Thread by @josenalencar

Tipos de adeptos/prescritores da hidroxicloroquina, do mais esperto ao mais ingênuo.

1. Políticos: usam de técnicas baratas para ludibriar com entrega de esmolas/placebos para pessoas sem instrução, criando uma imagem de herói. Parece com algo que criticamos? Populismo talvez?

2. Sites de pré-print (medRxiv, etc): publicam qualquer estudo que chegue ao seu site, sem nenhum tipo de filtro. Muitas das pesquisas contidas lá são de tão má qualidade que nunca chegam a ser publicadas (na verdade, em média, 42% dos pré-prints chegam a ser mesmo publicados).

3. Pesquisadores mal intencionados: publicar sobre COVID é mina de ouro. Receita fácil de sucesso, medido através das citações. Quanto mais citações, mais artigos, mais congressos, mais publicidade. Não precisa ter qualidade, basta publicar qualquer coisa com apelo popular.

4. Médicos que entendem de evidências: esses, por viés político ou vontade de ser falso-herói, estão torturando os números. Se unem em lives para falar seletivamente apenas daquilo que os convém. Sabem que a opinião deles não ganha jogo, mas usam dos seus títulos para iludir.

5. Médicos e/ou oportunistas: esses não fazem ideia do que estão fazendo, mas viram nessa história uma ótima oportunidade para a) lotar seu consultório, b) ganhar popularidade, c) ser bem votado na próxima eleição.

6. Médico que não sabe evidência: pelo "viés da omissão” e pouco conhecimento de epidemiologia, esse médico pensa que não dar nenhum remédio é igual a não tratar. Esse tipo usa o argumento "você não daria para a sua mãe?”, como se fosse uma pergunta difícil. Acredita em lives.

7. Fanáticos políticos: esses estão tentando defender com unhas e dentes os seus ídolos, mesmo que isso signifique pisar em princípios éticos básicos. Não se importam nenhum pouco com fatos e evidências, só repetem como papagaios as coisas que ouviram de outros fanáticos.

8. Leigo iludido: no meio desta guerra de informações, fica o leigo, coitado, que pensa que a cloroquina está curando COVID e que o político da sua cidade está tentando salvá-lo, enquanto o da cidade vizinha é um genocida sem coração. Está carente de verdades num mar de mentiras.

Uma pessoa pode ser de classes diferentes. Por exemplo, a maioria dos médicos que entendem de evidências e são adeptos da cloroquina o fazem por fanatismo político. Outro médico pode ser oportunista e fanático ao mesmo tempo. Assim segue.

Você pergunta: quem perde com isso? O iludido que vai tomar um placebo? Não só esse. Na verdade, a ÉTICA perde:
- Seguimos perdendo tempo e dinheiro estudando e falando sobre um anti-malárico. Para vírus.
- Seguimos destruindo as bases éticas e filosóficas do cuidar em Medicina.