Thread by @camisa_oito

"Se não fosse a Elza, o Mané tinha morrido há muito tempo"

Elza Soares foi casada com o histórico jogador Mané Garrincha por 16 anos. Passou por muitos momentos complicados ao lado dele - acusada de roubar o homem de outra, teve a casa apedrejada, foi agredida fisicamente.

Sua história com Garrincha começou em 62, e foi a Copa do Mundo que os aproximou. Elza foi, junto com outros artistas, fazer um show na concentração da Seleção. Ele já era festejado no Brasil como um grandíssimo jogador. Ela ainda estava no início da carreira.

No mesmo ano em que Mané foi o craque do Brasil na conquista do bicampeonato mundial, eles ficaram juntos. Mané era casado. Quando assumiram o relacionamento, 1 ano depois, Elza foi massacrada: se tornou a amante que destruiu uma família. Mesmo assim, permaneceram juntos.

Elza foi uma das motivações de Garrincha na Copa de 62. Elza revelou em entrevista o que ele lhe disse:

"Ele me prometeu: 'olha criola, essa Copa eu vou dar pra você, vou fazer gol pra você'".

Quatro anos depois, em 1966, se casaram oficialmente.

Mané ainda teria alguns anos de carreira. E se os torcedores puderam continuar a vê-lo driblar em campo, foi muito com a ajuda dela. Quando ele machucou o joelho, Elza pagou a operação e o ajudou no pós-operatório. Isso o permitiu jogar por mais 6 anos, até 1972.

Antes da aposentadoria de Garrincha, os dois passaram por um atentado durante a Ditadura Militar. Em 1969, a casa dos dois foi metralhadora e eles tiveram que deixar o país. Partiram para a Itália imediatamente. Elza era o alvo do ataque por ser considerada de esquerda.

Garrincha bebia muito, era alcoolista. Era Elza quem mais sofria com isso. Quando bebia, ficava violento e a agredida fisicamente. Já perdeu dentes e a mãe em um acidente de carro em que ele dirigia bêbado. Chegou a ir nos bares da cidade pedindo para que não lhe dessem bebida.

Muitos jogadores colegas de Mané criticavam e xingavam Elza, acusando-a de não deixá-lo se divertir. Tiveram um filho no meio disso tudo, o Juninho. Elza amava Garrincha, que ele era uma ótima pessoa, alegre e companheiro quando sóbrio. Se agarrou a isso por muito tempo.

As coisas não melhoraram e ela não aguentou mais. Se separou em 1982 e não quis receber um centavo de pensão para ela própria, apenas para o filho, que ainda era criança. Um ano depois, Mané morreu de cirrose. O baque foi grande. Ela ainda gostava muito dele.

Como se não bastasse, Elza viu o filho Juninho falecer aos 9 anos, também em um acidente de carro. A partir daquele momento só tinha as memórias de Mané. "Ele era o médico e o monstro", lembra de como ele se transformava quando bebia.

Com o passar dos anos, Elza retomou a carreira, se reinventou e seguiu lembrando do Garrincha. "Eu sonho muito com o Mané. O maior amor da minha vida foi ele", ela disse em entrevista recente em um programa da Globo. Por outro lado, gravou uma música falando de violência.

"Cadê meu celular, eu vou ligar pro 180
Vou entregar teu nome
E explicar meu endereço
[...]
Cê vai se arrepender de levantar a mão pra mim"

Maria da Vila Matilde