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O BRASIL E A SÍNDROME DE CLOROQUINA

O termo representa bem nossa tentação em acreditar em uma bala de prata para todos os nossos problemas.

No final, deixamos de lado o que - de fato - deveríamos fazer. Esse problema, porém, não é exclusivo de agora, vem de décadas. 🧶
Começamos lá trás. A ideia era que o Brasil era pobre porque não possuía indústria. E nada melhor que carros pra preencher esse gargalo.

Em 1953, Getulio Vargas proíbe as importações de veículos. Em 1960, Juscelino Kubitschek trouxe as grandes montadoras para o país.
Fizemos de tudo para apoiar as montadoras. Regime Automotivo Brasileiro, Inovar Auto, Rota 2030. São nomes diferentes para o mesmo fim: privilégios para incentivar essa ideia.

Transferimos dinheiro das pessoas para esse setor na tentativa de gerar riqueza. Claro que não gerou.
Os governos mudaram, mas continuamos vendendo soluções simples para as pessoas.

O lema "exportar é o que importa" e focar em grandes projetos de infraestrutura - por si só - resolveriam todos os problemas do país.

Passaram mais de 60 anos e ainda insistimos em soluções simples.
O auge foi em 2007, com a ideia de Campeãs Nacionais. Bastava investir em setores estratégicos para o Brasil decolar.

No setor de telecomunicações, escolhemos a Oi.
No setor de alimentos, a BRF e JBS.
Em infraestrutura foi a EBX.

É claro que não deu certo, mas custou caro.
Entre 2007 e 2016, foi desembolsado R$ 1,2 trilhão em créditos pelo BNDES para investir nas campeãs nacionais.

Nosso crescimento desde 1980 continua sendo 2% ao ano. Sendo que, de 2010 a 2020 teremos a pior década da história, crescendo 0,5%. Sim, 0,5%.
A verdade é que sempre deixamos flertar com essas balas de pratas. É sedutor, simples e rápido.

Talvez a tentação venha do que vemos nos filmes de onde saiu esse termo. Uma bala de prata é supostamente o único tipo de munição capaz de matar lobisomens e vampiros.
Mas não é uma questão desse ou outro remédio funcionar ou não.

Ainda que alguns achem que a evidência existente seja suficiente pra dizer que funciona (o que eu acho que não) o maior problema está em seguirmos acreditando que ele será a solução dos problemas.
Nessa epidemia, enquanto escolhemos focos nossos esforços na Cloroquina.

- Somos um dos países mais subnotificados.
- Não temos monitoramento algum dos pontos de contágio.
- Deixamos a conta para os setor privado, enquanto o setor público vê seu salário irredutível.
Na economia, vivemos essa síndrome da Cloroquina. Esquecemos, porém, que:

- Nossos subsídios geram distorções absurdas
- As distorções fazem do nosso sistema tributário o mais complexo do mundo.
- Mantemos empresas improdutivas através do protecionalismo.
- Continuamos pobres.
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