Já pensou em como pessoas cegas estudam astronomia? Wanda Díaz-Merced é uma astrônoma cega que desenvolveu o método da Sonificação na astronomia.
Wanda Díaz-Merced nasceu em 1982, Guarabo, Porto-Rico, e desde pequena era apaixonada com ciência. Ingressou na Universidade de Porto Rico e, bem no começo, foi surpreendida com uma doença inesperada: Retinopatia diabética, responsável pelo início da sua perda de visão.
Diante desse desafio, e com apenas 19 anos, foi confrontada por uma decisão que mudaria sua vida: largar a faculdade ou continuar mesmo assim.
"Era minha única chance de conseguir realizar meu sonho de ser astrônoma. Em 1999, um orientador vocacional me recomendou desistir, mas eu não conseguia parar de pensar que podia ser útil.” afirmou em entrevista.
As dificuldades começaram quase de imediato, ela precisou de seis anos para concluir a graduação de Matemática e Física devido aos materiais que não eram adaptados para pessoas com deficiência visual.
“Eu não conseguia ver bem e não entendia nada durante as aulas. A transmissão de conteúdo não era acessível. Eu não via o que escreviam no quadro e não tinha acesso aos livros.”
Em 2005, estagiava no Centro de Voos Espaciais Goddard da NASA e trabalhou com o heliofísico Robert Candey que a incentivou a estudar e desenvolver métodos de acessibilidade para pessoas com visão limitada e interessadas em astronomia.
Concluiu seu doutorado em 2013 na University of Glasgow provando que o software que desenvolveu era útil tanto para pessoas cegas quanto para as demais.
O método utilizado é chamado de Sonificação, ele transforma dados (como brilho, radiação, posição de estrelas e de diversos astros) em gráficos, para pessoas não cegas, e em sons que variam de ritmo e intensidade.
Créditos do vídeo: Hubble NASA
Créditos do vídeo: Hubble NASA
Um exemplo mais comum de Sonificação, muito visto em séries, como Dark, é o contador de Geiger, usado para medir radiação, além de avaliar numericamente, ele emite sons que se intensificam a medida que a radiação aumenta.
Drª Díaz-Merced palestrou no TED talk, série de conferências diversas com o intuito de disseminar ideias, em 2016, sua palestra, “Como uma astrônoma cega encontrou uma forma de ouvir as estrelas”, se tornou umas das mais acessadas no ramo da astronomia.
Ela conta das dificuldades que teve em seu caminho e afirma “Negligenciando os sentidos além da visão, os astrônomos estão perdendo muitas descobertas”. 
Trabalhou um tempo no Observatório Astronômico da África do Sul no Departamento de Desenvolvimento com técnicas para a acessibilidade das pessoas com deficiências visuais, enquanto alguns países diziam que seus estudos eram irrelevantes porque não haviam cientistas cegos na área.
Este ano, Drª Díaz-Merced aceitou uma proposta na Universidade do Colorado em Boulder para fazer pesquisas de acessibilidade, sempre em busca da inclusão na astronomia.
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