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Sep 21, 2020 26 tweets 6 min read Read on X
🔴 Agora!

A @conectas apresenta, nesse momento, suas contribuições na audiência pública da ADPF 708, ação que questiona o governo federal sobre o (não) funcionamento do #FundoClima.

🧶 No fio, os principais pontos abordados na fala da @julianeiva.

conectas.org/noticias/stf-r…
> A crise climática representa um dos maiores desafios de direitos humanos da presente geração. Relatórios da ONU mostram dados alarmantes envolvendo o mais basilar de todos os direitos: o direito à vida. unenvironment.org/news-and-stori…
> Não é possível falar da crise climática sem relacionar com direitos humanos: estão de fato intrinsecamente relacionados. É preciso reconhecer que os impactos das mudanças climáticas afetam todos. Esses efeitos são sentidos cotidianamente em nossas famílias e comunidades.
> Resoluções aprovadas pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU indicam que os efeitos prejudiciais da mudança climática afetam todos os direitos humanos. ohchr.org/EN/Issues/HRAn…
> Embora todos sofram os impactos das mudanças climáticas, alguns grupos sofrem os impactos mais intensamente do que outros, especialmente em sociedades em que o racismo estrutural é tão presente como no Brasil.
> Os principais grupos afetados por catástrofes socioambientais, naturais ou causadas pelo ser humano são geralmente as populações mais pobres, não brancas, como indígenas, quilombolas, populações negras, com um impacto particular nas mulheres. climaesociedade.org/post/racismo-e…
> Existe uma tendência mundial no âmbito dos litígios climáticos em, cada vez mais, se reconhecer essa estreita ligação entre clima e direitos humanos. lse.ac.uk/granthaminstit…
> Há casos em andamento que reclamam pela obrigação do Estado na tutela dos direitos humanos para mitigar as mudanças climáticas na Irlanda, França, Bélgica, Suécia, Suíça, Alemanha, Estados Unidos, Canadá, Peru e Coreia do Sul.
> O Fundo e a política climática brasileira precisam trazer essa perspectiva e inter-relação com direitos humanos. A política climática e ambiental deve estar conectada com a proteção de direitos humanos. Sua implementação e monitoramento devem incluir grupos e pessoas afetadas.
> A Suprema Corte está atenta a todos esses debates. O Ministro Relator @LRobertoBarroso colendou, em seu despacho, dois litígios climáticos relevantes!
> Também está em andamento, ação similar em que se questiona o funcionamento do Fundo Amazônia, a ADO 60. Em último despacho, em 31/08, a Ministra Rosa Weber citou diversos casos climáticos, demonstrando a importância desses precedentes internacionais.
> No tocante ao ordenamento brasileiro, trata-se de uma oportunidade para esta Suprema Corte reconhecer a obrigação do Estado em implementar as políticas climáticas com base no já consagrado Art. 225 da Constituição Federal.
> Dessa vez, devemos avançar em defesas de uma interpretação constitucional baseada em direitos humanos que nos leve a estabelecer o direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado e climaticamente estável.
> A ideia de segurança climática é cada vez mais articulada no âmbito dos direitos humanos e socioambientais. A dignidade da pessoa passa, necessariamente, por garantir um ambiente que seja seguro em termos climáticos, cabendo ao Estado participar dessa proteção.
> Argumenta-se por um dever de cuidado e proteção do Estado, já estabelecido no Art. 225, que deve ser estendido às questões climáticas.
> Hoje em dia, para garantirmos a dignidade da pessoa humana, é preciso que o Direito e a Justiça reconheçam que só existirá um direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado se existir um correspondente direito fundamental à estabilidade e à segurança climática.
> Trazemos aqui a importância de evidenciar esses pontos ainda mais porque a política ambiental e de proteção de direitos humanos estão sendo desmanteladas. E as perdas e danos climáticos em decorrência da ação humana podem ser irreparáveis, por este motivo é uma questão urgente.
> Em dezembro do ano passado, a Comissão de Meio Ambiente do Senado Federal, apresentou importante relatório demonstrando o desmonte da estrutura governamental associada à implementação da Política Nacional da Mudança do Clima (PNMC). www12.senado.leg.br/noticias/mater…
> Trata-se de possibilidade histórica do STF reconhecer um conjunto de atos comissivos e omissivos lesivos à CF que representam uma situação de retrocesso e de desproteção em matéria climática, por meio do reconhecimento do estado de coisas inconstitucional em matéria ambiental.
> O Poder Público e os sistemas de justiça são capazes de corrigir a injusta distribuição dos impactos adversos da mudança do clima, evitando e combatendo o racismo climático.
> A audiência é a possibilidade também de compreender a emergência das questões climáticas aprendendo a partir de casos paradigmáticos de litígio climático ao redor do mundo, além de ser uma possibilidade na cobrança de revisão e elaboração de novos marcos climáticos.
> O Poder Judiciário pode e deve ser mais ambicioso e inovador em estabelecer instrumentos e obrigações de garantia da sustentabilidade climática como estudos de impacto climático, mecanismos de garantia da justiça intergeracional e a aplicação do princípio da precaução.
> Defende-se ampliar o alcance do Art. 225. Devemos avançar em uma interpretação baseada em direitos humanos que nos leve a estabelecer o direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado e climaticamente estável, garantindo segurança climática às futuras gerações.
> Espera-se que articule instrumentos mais efetivos de governança do Fundo Clima, garantindo, especialmente, participação direta da sociedade civil. As pessoas beneficiárias das políticas climáticas, assim como as ONGs, precisam participar do gerenciamento do Fundo Clima.
> O papel do BNDES também não pode ser ignorado. Mais transparência e garantia de protagonismo para que o BNDES deve ser garantido. O financiamento climático só será efetivo se respeitar direitos humanos.
> Por fim, não se pode esquecer de preceitos fundantes do Estado de Direito que vivemos, como o respeito à legalidade e a necessária cobrança dos atores que não estão cumprindo seus papéis impostos pelo Direito e pela Justiça. É preciso firmeza na responsabilização de infratores.

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Sep 23, 2022
O Comitê de Direitos Humanos da ONU considerou que a Austrália violou os direitos dos habitantes das Ilhas do Estreito de Torres ao não protegê-los das mudanças climáticas. É a decisão climática mais importante já emitida por um mecanismo internacional de direitos humanos! 👇🏽🧶 Image
Os habitantes das ilhas, de nacionalidade australiana, alegaram que a Austrália violou seus direitos à vida, à vida privada/familiar e à identidade cultural, ao não mitigar suas emissões e não protegê-las dos danos climáticos. Em 2019, foi notícia. ciclovivo.com.br/planeta/crise-…
Hoje, o Comitê de Direitos Humanos da ONU, que supervisiona o cumprimento do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, publicou sua decisão. Aqui o link para o comunicado do Comitê, que inclui também a decisão do caso (ainda somente em inglês). ohchr.org/en/press-relea…
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Jun 27, 2022
#climatelitigation #GlobalSouth 👇🏼🧶
Conectas Direitos Humanos, a Brazilian NGO, filed a civil climate action against BNDES (Brazil's Development Bank) and BNDESPar, the bank's investment arm responsible for managing its shareholdings in Brazilian companies held by the bank.
This is the world's climate litigation case against a national development bank!
Although BNDESPar, which is publicly owned, follows an Environmental and Social Policy for Operating in Capital Markets, which bans support for companies with a track record of environmental crimes and modern-day slavery, this policy does not include climate criteria.
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Apr 2, 2022
Bora falar rapidinho de "racismo ambiental"? 👇🏽🧶
O conceito ainda gera muitas dúvidas e vale a pena revisitar a expressão toda vez que vemos casos de calamidades como a que acontece no Rio de Janeiro.
Quer dizer que a natureza é racista? Que loucura é essa, senhor?!
Não. Vamos lá...
Sabe aquele papo que ouvimos desde criança de que o aquecimento global, a poluição, a falta de água e outros problemas ambientais vão afetar todo mundo? De que estamos diante de uma crise planetária e que devemos agir urgentemente?
Então, essa história é verdade, mas...
Read 13 tweets
Nov 8, 2021
#COP26 #COP26Glasgow
Alguns materiais que produzimos aqui na Conectas (@conectas) sobre mudanças climáticas e direitos humanos.
Compartilhem para ajudar a visibilizar o debate ainda mais!
👇🏼
📑 Guia de Litigância Climática
Esta publicação explora as características essenciais do litígio climático e, em linguagem acessível e informativa, discute as possibilidades e estratégias para maior uso do mecanismo no contexto brasileiro.
conectas.org/publicacao/gui…
♻️ Proteger o clima é garantir os direitos humanos (artigo no @JotaInfo)
Embora todos sofram os impactos das mudanças climáticas, alguns grupos sofrem mais intensamente do que outros.
jota.info/opiniao-e-anal…
Read 6 tweets
Oct 25, 2021
Super válido questionar a branquitude do giro decolonial. Agora, em pleno 2021, achar que o debate "decolonial" só gira em torno de figuras como Mignolo e Grosfóguel é desconsiderar toda uma produção que já vem tensionando essas questões há uns dez anos e propondo novos rumos.
Há muito dentro do "decolonial" que, também em razão da geopolítica do conhecimento, não ganha visibilidade. Aqui, estão incluídas tendências e movimentos que, arquitetados por indígenas, mulheres negras e acadêmicos do Sul, não chegam no que chamo de "mainstream do decolonial".
E aí, vejo que se cria um impasse que pode ser melhor pensado se assumirmos, também, os limites epistemológicos que todo campo do conhecimento produz: ele seleciona, ele dita que vai ser lido e quem vai ser entendido como "desobediente epistemicamente".
Read 17 tweets
Oct 20, 2021
O QUE SIGNIFICA >>DESCOLONIZAR<<?
Um pequeno fio. 👇🏾
A ideia é reconfigurar o verbo “descolonizar” no sentido de enquadrá-lo não só à tecnologia jurídico-institucional de independência, mas, também, à emancipação dos imaginários, das subjetividades e, como arquiteta a virada decolonial, a ruptura com as múltiplas colonialidades.
A ideia de descolonizar as “coisas” – leia-se descolonizar tudo que nos rodeia – baseada no fato de que o regime moderno/colonial modificou o mundo e persiste em modificá-lo com seus legados acaba assumindo, assim, conotações diferentes no debate contemporâneo.
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