Thread by @obrunopet

FLA 1x1 BOT
O Botafogo vinha de vitória com um bom desempenho contra o excelente Atlético-MG de Sampaoli. O Fla havia empatado com o Grêmio e entrava pressionado para mostrar alguma evolução das más partidas recentes. Vamos de fio para entender como foi o jogo taticamente...

Diferente das duas partidas anteriores, Domènec não entrou no 4-4-2 aos moldes de seu antecessor. O catalão volta a fazer mudanças estruturais no time desde o início. Saca Gérson e Arrascaeta, sai do 4-4-2 e entra no 4-3-3 com Diego e Pedro Rocha.

No meio-campo do Fla, uma trinca com Arão por trás dos dois meias, Diego e É. Ribeiro. No trio de ataque, Gabigol iniciou aberto na direita, Pedro Rocha pela esquerda e BH fazia o comando de ataque.

A ideia era construir triângulos pelos lados do campo. Na direita, Gabi se juntava a ER7 e Matheusinho. Na esquerda, Pedro Rocha teve a ajuda de Filipe Luís e Diego.

Paulo Autuori fez bem o dever de casa e percebeu que o Fla está tendo muita dificuldade de encontrar espaços em defesas bem postadas e se defendendo em bloco médio/baixo. Com isso, montou uma linha defensiva com 5 defensores e uma de 4 à frente, ficando num 5-4-1.

A ideia de Autuori era negar qualquer tipo de espaço pelo meio. Deixou o Fla jogar pelos lados e impedia qualquer tentativa de construção por dentro. Mesmo a linha de 5 defensores não se alargava em toda a amplitude do campo, visando diminuir ao máximo os espaços no centro.

E assim as ideias de jogo ficaram bem claros desde o início. O Fla queria ter a posse e construir as jogadas desde trás. O Botafogo se armou pra roubar a bola quando ele chega no meio e contra-atacar com muita velocidade.

Nos primeiros 30 minutos o Fla controlou bem a posse e, principalmente pelo lado esquerdo com Pedro Rocha, Filipe Luís e Diego conseguia construir algumas jogadas. Aliás, a excelente partida de Pedro Rocha expõe ainda mais o baixo nível técnico atual de Gabigol e BH.

Nos últimos 15 minutos o Botafogo acertou mais a marcação e conseguiu roubar mais bolas no meio. E isso escancarou a péssima transição defensiva do Flamengo. A pressão pós-perda que era magistralmente feita com JJ, não tem nem de perto a mesma eficiência.

No futebol, todas as etapas do jogo são interdependentes. Ou seja, a forma como você ataca, condiciona a forma como você se defende. E quando Domè muda a forma como os jogadores se posicionam quando o time está atacando, isso afeta diretamente a transição defensiva.

E os jogadores parecem bastante perdidos nessa transição. Para onde correr? Subo pra pressionar? Pressiono o portador da bola ou fecho a linha de passe? Volto pra recompor? Essas são algumas dúvidas que parecem pairar a cabeça dos jogadores do Fla.

Quando o Fla tentava fazer a pressão pós-perda, fazia mal e com poucos jogadores. Assim, com 2 ou 3 passes o Bota saía da pressão e encontrava uma avenida pra correr. Num desses contra-ataques inclusive, Luis Henrique perde gol debaixo da trave.

Na volta do 2T Domè muda as posições dos homens de frente. P. Rocha vai pra direita, Gabi pro centro e BH pra esquerda. A ideia era aproveitar com BH a péssima partida de Kevin, que havia perdido quase todas para P. Rocha no 1T.

Mas se o jogo no 1T foi até certo ponto interessante, no 2T foi bem ruim. O Fla era lento e modorrento. O Bota abdicava de atacar. BH não rendeu a mesma coisa que P. Rocha no lado esquerdo e o setor onde o Fla criava as melhores chances se perdeu.

Pela direita, Pedro Rocha caiu de rendimento e esse lado continuou sendo o lado fraco do Fla.

Aos 12’, Autuori muda o esquema. Tira Foster, desfaz a linha de 5 e coloca Pedro Raul pra fazer dupla de ataque com M. Babi.

Muito provavelmente queria que o Botafogo segurasse um pouco mais a bola no ataque, aproveitando os pivôs da dupla de ataque. Domè só foi mexer aos 20’, trocando 6 por meia-dúzia tirando P. Rocha e colocando Vitinho.

O jogo se arrastava e parecia ficar modorrento até o final. Mas aos 25’, Domè saca Diego e entra com Thiago Maia e o volante muda a cara do jogo. Se apresenta e dá muito mais velocidade a troca de passes do Fla. A dinâmica ofensiva acelera e o Fla cresce no jogo.

Só que de novo o Fla esbarrava nos erros técnicos no terço final. Se no jogo posicional o terço final é onde o jogador tem liberdade para se movimentar, gerar espaços e fazer desmarques de ruptura, os jogadores do Fla não tinham coordenação para fazê-lo com eficiência.

Quando o 0x0 parecia certo, os acréscimos deram espaço para alguma emoção. Golaço de Pedro Raúl em jogada de bola parada e gol de pênalti (bem assinalado) de Gabigol. O empate é bom para o Botafogo que faz 4 pontos contra CAM e FLA em sequência.

Para o Fla, o empate é péssimo. A expectativa de evolução no próximo jogo cresce e muito. Afinal, Domè terá pela primeira vez desde sua contratação semana livre para treinamentos. A ver como a semana livre será aproveitada.