Thread by @thiagoavilabr

#Desabafo
Todos os dias vem alguém me marcar em posts de gente atacando ou provocando a construção ecossocialista ou o próprio Subverta ou os projetos do Bem Viver.

Na lógica da treta da internet, ficam pedindo uma resposta minha, então vim quebrar o silêncio. (segue o fio)

A crise de práxis da esquerda é algo que atinge pesado e de modo geral.

Falta de enraizamento, lógica predatória, falta de ações concretas, falta de capacidade de diálogo, falta de um programa construído "à quente", foco excessivo institucional e tantas outras coisas... +

Vencer esse processo requer uma profunda capacidade de autocrítica sincera, disposição para romper com péssimos hábitos e coragem pra fazer O QUE PRECISA SER FEITO, considerando sempre o senso de urgência da soma de todas as crises e do desastre ambiental planetário. +

Pra construir uma sociedade livre da exploração, de todas as opressões e da destruição do planeta e fazer uma Revolução que acabe de vez com esses grandes males (portanto, Ecossocialista) é necessário construir uma nova maioria social.

Não tem atalho, ñ tem maquiagem pra isso +

A tarefa de construir essa nova maioria social envolve um monte de trabalho praticamente invisível no curto prazo pra lógica de lacração de redes, pra comunicação eleitoral(eleitoreira) e pra a agitação autoproclamatória da disputa predatória da esquerda.

Por isso não o fazem +

A militância revolucionária de verdade que não quebrou mentalmente na pandemia tá toda acumulada de tarefas até o limite.

Os dias não têm horas suficientes, as semanas têm dias suficientes e tampouco os meses têm semanas suficientes pra quantidade de coisas que a gente faz +

Toda vez que alguém me marca numa postagem de alguém com essa conduta de ataques, de demarcação predatória nesse período e perguntando "o que eu tenho a dizer sobre isso", eu imediatamente penso quatro coisas, que enfim resolvi partilhar aqui +

A primeira coisa que eu me pergunto é: "caraca, onde essa pessoa arruma tempo pra isso?"

Entre todos os imensos desafios de sobrevivência desse período a quantidade de ações militantes pra enfrentar essa batalha imensa não têm sobrado tempo sequer pra respirar... +

A segunda coisa que vem é aquele sentimento de lamento de ver pessoas que escolheram a infeliz caminhada "militante" de crescer apenas na polêmica com outras pessoas e grupos, ao invés de realizar um trabalho próprio.

Poucos caminhos me parecem mais tristes que esse... +

A terceira coisa que penso é: será que essas pessoas não entendem que crescer na desconstrução dura pouco?

Dá até pra enganar alguém desavisado que chega, mas rapidamente a pessoa que quer transformar o mundo passa a se perguntar o que essa organização realmente faz... +

E a quarta coisa que fico pensando é o que precisamos fazer pra que essas pessoas mudem essa conduta?

Pra que se preocupem em disputar menos ENTRE a esquerda e se preocupar + em novas pessoas PRA política e PRA esquerda no geral num país que não temos maioria social? +

Pensar essas 4 coisas me lembram que nem tudo que é o hábito na esquerda a gente deve fazer e se engajar.

Esse hábito da disputa mesquinha é um desses casos. E essa conduta predatória na esquerda só desaparecerá a partir do exemplo e de uma cultura coletiva construtiva. +

Você pode ajudar muito ao não dar audiência a esse tipo de coisa, pois audiência é o que buscam.

E toda vez que verem um ataque de alguém se perguntem se essa conduta de desconstrução está equilibrada com a postura construtiva de algo em algum lugar na vida real. +

Questionem o que suas referências estão fazendo DE VERDADE na pandemia, para além da agitação de redes (lacrar ñ é tudo)

Se for um militante, pergunte que trabalho real, de mão na massa, no Brasil real ele tem feito. E o que ele faria melhor do que a conduta que está atacando. +

Se for uma organização tendo essa conduta (ainda + lamentável), questione que trabalho real estão fazendo nas cidades, no campo e nas florestas nesse momento tão crítico, e qual sua estratégia de curto, médio e longo prazo pra uma Revolução!

Essa resposta faz TODA a diferença. +

Vejo o tempo todo aqui e em outras redes condutas muito ruins.

De naturalização de autoritarismo inaceitável, produtivismo inviável à vida, masculinidade tóxica, ataques mesquinhos e um desespero muito grande para crescer sem pensar no trabalho estratégico que isso demanda. +

Crescer em referência, em construção social enraizada, em processos militantes é CONSEQUÊNCIA de uma ação bem organizada, bem orientada estrategicamente e inspiradora o suficiente para tirar as pessoas do imobilismo desses tempos.

Crescer não é o fim em si. Não tem atalho. +

Há um país continental habitado por 212 milhões de pessoas repleto de exploração, opressões e destruição da Natureza que precisamos transformar.

Agradeço a quem me avisa dos ataques, mas se engajar nessa espiral predatória não pode a prioridade (é triste que seja a de alguém) +

Força pra gente vencer a crise de práxis da esquerda e construir uma nova maioria social fazendo as resistências do nosso tempo, se enraizando territorialmente e juntando cidades, campo e florestas numa grande mobilização em torno do Bem Viver!

Precisamos muito! Bom domingo! <3