serem punidos no futuro, executivos pensem duas vezes antes de assentirem com regras frouxas de segurança.
Além disso, é preciso atropelar a bancada que defende intransigentemente as mineradoras e que bloqueou qualquer ação legislativa depois de Mariana. É preciso também acabar com a porta giratória pela qual técnicos passam das empresas para o governo e depois de volta às empresas.
Quando Onyx coloca a preocupação com o mercado à frente do meio ambiente e das vítimas, ele demonstra o mesmo rabo preso com as mineradoras e a mesma imobilidade que levou o Brasil de uma tragédia ambiental à outra.
