Uma empresa e um meio de produção capitalista não são a mesma coisa. Muitas das nossas "empresinhas" (como diria Paulo Guedes) são isso mesmo: empresas não-capitalistas, mesmo que o dono pense ser um capitalista, aja como um, seja escroto, mas ele não é...(1/5).
E eu estou falando de empresas com CNPJ real mesmo, algumas até com trabalhadores. Não são. Por exemplo, eu, sócio de uma editora e poderia dizer que eu sou um trabalhador informal de livrarias gigantescas, ou de plataformas de venda virtuais, mas não é o caso (2/5).
O que eu sou é isso mesmo: um micro-empresário que está condicionado aos humores, aí, sim da propriedade capitalista brasileira -- e redes de livrarias sequer podem ser chamadas de parte do "grande capital". Grande capital dá bilhão, companheiros (3/5).
Nesse sentido, nada mais capitalista do que deixar as "empresinhas" quebrarem como quer Paulo Guedes. Isso gera menos concorrência para o capital e mais gente procurando emprego, aí sim, no grande capital, jogando os salários para baixo e, a priori, os lucros pra cima (4/5).
Só que o caldo de apoio de Bolsonaro é essa figura: o médio e pequeno-empresário que jura ser "o capitalista" e vê Bolsonaro como seu defensor. Esse vai ser o primeiro a ser jantado. Alerta de spoiler: os pobres sofrem, mas aguentam o tranco, a classe média não (5/5).
P.S.: Para o bem ou para mal, a classe trabalhadora aguenta o tranco. Para o mal, porque ela pode ser mais tolerante do que deveria. Para o bem, porque ela aguenta. As classes médias tradicionais do sul-sudeste não conhecem a pobreza há gerações, logo...ela vai estourar. Mesmo.
"...elas vão estourar".
