Thread by @DoutorMaravilha

Outubro Rosa Choque
Para todas as pessoas que têm útero e que têm mama!

Oi, gente! Hoje tem post da Giovana Meinberg, psicóloga, e Maíra Valério, jornalista, ambas da #equipemaravilha! ♥️

Segue a thread e vem com a gente:

Outubro chegou e é tempo de lembrarmos da Campanha Outubro Rosa. Segundo a @OPASOMSBrasil, o câncer de mama é a neoplasia mais frequente entre pessoas com mamas e útero, impactando 2,1 milhões delas a cada ano.

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), mais de 40% dos cânceres em pessoas com mamas e útero estão associados a esses órgãos. O mais comum entre esses é o câncer de mama (29,7%), seguido do de colo do útero (7,5%).

Enquanto as doenças de mama, ovário e corpo do útero são mais comuns entre pessoas acima de 50 anos, segundo o Inca, o câncer do colo do útero é mais frequente entre jovens. Ele é também mais possível de ser prevenido.

Pensando nisso, nós, da #equipemaravilha, decidimos trazer uma conscientização sobre o tema estendida para todas as identidades de gênero (algo que todos os profissionais de saúde deveriam levar em consideração).

A prevenção ao câncer de mama, que agora inclui também a prevenção ao câncer de colo de útero, nos faz ressaltar algumas informações importantes especialmente para pessoas transexuais e travestis.

Contudo, nosso intuito não é restringir o acesso à saúde de acordo com alterações corporais realizadas ou não, pois a afirmação de gênero independe delas, né? Vamos lá:

- A homens trans com vida sexual ativa e útero recomenda-se avaliação da realização do exame preventivo de colo de útero (“papanicolau”) a partir dos 24 até 65 anos. Mesmo com histerectomia total, deve-se avaliar junto ao/a ginecologista a realização do exame pélvico regular.

Isso porque a infecção persistente de alguns tipos de HPV é uma das principais causas do desenvolvimento do câncer de colo de útero e sua transmissão acontece pelo sexo no contato oral-genital, genital-genital, até manual-genital.

- A vacinação contra HPV está disponível no SUS para meninos trans, que nasceram com útero, entre 9 e 14 anos de idade.

- A homens trans com mamas recomenda-se exame clínico periódico e mamografia após os 40 anos de idade.

- Homens trans que realizaram mastectomia bilateral: o autoexame para identificar qualquer alteração é muito incentivada, pois apesar da retirada das mamas reduzir o risco para o câncer nessa área, não zera por completo as chances do seu desenvolvimento.

- Mulheres trans/travestis que usam hormonização e/ou prótese de silicone tb precisam estar atentas e realizar o autoexame e procurar médico pra fazer com + detalhes, principalmente as últimas. Elas possuem cerca de 47 vezes + chances de desenvolver câncer de mama que homens cis

- Embora seja raro, homens cisgêneros também podem desenvolver câncer de mama (1%).

A saúde das pessoas trans ainda possui entraves como a falta de acesso por questões relacionadas a discriminação nos serviços de saúde (o não respeito ao nome social, ações em saúde mt pautadas no viés “biológico”, falta de preparo ou negação de profissionais a atender LGBTQIA+).

Consequências: pessoas trans/travestis evitam procurar serviços de saúde por medo de sofrer discriminação, frequente automedicação, escassez de dados sobre prevalência do câncer de mama e útero nessa população e sobre condições de saúde em relação ao uso prolongado de hormônios.

De um modo amplo e integral, não podemos esquecer que devemos ouvir e entender o modo como cada pessoa trans e travesti compreende e sabe sobre seu próprio corpo, pois isso é fundamental para garantir a prevenção e cuidado, ok?

Fontes:
Organização Mundial de Saúde - OMS
Instituto Nacional de Câncer - INCA
Associação Nacional de Travestis e Transexuais - ANTRA
Ministério da Saúde - MS
Sociedade Brasileira de Mastologia - SBM