Thread by @obrunopet

SAN 0x1 FLA

Pelo lado do Fla, um Domè buscando apresentar um time taticamente mais organizado após ter sua primeira semana livre desde que chegou ao Brasil. Pelo lado do Santos, um Cuca em início de trabalho e utilizando o melhor do Santos versão 2019. Vamos de fio.

Pela segunda partida consecutiva, Domènec inicia o jogo no 4-3-3. Só que com algumas mudanças em relação ao último jogo, principalmente no meio-campo. Arão deu vaga a Thiago Maia, É. Ribeiro a Arrascaeta e Gérson voltou ao time titular.

Só que diferente do que muitos pensavam, Maia não jogou como 1º volante. Esse papel foi desempenhado por Gérson, enquanto Maia jogou mais avançado. E isso não foi nenhuma novidade, já que no jogo anterior vs Botafogo, Maia entrou justamente nessa posição no 2T e jogou muito bem.

Com Gérson mais recuado e até fazendo saída de 3 algumas vezes, Domè imaginou que teria mais qualidade na saída de bola. E isso é verdade. Só que a pressão alta do Santos estava bem organizada e encaixada e o Fla se via obrigado a dar chutões com mais frequência do que gostaria.

O Santos de Cuca, também postado no 4-3-3, conseguia encontrar com certeza facilidade os pontas Marinho e Soteldo no mano-a-mano com os laterais, principalmente com Marinho, e assim conseguiu criar algumas chances perigo.

Acontece que o Fla chegou até a tentar fazer a pressão alta quando perdia a bola, mas o fez de forma bastante desorganizada. O Santos conseguia facilmente encontrar linhas de passe, sair da pressão e com viradas de jogo longas encontrar Marinho e Soteldo no 1x1.

Me parece que Domè está modificando a forma que o Fla faz a pressão alta. Ao invés de uma pressão intensa ao portador da bola, como era na época de Jorge Jesus, os jogadores agora tem que buscar fechar as linhas de passe.

A mudança é sútil, mas é o suficiente para gerar confusão. Se essa pressão alta é feita de forma desorganizada e descoordenada, fica fácil para o adversário sair da pressão e encontrar espaço pra progredir. Domè e jogadores ainda precisam se entender nesse quesito.

Mas a desorganização do sistema defensivo do Fla não parava por ai. Se estendia para além da transição defensiva, permanecendo no momento defensivo como um todo. A ideia de Domè era tentar dobrar a marcação nos pontas do Santos e evitar que eles ficassem no 1x1.

O Fla montou um sistema defensivo no 4-1-4-1 em que Gérson era quem tentava fazer essa dobra na marcação. Só que ele era responsável por fazer isso dos dois lados e isso gerou espaços na zona central.

Usando esses espaços o Santos conseguia virar rápido o jogo e encontrava o ponta do outro lado no 1x1. A bola atravessa o campo mais rápido do que Gérson conseguia acompanhar.

O jogo era bom, parecia que seria uma partida bastante interessante em diversos aspectos, até que aos 15’ o VAR entra em ação. E não vou criticar aqui as decisões do VAR, que aliás foram todas acertadas. Mas a demora na resolução dos lances é no mínimo patética.

Em um espaço de tempo de 10 min o jogo ficou parado por quase 8 MINUTOS (!). E isso matou completamente o ritmo da partida. Os jogadores começaram a ficar de cabeça mais quente, nervosos, o jogo ficou mais picotado e por consequência decaiu de qualidade.

Ainda assim, o Santos continuava construindo suas melhores oportunidades girando o jogo com lançamentos mais longos até achar seus pontas no 1x1 e o Fla utilizava transições ofensivas velozes de passes curtos, explorando a velocidade do trio de ataque. E assim sai o gol do Fla.

Os dois times voltam para o 2T sem alterações, mas o Santos foi quem voltou mais dominante. A bola não saía do terço defensivo do Flamengo. Se aproveitando da má posicionada linha defensiva de meio-campo do Fla, o Santos alugava o terço de ataque.

Quando perdia a bola, o Santos pressionava forte e com intensidade e forçava o chutão do Flamengo.

Percebendo isso, aos 20’ Domè muda 3 peças numa tacada só e reorganiza o meio-campo, sobretudo defensivamente. Arão entra na vaga de Gérson, ER7 na de BH e Isla na de Renê.

Nesse momento, o Fla organizou suas linhas e ficou bem mais claro o sistema defensivo posicionado no 4-1-4-1. Os espaços na zona central não existiam mais e o Santos não conseguia mais encontrar seus pontas no 1x1. Aliás, o Santos não conseguiu criar mais nada a partir daí.

Para isso, o Fla não teve vergonha de se defender em bloco mais baixo e machucar o Santos apenas nos contra-ataques. O Fla atraía o Santos, esperava o erro, roubava a bola e saia com muita velocidade. Criou assim 2 excelentes chances perdidas incrivelmente por Gabigol.

Cuca tentou oxigenar o meio-campo e dar mais qualidade no passe colocando Jean Mota e Lucas Braga, mas não foi o suficiente.

Aos 30, Gabigol se machuca e sai. Domè abre mão do contra-ataque e opta por colocar Diego. A ideia era manter a posse e, portanto, assegurar o resultado. O jogo ficou feio, mas até que deu certo. Se o Fla parou de criar chances no contra-ataque, o Santos tão pouco gerava perigo.

No final das contas, apesar de não ter sido uma excelente partida do Flamengo, alguns pontos positivos podem e devem ser considerados:

1. A escolha polêmica de Domè na escalação se mostrou eficiente e Renê, improvisado na lateral-direta, segurou bem as investidas de Soteldo.

2. Fisicamente, o Fla se apresentou bem melhor que nas últimas partidas. Os problemas na transição e no sistema defensivo ainda existem, mas algumas modificações no 2T talvez tenha mostrado o caminho das pedras à Domè.

3. Isla mostrou que pode ser extremamente útil. Apoiou bastante dando opção como amplitude pelo lado direito, buscando a linha de fundo para dar profundidade no corredor direito, tabelou, cruzou com qualidade e ainda foi bem na marcação do excelente Soteldo.

4. O time de Domè continua criando chances de gol. Michael e Gabigol duas vezes cada um perderam chances incríveis. A fatura poderia ter sido liquidada mais cedo. Apenas 1 gol dentro de um xG (gols esperados) de 2,13. Só que dessa vez os gols perdidos não fizeram falta. Dessa vez