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Há 50 anos, a partir das 4h da madrugada de um 11 de maio como este, começou a arder em fogo a Favela da Praia do Pinto, vizinha ao Clube de Regatas de Flamengo. O incêndio só foi contido às 10h da manhã. Pelo menos 9 mil pessoas ficaram desabrigadas. (Foto: JB)
Entre as famílias desabrigadas, a de Julio César "Uri Geller", futuro craque do Flamengo. Em um documentário sobre a Cruzada São Sebastião, de Lúcio de Castro, o ídolo rubro-negro reviveu as cenas daquela madrugada:
O laço entre a Favela da Praia do Pinto e o Flamengo. Na edição de 12/05/1969 do Jornal do Brasil, um dos moradores desabrigados e removidos da Favela da Praia do Pinto falou de sua história com clube:
Até os anos 1960, a garagem de barcos do Flamengo na Lagoa era um galpão rude nos fundos do Estádio da Gávea, vizinho à Favela da Praia do Pinto.
A Favela da Praia do Pinto e o Flamengo cresceram em paralelo à beira da Lagoa, a partir do mesmo período (anos 1930). A favela, impulsionada pela atividade industrial na região. O Flamengo, pela construção (inacabada) de uma grande praça esportiva.
Em 1969, de acordo com o Correio da Manhã, Praia do Pinto tinha 250 tendinhas, três escolas, cinco igrejas, um número ainda maior de terreiros e uma escola de samba, a Independentes do Leblon, que desfilou no equivalente ao Grupo Especial em 1954.
Menos de um mês depois, o Governo da Guanabara já anunciava o leilão da área de 96 mil metros quadrados, de acordo com a manchete do Correio da Manhã (03/06/1969):
Na crônica dos anos 1950 e 1960, o Flamengo era muitas vezes chamado de "Clube da Praia do Pinto" e sua torcida, de "República da Praia do Pinto". A associação não agradava alguns dirigentes do clube, como Ary Barroso, que em 1960, era VP Social do clube (via Revista do Esporte):
A favela que pega fogo em 11/05/1969 já estava marcada para remoção completa pelo Governo da Guanabara, e atravessava processo de esvaziamento. Os moradores saídos de lá foram levados para a Cruzada São Sebastião, Cidade de Deus e Cidade Alta (Cordovil), entre outros destinos.
Sob a repressão, era difícil expressar em público a suspeita de origem criminosa do incêndio, que acelerou o esvaziamento do local e destruiu as redes e os espaços de resistência da Praia do Pinto. Essa suspeita se manifestou abertamente anos mais tarde.
Entre outras expressões públicas dessa suspeita, vale conferir o artigo "Memórias da remoção", do historiador Mario Sergio Brum, texto que conta com depoimentos de moradores da Cidade Alta, destino de muitos saídos da Praia do Pinto: encontro2012.historiaoral.org.br/resources/anai…
Apesar do incômodo de alguns de seus pares, dirigentes como o presidente histórico Gilberto Cardoso mantinham boas relações com a Praia do Pinto, sobretudo com o Sete de Setembro, clube-destaque do futebol amador, sediado na favela.
Com sete anos de idade, Adílio, da Cruzada São Sebastião, jogou com a camisa 7 do Sete de Setembro, da Praia do Pinto. Foi descoberto assim pelo Flamengo.
Foi a partir do eixo Praia do Pinto-Cruzada São Sebastião que se forjou a amizade entre Adílio e Júlio César, colegas da geração mais vencedora da história do Flamengo. A história dos dois foi contada de maneira brilhante pela revista Placar, em 1982: books.google.com.br/books?id=z-JA0…
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