Thread by @claudio_couto

A discussão sobre a banalidade do mal no governo BolsoNero, que teve lugar nos últimos dias, parece ter tido um problema de foco.
A banalidade do mal não concerne só a ser membro de um governo que perpetra barbaridades, mas de ser cúmplice - especificamente - das barbaridades.
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Desse modo, os servidores públicos de um modo geral, que seguem fazendo seu trabalho diligentemente, não podem ser considerados parte dos que banalizam o mal. Mesmo porque, o Estado precisa continuar funcionando para nos prover serviços básicos, independentemente do governante.
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A coisa se complexifica na medida em que sobe na hierarquia governamental e sai da dimensão puramente burocrática para adentrar à política - mas não só.
Por dimensão burocrática entenda-se não apenas ser um servidor comum, mas dar seguimento a atividades corriqueiras e normais.
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Barbaridades cometidas sob justificativa de que só se cumpre ordens, ou se segue rotina burocrática, correspondem a banalizar o mal. Fazer o que substantivamente se faz em qualquer governo, independentemente de sua orientação política, não implica tal banalização, nem o mal.
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Assim, mesmo em altas hierarquias governamentais, fazer o aceitável em qualquer governo normal não implica banalizar o mal. E o aceitável inclui decidir e implementar políticas discutíveis, controversas ou equivocadas, mas não necessariamente moralmente más. É democracia isso.
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Logo, indivíduos com responsabilidade política decisória não são cúmplices do mal por, apenas, integrarem um governo pérfido, se o que substantivamente fazem não for mau. Porém, talvez sejam cúmplices desse governo ao coonestá-lo, legitimando o que não merecia sê-lo.
Porém..
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Alguns indivíduos talvez sejam, em meio à barbárie, aqueles capazes de evitar o pior. De certo modo, são traidores da maldade do governo que integram, ao fazer - pelo menos - o razoável. Não teria sido o caso de Mandetta na Saúde? Ou de Santos Cruz? Ou de Mansueto?
Não é simples.