Mais importante do que pensar na questão salvar vidas ou a economia esse ano, é pensar qual o legado uma epidemia deixa para as próximas DÉCADAS?
Não temos respostas, mas a Gripe Espanhola de 1918 parece nos dar uma ideia.... 🧶
Eles estudam a dinâmica das taxas de alfabetização, internações hospitalares e produtividade para demonstrar efeitos DURADOUROS da gripe espanhola.
Alguns números conservadores falam em 20 milhões de mortes, outros em 100 milhões dentro de alguns meses. Fato é que, apesar das diferenças, é o evento que mais se assemelha a epidemia atual.
3 meses depois, a doença tinha infectado 350 mil pessoas na cidade de São Paulo (2/3 da população) e causado 5.331 mortes.
Isso porque ela aconteceu na mesma época, mas praticamente não teve efeito em SP. Diferentes de outras cidades que foram afetadas ao mesmo tempo.
Como eles fizeram isso? Utilizaram a variação espacial das mortes causadas pela gripe espanhola nas cidades de São Paulo, controlando por características.
E o que eles descobriram?
A partir de 1920, nas cidades mais afetadas, a mortalidade infantil e os nascimentos prematuros aumentaram. Além disso, a produtividade agrícola de curto prazo (medida pelo volume de café, arroz e milho per capita) declinou em 1920.
Em 1940, analisando pessoas entre 20-29 anos, ou seja, quem nasceu durante a gripe espanhola, houve piora na alfabetização. Esse é o principal nível de capital humano.
Podemos assumir que menos escolaridade, menos produtividade.
Em PRODUTIVIDADE, os resultados indicam que há perdas significativas na produtividade.
Ou seja, mesmo 20 anos depois da epidemia, há efeitos persistentes da epidemia.
Mas o evento - mais próximo do que temos hoje - mostra possíveis efeitos PERSISTENTES da epidemia DÉCADAS DEPOIS.
Para onde deveríamos olhar? Para os efeitos em 2020 ou para as próximas décadas?