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Durante a escravatura brasileira, fazendeiros, militares e governantes reivindicavam direito sobre a alma e os corpos de negros cativos. Sua depravação moral criou uma cultura de estupros e desumanização que cravou marcas no imaginário popular até os dias de hoje
Na colonização era comum que os portugueses e outros europeus não trouxessem inicialmente suas famílias para nossas terras, eles passaram a olhar para os nativos com muita lascívia. Sua nudez foi interpretada como se estivessem se “oferecendo” a eles.
Pero Vaz de Caminha já havia incitado o olhar europeu em uma de suas descrições sobre os índios que encontrou aqui “ sua vergonha (que ela não tinha) tão graciosa, que a muitas mulheres da nossa terra, vendo-lhes tais feições, fizera vergonha, por não terem a sua como ela”
Segundo Gilberto Freyre, a relação afetiva entre negros e brancos aqui no país se deu exatamente por conta dessa aproximação sexual. Tente imaginar a vida de uma dessas índias e negras entendendo seu papel para satisfação involuntária dos desejos mais sórdidos dos fazendeiros
Como se não bastasse, mulheres negras também eram rendidas para os desejos sexuais dos sinhozinhos, filhos dos fazendeiros. Que muitas vezes eram iniciados sexualmente com uma das mulheres escravizadas.
Ainda existia a ideia de que você podia curar sífilis aliviando-se com uma negra virgem de doze ou treze anos, que eram entregues aos doentes. Esse costume perdurou, sendo registrado até 1869
Os homens não escapavam das atrocidades sexuais que os senhores impunham. O minerador Álvares Cabral, Santo Ofício, reconheceu ao Santo Ofício em 1739, que há oito anos sodomizava seis escravos, “sendo forçados ou quase forçados a tal”.
Em 1759, na fazenda Boa Vista (RJ) Francisco Serrão de Castro, escravizou um Angolano que ao chegar foi arrastado para o mato, mandou então que se deitasse com a cara no chão e o sodomizou”.
Quando Dom Heitor Furtado de Mendonça, comissário da Inquisição Católica chegou ao país. Não conseguia punir todo mundo como na Espanha ou não teria mais nenhum fiel, na Europa os sodomitas eram enterrados vivos, aqui pagavam com dinheiro ou jejum
Até outros padres que aqui viviam, como os Jesuítas, não contiveram seu comportamento devasso ao se deparar com índias e negros. Na Bahia Luis de Nazaré ficou famoso como exorcista em 1736, utilizava o sexo para curar negras que pudessem estar “possuídas”
Ele foi condenado e como todo homem branco da época, não sofreu castigo algum além de se afastar do cargo por algum tempo.
Os brancos projetaram toda culpa da depravação no negro e ainda romancearam o fato. Gilberto Freyre tem um trecho nojento em sua obra “casa grande & senzala”, descrevendo de forma asquerosa a relação entre senhores e negras escravas.
“o que a negra da senzala fez foi facilitar a depravação com sua docilidade de escrava: abrindo as pernas ao primeiro desejo do senhor-moço. Desejo não, ordem.”
As relações abusivas da colônia ajudaram a moldar vários estereótipos projetados sobre o homem e a mulher negra como a “cor do pecado”, a mulata com sede de sexo, o negro selvagem na cama…
“A imagem da mulher negra como cronicamente promíscua. Uma vez aceita a noção de que os homens negros trazem em si compulsões sexuais irresistíveis e animalescas, toda a raça é investida de bestialidade” Angela Davis
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