Já falei uma vez e vou repetir: doutrinação ideológica NÃO É o maior problema da educação (básica, pelo menos). E se você não está numa sala de aula, se não é professor — mas somente um militante político de direita —, deve, por obrigação conservadora, ponderar essa histeria.
A doutrinação é uma instituição involuntária do ensino — não só no Brasil, mas no mundo. Há milhares de coisas a serem melhoradas antes do professor que está na ponta. Os professores militantes, claramente doutrinadores, são uma minoria.
A maioria dos professores sequer sabe fazer uma distinção entre direita e esquerda. Muitos só seguem o currículo — que é péssimo; muitos estão, há décadas, repetindo conteúdo aprendido em sua própria formação; muitos não estudam e não se atualizam.
A maioria dos professores de História, por exemplo, foram formados pelos livros do Caio Prado Jr. e do Celso Furtado, e repetem aquelas lorotas comunistas até hoje. Nunca pegaram na mão um livro do Jorge Caldeira, p. e., que discute e põe em xeque a militância de Caio Prado.
Querem entender isso, estudem a Teoria Crítica e vejam que a coisa é hegemônica; a imensa maioria dos professores atuais sequer imagina que o que eles ensinam não é a interpretação definitiva. Tiraram dos professores, inclusive, o acesso a obras que discutem seus temas.
Outro detalhe importante: porque Bolsonaro abraçou as ideias do ESP, seus intelectuais orgânicos estão fazendo desse assunto o Santo Graal da educação. Não sabem de nada. A sala de aula é um ambiente desconhecido para a maioria deles. Espero que o presidente bote a bola no chão.
Discutir a educação no Brasil é discutir sua estrutura — e a centralização estatal, junto ao ensino compulsório são um dos principais problemas.
Mais uma coisa: tenho para mim que a doutrinação mais pesada, mais consciente, ocorre nas escolas privadas — principalmente nas de ponta, caríssimas. É para lá que vão os professores que saem das universidades públicas, onde ocorre, também, a doutrinação mais pesada, militante.
Sem o ESP dificilmente estaríamos discutindo isso hoje. Por isso o Nagib já merece nossa admiração. Mas há muito mais a fazer e pensar. O problema é que muita gente abraçou o ESP irrefletidamente, como bandeira ideológica. O ESP não pode se transformar numa ideologia.
