BAH 3x5 FLA
O Bahia precisava se recuperar de um péssimo início de campeonato e veio no 4-2-3-1 padrão de Roger. O Fla de Domè surpreendeu e quando todos esperavam o mesmo 4-3-3 de jogos anteriores, mudou o esquema e espelhou o 4-2-3-1 do Bahia. Vamos de fio analisando o jogo.
O Bahia precisava se recuperar de um péssimo início de campeonato e veio no 4-2-3-1 padrão de Roger. O Fla de Domè surpreendeu e quando todos esperavam o mesmo 4-3-3 de jogos anteriores, mudou o esquema e espelhou o 4-2-3-1 do Bahia. Vamos de fio analisando o jogo.
O 4-2-3-1 do Bahia já é conhecido, uma vez que é o esquema padrão do Roger na temporada 2020. Na linha de 3 meias, Rodriguinho tem espaço pra flutuar nas costas de Gilberto e os meias pelos lados explorando muita a velocidade, sobretudo Rossi pela direita.
Já o 4-2-3-1 de Domènec trouxe algumas novidades. Primeiro o esquema por si só, que já é uma novidade. Talvez tenha sido a primeira vez que Domè usa esse esquema. No meio, Arão e T. Maia jogaram em mesma altura fazendo a linha de 2 volantes.
Maia tinha mais liberdade pra subir a marcação quando o Fla ligava o gatilho de pressão alta, mas recompunha com bastante intensidade se a pressão fosse quebrada. Já Arão fez função bem parecida com a que fazia em 2019, participando ativamente da saída junto aos zagueiros.
Na linha de 3 do meio, Arrascaeta jogou centralizado, P. Rocha pela esquerda e É. Ribeiro pela direita. A diferença para as outras partidas é que esses três caras tiveram muito mais liberdade pra centralizar e se agruparem no setor da bola.
Se no 4-3-3 o Fla ataca com os laterais por dentro e os pontas por fora dando amplitude máxima, no 4-2-3-1 os extremos buscaram centralizar mais. A amplitude não era constante e quando acontecia, se dava com ultrapassagens dos laterais, sobretudo do Isla pela direita.
Isso fez com que as tabelas e triangulações saíssem com muita naturalidade. O Fla entrava no meio da defesa do Bahia como queria. Esses 3 caras do meio junto com o Pedro tiveram conexão e coordenação fantásticas e as chances foram naturalmente sendo criadas.
O terceiro gol do Fla exemplifica essa coordenação perfeitamente. Meias agrupados, triangulando, Pedro participando, tabela sensacional de Isla com É. Ribeiro e gol de Arrascaeta. Uma pintura.
Somada a toda essa conexão e coordenação, tinha a imensa dificuldade do sistema defensivo do Bahia de fechar os espaços e controlar a profundidade. Danielzinho parecia completamente perdido como volante e a linha defensiva estava atordoada com as movimentações do ataque do Fla.
Aliás, um dos maiores problemas do Fla nos jogos anteriores era justamente não conseguir incomodar a última linha de defesa adversária. Se os atacantes não fazem o facão nas costas dos zagueiros e se os meias não infiltram e geram linhas de passe, fica difícil penetrar.
Contra o Bahia, Pedro, P. Rocha e Arrascaeta incomodaram essa linha o tempo inteiro. As linhas de passe sempre existiam e os desmarques de ruptura (vulgo, facão) acontecia o tempo inteiro.
Nas poucas vezes que conseguia atacar, o tricolor tentava forçar o jogo mais pelo lado direito com a dobradinha entre Rossi e Nino Paraíba. Inclusive o primeiro gol sai justamente por esse lado, em bom cruzamento do Nino para um Rodriguinho livre entre as linhas de defesa do Fla.
O time baiano se aproveitava da confusa recomposição da linha defensiva de meio-campo do Fla, em que T. Maia e Arão pareciam ter a linha de 4 como referência e É. Ribeiro e P. Rocha demoravam a recompor. Assim, a linha defensiva deixava muitos espaços pelos lados.
No segundo tempo, apesar de um ritmo um pouco mais baixo, as equipes se mantiveram com a mesma postura. O Fla continuava criando muito e com menos de 10 minutos já tinha aberto vantagem de 3 gols com placar em 5x2.
O Bahia tentou ocupar mais o ataque, mas o Fla manteve o controle do ritmo do jogo. E quando recuperava a bola, saia pro contra-ataque na boa e sempre com muita gente. Aliás, segunda partida consecutiva que a gente vê o Fla armar muito bem seus contra-golpes. Mérito do Domè.
Com 20 min do 2T o Fla começa a perder mais intensidade, sobretudo na recomposição defensiva e Domè resolve mudar. Diego entra na vaga de Maia e Michael na de Pedro Rocha. O 4-2-3-1 se mantém, mas o time renova o fôlego no meio.
Roger vai pelo mesmo caminho, oxigena o time e troca duas peças. Não adianta. 10 minutos depois, muda mais 3 jogadores, trocando praticamente todos os homens de frente que iniciaram a partida, com exceção de Élber.
Quando o jogo caminhava para o fim, com controle total por parte do Flamengo, Domè faz mais 3 substituições e muda o esquema. Sai do 4-2-3-1 e vai para o 4-4-2. A linha defensiva de meio fica mais clara e protegida com ER7, Arão, Diego e Michael.
A novidade foi a “estréia” de Vitinho jogando como 2º atacante flutuando atrás do centroavante. Se JJ não o enxergava por ali, Domè entende que ele pode sim render na posição. E eu tendo a concordar com Domè. Vitinho finaliza bem com as duas pernas e ali fica mais próximo do gol.
A evolução do Fla foi clara, sobretudo nas ações ofensivas. O dedo de Domè começa a aparecer. O Fla trocou incríveis 642 passes na partida, 2ª maior marca do campeonato até aqui. De negativo, a recomposição defensiva que ainda carece de intensidade e entendimento dos jogadores.
Individualmente destaco a boa partida de Léo P. que vinha tendo muita dificuldade de adaptação e fazendo partidas bem ruins. Maia cada vez mais se mostrando um excelente box-to-box. E a dobradinha Arrasca + ER7. Domè provou que vê os dois jogandos juntos, sim senhor.
Pelo lado do Bahia, Roger se vê em apuros. 2020 seria a evolução do time reativo para um time mais propositivo. As contratações vieram, mas a evolução não acontece. Além de ter perdido a consistência defensiva do ano passado, o Bahia não consegue propor jogo com qualidade.
