Thread by @dannielduque

Tem uns 2 meses quase que vi Parasita, e realmente adorei. Foi mais que merecido o Oscar.

Além da qualidade da narrativa, é impossível ignorar a crítica que coloca nas disparidades sociais na Coreia.

Desse modo, fui dar uma olhada hoje nos dados.

1/n

Os primeiros dados que a gente sempre vê nessas horas são o Gini (+ alto > + desigual) e o PIB per Capita (+ alto > + rico).

A Coreia do Sul se encontra entre os mais ricos do mundo, como se sabe, mas tem um Índice de Gini relativamente baixo, mesmo entre os desenvolvidos.

2/n

Quando a gente olha a apropriação de renda dos 20% mais pobres, a Coreia do Sul também não aparece mal, como um percentual de cerca de 7,5% (para se ter uma base de comparação, no Brasil é cerca de 3,5%).

Até aí, o país não parece ter muitos problemas de disparidade social.

3/n

Olhando para apenas os países desenvolvidos, no entanto, de fato a renda dos 20% mais pobres da Coreia do Sul parece um pouco pior do que o esperado dado seu nível de desenvolvimento.

Mas, como se vê, não é nada tão ruim quanto os EUA, Espanha ou Itália.

4/n

Minhas reflexões são as seguintes, portanto:

1- Muito provavelmente, a família protagonista está entre as mais pobres do país. A Coreia do Sul parece distribuir bem sua renda entre a maior parte da população, mas parece que os mais abaixo ficam com menos.

5/n

2- Mesmo entre os mais pobres, é impressionante o nível de capital humano dos mais jovens da família: o garoto sabe falar muito bem inglês, e a irmã é uma excelente designer (além de se conseguir passar por psicóloga). Isso não se vê em países como o Brasil ou mesmo os EUA.

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3- Não sendo um país de grandes disparidades sociais, acredito que a Coreia do Sul se diferencie de outros países desenvolvidos é em relação ao safety net: quanto as pessoas podem se apoiar no Estado quando estão na pior.

Um bom exemplo é o marido da governanta...

7/n

... Este, ao falir em seu negócio, acabou sem qualquer proteção contra seus credores, que após anos e anos, continuam procurando ele para pagar suas dívidas. Sua única opção foi se esconder no porão do patrão da mulher.

No entanto, não achei ainda dados sobre o tema.

8/n

Enfim, o filme é ótimo, e não acredito que ele retrate alguma irrealidade ou exagero da situação de seus personagens.

Interessante ver que, mesmo em países ricos e pouco desiguais, ainda há parte da população em grande vulnerabilidade social (mas nada comparado ao Brasil).

9/9