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PEIXES DAS NUVENS
Não adianta só combater, é preciso informar. Então vamos usar essa rede pra trazer informação e, neste caso, sobre o homem e a natureza. Então hoje vamos falar dos PEIXES DAS NUVENS. Você sabe o que são?
A família Rivulidae (ordem Cyprinodontiformes) é uma das quatro mais diversificadas entre as 39 famílias de peixes de água doce do Brasil.
Ocorre nas Américas, entre o México e a Argentina, e possui mais de 320 espécies válidas. Os rivulídeos são peixes de pequeno porte, raramente chegando aos dez centímetros de comprimento total
que vivem em ambientes aquáticos muito rasos, parcial ou completamente isolados de rios e lagos, como as áreas marginais de riachos ou brejos. As características fisicas e quimicas da água, nos locais onde os rivulídeos são encontrados, variam drasticamente.
Tais variações dependem das formações vegetais existentes nestes locais, essa característica faz com que as especies apresentem grande especificidade quanto ao tipo de ambiente de ocorrência e distribuição espacial.
As características mais marcantes dos peixes rivulídeos são os diferentes padrões de colorido das espécies e seus tipos de desenvolvimento, anual e não anual.
Os peixes anuais, ou peixes das nuvens, são sempre encontrados em ambientes aquáticos sazonais, que são formados durante as épocas chuvosas e podem permanecer secos por longos períodos.
Nas espécies que possuem esse tipo de desenvolvimento, ovos resistentes em diapausa sobrevivem durante os meses da estação seca, eclodindo logo após as primeiras chuvas.
A partir de então, o desenvolvimento do peixe é extremamente rápido, às vezes chegando à maturidade sexual em apenas um mês. Os demais rivulídeos, chamados “não anuais”, vivem em brejos e riachos perenes e são encontrados em todas as épocas do ano.
A perda de hábitat é a principal ameaça aos rivulídeos, por serem altamente vulneráveis aos vários tipos de impacto que seus ambientes estão sujeitos.
Brejos e lagoas temporárias têm sido drasticamente destruídos, tanto em áreas agropecuárias como em áreas em processo de urbanização, por meio de desmatamentos, drenagens e aterros.
Muitas espécies são bastante sensíveis a ligeiras alterações da qualidade da água ou perda da cobertura vegetal original circundante, e para agravar a situação, a grande maioria possui reduzidíssima área de distribuição.
As ameaças diretas identificadas para o grupo de rivulídeos foram as atividades agrosilvopastoris, a implantação de empreendimentos (barragens, açudes, rodovias, parques eólicos, portos, complexos hoteleiros, entre outros) e a urbanização.
Na Mata Atlântica, as principais ameaças são os desmatamentos na baixada do rio Ribeira/SP, na várzea do rio Mucuri/BA, e nos municípios de Magé e Nova Iguaçu/RJ, obras do traçado norte do rodoanel Mario Covas em SP e do Arco Metropolitano na cidade do Rio de Janeiro
além da especulação imobiliária na região dos Lagos/RJ, nos municípios de Rio das Ostras, Saquarema, Maricá, Cabo Frio, Barra de São João, Búzios e Araruama. Na caatinga, o desmatamento, drenagens e aumento da rede de rodovias entre os municípios de Itacarambi e Manga/MG
as plantações de uva nos estados de Pernambuco e Bahia e a agricultura de subsistência e a expansão da área urbana em Guanambi/BA foram apontadas como as principais ameaças aos rivulídeos.
Nos campos sulinos, destacam-se a conversão de várzeas em lavouras, especialmente a plantação de arroz na Planície Costeira e Depressão Central do RS e no extremo sul da Lagoa Mirim (Uruguai) e o cultivo de soja nos Campos de Cima da Serra
a urbanização da região metropolitana de Porto Alegre, nos municípios de Rio Grande e Pelotas, no litoral norte do RS e no extremo sul da Lagoa Mirim, os empreedimentos portuários (Rio Grande, Pelotas e São José do Norte)
a silvicultura nos Campos de Cima da Serra e na Região Campanha, a construção de açudes para irrigação (Programa Estadual de Expansão da Agropecuária Irrigada no RS) e a silvicultura em áreas tipicamente de campo.
No ecótono Cerrado-Amazônia e Cerrado Central, as principais ameaças são a expansão urbana no Distrito Federal, a utilização das áreas de várzea para agricultura nas bacias do Xingu, Tapajós e Tocantins
o desmatamento para atividades agropecuárias e da agroindústria da soja e as construções de hidrelétricas.
Os esforços conservacionistas devem levar em conta que hoje, as áreas em crescente degradação ambiental, sofreram modificações extremas da paisagem em menos de um século. A mudança de pensamento que recupere a riqueza paisagística, harmonizando o meio e os homens é urgente
Das áreas úmidas, pouco restou, e apenas um mínimo de informações pode ser inferido a respeito dos ecossistemas que anteriormente vicejavam
O impacto do tempo e da destruição ocidental e sua metodologia de terra arrasada provocaram a perda e desestruturação das paisagens.
A reconstrução desses padrões e dos fragmentos remanescentes, a partir da visão de que não apenas os peixes anuais, mas os ecossistemas do qual fazem parte, devem ser alvo de proteção, constitui-se nossa principal tarefa
Compreender nosso lugar no mundo e as formas harmônicas de estar nele, valorizando todos os seres que compartilham dessa existência, pode ser nossa chance de não entrar em extinção.
Falar dos pequeninos PEIXES DAS NUVENS também é falar um pouco de nós, de quanto somos nocivos a nós mesmos, destruindo o meio que fez parte de nosso processo evolutivo. Estamos aniquilando das mais simples criaturas às grandes paisagens que nos rodeiam.
Portanto, estamos fadados ao fracasso. É necessário modificar nossa estrutura de pensamento, entendermos que somos um único organismo e que, aos poucos, cada espécie ou ecossistema perdido é uma pá de cal em nossa existência.
Proteger as áreas úmidas pode significar salvar as próximas gerações. A resposta pode estar na adaptabilidade de peixes que resistiram ao longo de 200 milhões de anos.
Informações retiradas do PAN dos Rivulideos do ICMBio e do livro "A expansão urbana do Rio de Janeiro e o peixe das nuvens"
@fiscaldoibama @helenateua @beatrizdiniz @o_eco @BiodiversidadeB ajudem a divulgar, só a informação protege. Vou tentar trazer regularmente informações sobre bichos, lugares e gente 😉👍
Ambientes sazonais
Ambientes sazonais
PEIXE DAS NUVENS Nematolebias whitei
PEIXE DAS NUVENS Leptopanchax splendens
Ambientes sazonais
PEIXES DAS NUVENS Leptolebias marmoratus
PEIXES DAS NUVENS Hypsolebias marginatus
PEIXES DAS NUVENS Notholebias minimus
Linda reportagem que mostra a luta de pesquisadores do Sul do Brasil pela preservação dos PEIXES DAS NUVENS
#peixesdasnuvens #rivulidae #meioambiente #icmbio #extincao #propampa #natgeo
PEIXE DAS NUVENS Spectrolebias reticulatus, espécie que teve sua localidade tipo (local de descoberta) destruído pela construção da hidrelétrica de Belo Monte em Altamira no Pará.
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