A libido, suas alterações fisiológicas e o transtorno do desejo sexual hipoativo (TDSH).
O impacto da indústria pornográfica, da cultura dos excessos e da autocomparação.
Puxe o fio 👇🏽
Mildred Ratched, me ajuda aqui.
Uma das perguntas que mais recebo neste planetinha inebriado pela cultura pornográfica, pela cultura dos excessos e da autocomparação, é sobre quando a FALTA DE VONTADE de fazer sexo torna-se um problema.
Sim, a libido tem a ver com o desejo, não com ‘ereção’ e está ligada à uma gama extensa de fatores. Pra começar, pode-se dizer que abordar alterações da libido em pessoas com ovários e pessoas com testículos é completamente diferente. Realmente o aparelho hormonal-
reprodutor ‘feminino’ é ainda mais delicado e, histórica e culturalmente, mulheres são expostas à muito mais repressão, estressores, violências e iatrogenias ao longo da vida.
Em resumo, pode-se dizer que o desejo sexual pode naturalmente diminuir ao longo do tempo ou mesmo em
certos períodos. Uso de medicações (antidepressivos principalmente), doenças crônicas (cardíacas, renais), abuso de substâncias, alcoolismo, depressão, ansiedade e alterações hormonais estão entre as principais causas. E, muitas vezes, são várias juntas.
O problema é quando começa a impactar na sua qualidade de vida. Não adianta você querer sentir o mesmo desejo sexual que você talvez sentisse aos 18 anos, não que envelhecer signifique perder a função sexual, mas precisamos entender que até as maneiras de vivenciar nossa
sexualidade e afetividade se transformam.
Não se compare! Tem gente que transa uma vez por mês e tá ótima. Tem gente que transa 3x por dia e está esfolada. Feliz, mas esfolada. Tem pessoas assexuais, que NATURALMENTE não sentem (ou sentem pouco) desejo sexual, seja por homens
ou mulheres, e estão bem também. E não quer dizer que não possam sentir atração afetiva.
Há uma entidade chamada TDSH (transtorno do desejo sexual hipoativo) que é caracterizado como falta ou ausência de fantasias, desejos ou atividades sexuais. Para que isso seja considerado
um ‘distúrbio’, ele deve causar acentuado sofrimento ou dificuldades interpessoais e não ser melhor explicado por outro transtorno mental ou físico, uso de uma substância, legal ou ilegal, alguma outra condição médica ou assexualidade.
Simplesmente ter menos desejo do que o
parceiro não é suficiente para um diagnóstico de TDSH. Um desejo sexual constitucionalmente baixo por si só não equivale ao TDSH.
Existem vários subtipos desse transtorno: falta de desejo em geral (falta total e generalizada de desejo sexual) ou circunstancial (falta seletiva
de desejo sexual, por exemplo, pelo parceiro atual). Esse transtorno pode, também, ser adquirido (iniciado após um período de funcionamento sexual normal) ou congênito (a pessoa sempre teve um baixo desejo sexual ou não chegou a tê-lo de todo).
Ou seja, se você exclui as outras causas, acredita que não é apenas uma alteração fisiológica e se sente incomodado, pode haver sim a possibilidade de haver alguma necessidade de intervenção. Geralmente os tratamentos são a base de psicoterapia, avaliações clínicas e até
uroginecológicas. Então vale a pena procurar ajuda.
O que não vale é achar que você é uma máquina de sexo, que deve reproduzir o que a indústria pornográfica nos joga ou achar que deve sentir tanto tesão quanto seus parceiros, amigos ou pares. Você é única,
com uma sexualidade única.
A única regra é sempre o seu bem-estar. Nunca foi sobre quantidade.
O sexo anal sem preservativo (bareback) continua sendo o de maior risco para transmissão de HIV e ISTs. Mas se você deseja fazer, saiba que é possível minimizá-los com a prevenção combinada.
Leia com atenção as 10 dicas que preparei com carinho e muita ciência.
❤️🩹
Pensei muito antes de fazer este post. Porque como meu alcance tá cada vez maior sempre aparecem uns desaplaudidos vindo polemizar sem entender o tipo de trabalho que faço há 7 anos.
Muito da ‘demonização’ do sexo anal sem preservativo vem do estigma que a Aids trouxe e
ainda traz, junto da LGBTfobia. Mas agora com 40 anos de pandemia e muita ciência produzida com seriedade, podemos rever alguns discursos e tentar individualizar o cuidado, em vez de generalizar.
Por que só o sexo sem preservativo praticado por gays e travestis choca tanto?
Relacionar-se com alguém vivendo com HIV não é um risco, muito menos um esforço.
É natural, seguro e saudável.
Já está provado que alguém em tratamento e indetectável (vírus tão baixinho no sangue que o exame nem pega), há pelo menos 6 meses, não transmite o vírus por via
sexual. Seja anal, vaginal ou oral. Mesmo se ejacular, sangrar ou tiver outra IST no momento.
A cada dia eu conheço mais pessoas em relacionamentos sorodiferentes. Em que uma pessoa vive com HIV e a outra não. Vivendo muito bem, casando, tendo filhos. Tudo que têm direito.
EVITEM o uso de Crystal sempre que puderem. Nem experimentem se possível.
O Brasil não tem um plano de contingência dessa substância e até nós profissionais ainda estamos aprendendo a lidar.
Peça ajuda sim, não se envergonhe.
E se puder, evite.
Odeio fazer post alarmante assim. Mas se for pra defender os meus pares eu faço sim.
🏳️🌈 🏳️⚧️
Não é porque uma droga bem cara, que no Brasil afeta principalmente minorias já estigmatizadas como homens gays e bissexuais que não merece ser tratada como questão de saúde pública.
Porque é.
Sofrimento é sofrimento.
Precisamos agir rápido com política pública e informação.
‘Até tem tratamento, mas não adianta. Quem tem HIV vive menos.’
‘Quem usa PrEP vai sobrecarregar o rim e o fígado’
‘O corpo muda. Vai ficar magro e com cara de doente.’
Todo mundo já ouviu isso. Mas não é o que a ciência diz. Entenda. ❤️🩹
Os benefícios de fazer o tratamento para o HIV e usar PrEP superam em muito os riscos, mas alguns tratamentos têm sido associados a um risco aumentado de desenvolvimento de efeitos colaterais a longo prazo. Estes incluem problemas ósseos, hepáticos e renais
PrEP e tratamento para HIV), e doenças cardíacas e alterações metabólicas (apenas tratamento para HIV). Os efeitos colaterais de longo prazo são menos comuns do que os efeitos colaterais de curto prazo (diarreia, gases, náuseas, distúrbios do sono).
Se você faz uso de PrEP sob demanda (que ainda não está no PCDT do SUS, mas sim: funciona)
Tente tomar com comida (pão, arroz, macarrão), porque 2 comprimidos de uma vez às vezes dá náusea 🌀
Precisa esperar duas horas pro efeito. Então dance muito, beije, antes de macetar. 🔥
Válido apenas para homens gay cis (sexo anal e oral).
Não esqueça das doses de 24 e 48h após.
Combine o preservativo para evitar as demais IST’s.
Se não tem prep sob demanda no SUS, lutemos pra ter! Temos apenas a diária. O comprimido é o mesmo. Muda o jeito de tomar. Tome APENAS como seu infectologista orientou.