Se o Flamengo teve o retorno de alguns jogadores importantes no time titular, Eduardo Barros trouxe um CAP praticamente todo reserva. O Athletico não perdia há 6 jogos e até fez bom início de 1T, mas não conseguiu segurar um Fla que cresceu demais na segunda etapa. Segue o fio.
O 4-2-3-1 ganha cada vez mais sequência no Flamengo. Apesar do retorno dos laterais titulares, o Fla não tinha Thiago Maia poupado por desgaste físico. Assim, a dupla de volantes teve Arão e Gérson. Na linha de meias, BH na esquerda, Vitinho na direita e Arrascaeta por dentro.
Do lado do CAP, nomes importantes como Wellington, Erick, Christian e Cittadini foram poupados devido à sequência pesada de jogos e Eduardo Barros trouxe um time bem alternativo. 4-4-2 com losango no meio e destaque para o recém contratado Renato Kayzer no comando de ataque.
Visando poupar o veterano Lucho González, no momento defensivo Carlos Eduardo voltava fechando a segunda linha de 4 pelo lado direito de defesa, deixando Lucho e Kayser mais livres à frente. Jorginho pela esquerda e Alvarado e Richard por dentro completavam essa linha.
O Athletico iniciou a partida subindo o bloco de marcação e fazendo pressão muito intensa na saída de bola do Flamengo. Com menos de 1 minuto de jogo, já haviam forçado um passe errado do goleiro Hugo que resultou em bola na trave.
Nesse lance, a única opção de passe fácil seria Noga. Porém, Hugo é destro e ainda tem dificuldade de jogar com os pés. Soma-se a isso a subida de pressão rápida e inteligente de Kayser e vemos Hugo sem tempo para dominar a bola e conseguir virar o passe em Noga.
Essa pressão alta do CAP era feita por encaixes bem definidos, deixando o Fla com muita dificuldade pra sair jogando por baixo. Carlos Eduardo em Filipe Luís, Jorginho em Isla, Richard em Arão, Alvarado em Gerson e Kayser e Lucho nos zagueiros formavam esses encaixes.
Mas isso não impedia o Fla de continuar tentando, apesar de errar com certa frequência. Só Hugo errou pelo menos 3 passes perigosos e Arão não conseguia receber com tempo pra girar.
Aos 17’, Arão começou a descer entre os zagueiros pra fazer a saída de 3, deixando o Fla em superioridade numérica em relação aos 2 jogadores mais adiantados. E com a perda de intensidade do CAP na pressão alta por volta dos 30’, a saída de bola do Fla começou a ficar mais limpa.
Só que o lado direito de ataque do Flamengo tinha um problema na ocupação de espaços e dificultava a criação das jogadas. Vitinho e Isla se embolavam entre quem deveria ocupar a amplitude e quem deveria ficar mais por dentro no “meio-espaço”.
Lembremos que no jogo posicional o campo é separado em quadrantes e os jogadores precisam estar espalhados nessas “casas” para gerar linhas de passe e a troca de passes fluir. Só que por vezes víamos os dois se embolando na mesma “casa” no corredor, impedindo a fluidez do jogo.
Com essa dinâmica confusa no lado direito ofensivo do Flamengo, com o ritmo do jogo bem baixo e sem muita criatividade de ambas as equipes, o jogo foi se arrastando de forma bem chata e modorrenta até o intervalo.
Até que na volta do 2T, Jordi conserta a dinâmica do lado direito trocando Vitinho por É. Ribeiro. Com ER7, a dinâmica fica mais clara: o meia parte de fora pra dentro, buscando o “meio-espaço” e abrindo o corredor para o lateral, aproveitando o principal ponto forte de Isla.
Nesse mesmo lance de perigo, podemos destacar um outro fator importante: o trabalho de pivô de Pedro. Como ele agrega ao time nesse quesito, dando mais variação de ataque. Qualquer chutão ou lançamento longo na direção de Pedro vira um potencial ataque.
E justamente num desses pivôs surge o primeiro gol. Pedro domina com muita categoria uma bola que vem de uma altura de mais de 15 metros, fazendo a recepção orientada já girando em direção ao gol e tirando um adversário da jogada.
O Fla melhorou demais no 2T e controlava muito bem a partida, abrindo o 2x0 logo depois. O CAP até diminuiu num lance de bola parada, que é aliás um dos pontos fracos desse Flamengo. Os últimos 4 gols sofridos pelo Fla no Brasileirão foram de cruzamentos em bola parada.
Dessa vez, erro individual de Isla. O chileno se deixou levar pela movimentação de Kayser e descolou do posicionamento em linha da defesa, dando condição de jogo ao adversário. Se Isla segura e começa a correr junto com seus companheiros, Kayser fatalmente ficaria em impedimento.
Entretanto, diferente dos jogos anteriores em que sofria gol e perdia o controle mental da partida, o Flamengo manteve a atuação em alto nível e, consequentemente, o controle. Não deixou a peteca cair e não deixou o CAP crescer na partida.
Até que vem o 3º gol para calar a boca dos críticos do jogo posicional. Uma aula de como essa metodologia funciona quando bem aplicada. Construção paciente deste trás, time avançando em bloco, trocas de posição sincronizadas e utilização dos conceitos de homem-livre e 3º homem.
Vale ressaltar a evolução da preparação física do time, que pela primeira vez no campeonato manteve alto nível físico também no segundo tempo. Isso permitiu o time manter a recomposição defensiva organizada até o fim da partida.
Destaco também a atuação dos meninos da zaga, que mesmo com o Fla jogando com a linha defensiva mais alta, mantiveram o bom nível de atuação. Quem achou que os meninos estavam atuando bem apenas por conta das linhas baixas dos jogos anteriores, achou errado.
A dupla controlou muito bem os lançamentos em profundidade e venceu quase todos os duelos aéreos que disputaram (6 de 8). O ponto negativo fica na dificuldade dos meninos em sair jogando por baixo nos minutos em que o CAP fez pressão alta e intensa.
O trabalho de Domènec começa a pegar cada vez mais cara e sequência. O Flamengo já se mostra muito mais organizado, coordenado e sincronizado. Mas longe de se considerar um time pronto. Muita calma nessa hora.
O CAP perde após boa sequência invicta, mas Eduardo Barros não pode se sentir surpreso com o resultado já que a estratégia foi entrar com um time praticamente inteiro reserva. O jovem interino faz trabalho promissor e pode render bons frutos para o clube paranaense.
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QUAL ATACANTE TEM MAIS PODER DE FOGO NO BRASILEIRÃO?
Análise gráfica da relação entre número de finalizações e taxa de conversão dos atacantes pode mostrar algumas conclusões interessantes. Veja como está o atacante do seu time e entenda o gráfico nesse fio.
Perceba que o gráfico tem 4 quadrantes: 1) Superior direito- muita finalização com alta conversão 2) Inferior direito - muita finalização, mas baixa conversão 3) Inferior esquerdo - pouca finalização com baixa conversão 4) Superior esquerdo - pouca finalização, mas alta conversão
No quadrante superior direito temos jogadores que conseguem finalizar bastante e convertem grande parte das chances que tem. É o melhor dos dois mundos e é, portanto, os atacantes de maior destaque no gráfico. São eles: Thiago Galhardo, Pedro, Marinho e R. Kayser.
O Flamengo precisava responder à sapatada que levou do Del Valle na semana passada. Não importa se o time estava recheado de meninos ou se metade do elenco ainda estava fora por COVID. E com uma mudança de estratégia tática e a superação dos meninos, conseguiu. Segue o fio...
O Flamengo ainda estava remendado devido aos casos de COVID no elenco. Alguns jogadores importantes foram relacionados, mas sem condições de iniciar a partida, deram espaço a muitos meninos no 11 inicial. A linha de defesa era toda sub-20: Matheuzinho, Noga, Natan e Ramon.
O 4-2-3-1 foi mantido. A formação começa a tomar forma, padrão e continuidade. Com Gabigol de volta e Pedro também titular, o herói do título da Libertadores 2019 foi jogar na ponta direita. Lincoln repetiu a posição que jogou contra o Palmeiras, ponta esquerda.
Na base Lincoln era considerado diferente. “Centroavante como poucos”, diziam. Hoje com apenas 19 anos e já há 3 anos no elenco profissional, @Lincoln9 paga por ter passado por uma das piores transições base-profissional que o Flamengo já fez. Segue o fio...
Lincoln iniciou sua trajetória no Flamengo em 2011, quando tinha 11 anos de idade. Com 1 ano de clube, aos 12 anos, já fechava seu primeiro contrato de patrocínio com uma fornecedora de material esportivo.
Nessa época já mostrava ser diferenciado e com 13 anos já era convocado para seleção de base e pulou sua primeira etapa, subindo direto para o sub-15. Assim começa sua saga de pular etapas de formação. Mas por que isso pode ser tão prejudicial?
O jogo começou muito antes do juiz apitar. O circo da cartolagem foi criado. O contexto afetou e muito o campo. Ainda assim, podemos tirar algumas ponderações táticas da partida. Quem esperava ver protagonismo do Palmeiras, acabou vendo algo bem diferente. Vamos de fio.
O catadão de garotos do Flamengo foi a campo no 4-2-3-1 já padrão de Domènec. Gérson e T. Maia como volantes, Arrascaeta com muita liberdade na meia central e Pedro como único atacante traziam a única dose de experiência para um Fla praticamente todo sub-20.
A responsabilidade claramente era toda dos donos da casa. O Palmeiras veio completo, sem desfalques. Luxa entrou num 4-4-2 em losango. No meio-campo: Patrick de Paula na base, Zé Rafael e Lucas Lima nos lados e G. Menino como meia mais avançado.
A confusão gerada em torno da realização do jogo PALxFLA criou um contexto bizarro. A cartolagem continua tentando destruir o principal produto do futebol nacional. A força que é feita para que o campeonato perca credibilidade e visibilidade é muito grande. Segue o fio.
É simplesmente impossível falar da partida sem falar desse contexto. O cenário criado pela cartolagem atrapalhou a preparação da partida em todos os aspectos. Jogadores, comissão técnica, arbitragem, logística, emissoras de TV, patrocinadores, público... todos foram prejudicados.
A forma com que o futebol brasileiro é tocado nos bastidores é de um amadorismo bizarro. Em pleno 2020, com a tecnologia evoluindo a passos assustadoramente largos, o tradicionalismo enraizado no futebol brasileiro cega à necessidade por inovação e evolução.
Os fatores extracampo criaram uma atmosfera complicada para o Flamengo. A semana foi intensa. Contra um adversário fraco, teve 30 minutos de amplo domínio, controle e superioridade, mas outros 60' bem complicados. Vamos de fio sobre o jogo.
O Flamengo colecionou desfalques. 7 jogadores fora por COVID, 3 machucados e 1 suspenso. Um time inteiro fora de combate. Dome levou a campo o que tinha de melhor. Juntou quem sobrou. E a verdade é que graças ao excelente elenco, os 11 iniciais ainda foram de muita qualidade.
Dome voltou ao 4-2-3-1 com T. Maia e Arão como dupla de volantes, É. Ribeiro, Arrascaeta e Gérson no trio de meias, sendo o último mais aberto pela esquerda e Pedro no comando do ataque. Na linha de defesa, a dúvida era na lateral-direita.