Olavo, agorinha, numa live: nunca houve 1 só caso confirmado de morte por coronavírus. É a maior manipulação da história.
Continua: alertar para o colapso dos sistemas de saúde, falar em pandemia como faz a OMS, isso é um desrespeito à inteligência humana, uma piada demoníaca.
Organismos internacionais foram tomados pelo esquema de poder russo-chinês. A cultura americana também foi, desde a déc 30.
Bolsonaro embarca hoje para a Rússia. O que ele tem a ganhar - e a perder - com essa viagem?
No fio, trago um resumo do que venho pensando a respeito.
Spoiler: a viagem faz todo sentido para Bolsonaro (ainda que seja ruim para o Brasil). Será um trunfo de campanha.
1) Para entender a viagem, temos que olhar para o quadro externo e interno que se apresenta ao Brasil.
Perante o mundo, estamos isolados. Nosso país sempre teve bom trânsito com nações grandes e pequenas, ricas e pobres. A notável reputação diplomática sempre foi ativo valioso🔽
2) Isso se perdeu durante o governo atual. Abraçando uma política externa populista, fundamentalista e agressiva,
Bolsonaro queimou pontes com seus principais parceiros. Hostilizou Biden, Macron e Fernández, brigou com China e Alemanha.
O debate eleitoral dos últimos dias me fez resgatar essa história.
Vocês talvez não lembrem, mas uma grande polêmica das eleições de 1989 foi a candidatura de Silvio Santos, que se fez e desfez como uma estrela cadente na reta final da corrida presidencial.
O dono do SBT, possivelmente o rosto + popular do Brasil, havia recusado diversos convites para entrar para a política. Não queria atrapalhar seus negócios e temia ter o mesmo destino de outros empresários que naufragaram politicamente, como Antônio Ermírio e Olavo Setúbal.
Contudo, o contexto de 1989 era único. Numa eleição definida pela televisão e marcada pela rejeição aos políticos tradicionais, o carisma e a exposição do grande comunicador brasileiro eram vantagens inquestionáveis.
Depois de ler e reler os discursos de Bolsonaro na 🇺🇳 deste ano e do ano passado, notei algumas semelhanças surpreendentes.
Deu a impressão de que ele simplesmente repetiu trechos longos, geralmente associados a narrativas ou mentiras escancaradas.
Dava pra fazer um bingo:
2020:
(...) quero lamentar cada morte ocorrida.
Desde o princípio, alertei, em meu País, que tínhamos dois problemas para resolver: o vírus e o desemprego, e que ambos deveriam ser tratados simultaneamente e com a mesma responsabilidade.
2021:
Lamentamos todas as mortes ocorridas no Brasil e no mundo.
Sempre defendi combater o vírus e o desemprego de forma simultânea e com a mesma responsabilidade. As medidas de isolamento e lockdown deixaram um legado de inflação (...) nos gêneros alimentícios no mundo todo.
BOLSONARO NA ONU:
um rápido bolão do que deve ser dito
2019 foi o ano do antiglobalismo, 2020 foi do conservadorismo religioso. 2021 será da LIBERDADE
1) Liberdades individuais: inimigos internos (STF) e externos (big techs) cerceando o direito à expressão (dos conservadores)
2) Pandemia: Brasil como exemplo de vacinação e de auxílio econômico para informais e autônomos, mas reforçando que vacinar é um direito individual (!!) e que restrições (ex. passaporte de vacina) são ruins
3) Indígenas: conluio entre alguns índios e agentes estrangeiros (cont)
...para controle dos recursos naturais da Amazônia e contra os interesses do agro. Defesa do marco temporal (liberdade de propriedade privada)
4) Economia: foco na recuperação, programas sociais e reformas liberalizantes, destacando indicadores positivos, ainda que distorcidos
Tenho conversado com muita gente sobre o que nos aguarda dia 7. É difícil fazer uma análise fria: descartar uma tentativa de ruptura é ignorar o que Bolsonaro e seus apoiadores vêm dizendo abertamente; falar em golpe, por outro lado, soa alarmista 👇
Não tenho respostas prontas nem bola de cristal, então quero pensar alto com vocês. Para organizar o pensamento, vamos falar de algumas premissas.
1. Bolsonaro sabe que será difícil vencer as eleições. Por mais que diga que as pesquisas são enviesadas, seu círculo mais próximo👇
...sabe que derrotar Lula exigirá uma conjunção de fatores econômicos e políticos quase impossíveis a essa altura.
A carta da fraude eleitoral será usada sistematicamente até ano que vem, mas a derrota do voto impresso esvaziou esse discurso. O bolsonarismo já mudou de assunto👇
A intensa cobertura da tragédia afegã repercutiu no debate público por aqui. Mas não foram somente análises acadêmicas sobre a situação do país. Apareceram diversas comparações entre 🇧🇷 e 🇦🇫, algumas procedentes, outras terrivelmente oportunistas 🧵👇
1) Vamos começar pelo oportunismo. Ao longo da semana, até pra desviar o foco da CPI e das ameaças golpistas, começaram a circular na bolsosfera comparações entre o PT e o Talibã. A única comparação possível que eles encontraram é um tema caro ao bolsonarismo: desarmamento 👇
2) Relacionar desarmamento e ditadura é desonesto, pois ignora que políticas públicas de redução ao acesso a armas (como foi o caso do PT) são baseadas em dados sobre criminalidade e violência. @goescarlos escreveu um dos melhores textos sobre o assunto: