Boa tarde. Prometi um fio sobre a necessidade de enraizamento de candidatos a cargos majoritários ou não passarão de celebridades. Então, lá vai.
1) Zygmunt Bauman é o autor que alertou para o mundo das celebridades efêmeras que o século XXI gerou e, muitas vezes, substitui a liderança social. Para o autor: "as celebridades do nosso tempo são pessoas comuns que são percebidas como pessoas comuns"blogacritica.blogspot.com/2014/10/conver…
2) Mais: para Bauman, "a sociedade de consumo cria a demanda por celebridades, e reconstrói o sistema de estrelas." Moro, Ciro Gomes e Luciano Huck são projetos de liderança que não conseguem romper com a tarja de celebridades. Mas, o que são lideranças sociais ou políticas?
3) Lideranças são aqueles que têm capacidade de galvanizar interesses difusos e múltiplas identidades. Para tanto, precisam ter capacidade de escuta, habilidade para traduzir interesses numa pauta e talento para gerar replicação social. Este último aspecto é o diferencial
4) Como se replica o discurso da liderança social num território amplo? Pela rede de organizações que a ele se vinculam. Gramsci denominava de hegemonia esta capacidade de "cimentar" interesses e agrupamentos sociais numa única direção política
5) Então, chegamos aos dias atuais. Percebi uma imensa confusão de gente que parece ler uma nota de rodapé ou um clichê e já tira conclusões apressadas. As redes sociais não criaram a possibilidade de gerar uma liderança sem base política ou inserção nas organizações sociais
6) Num país de dimensões continentais, é possível desconstruir uma biografia política pelas redes sociais. Foi feito isso pelo PT em 2014 por mais de uma vez. Mas, construir uma liderança é outro departamento. Uma primeira lição: eleição não é fato, mas versão.
7) Então, a questão é: como você dissemina uma versão num país de dimensões continentais? Não se dá por mera disseminação de fake news. É preciso ter o canal de credibilidade que "legitime" a fake news. Por este motivo que a campanha de Bolsonaro trabalhou com WhasApp
8) Nos grupos de WhatsApp, a campanha de Bolsonaro conseguiu trabalhar com perfis distintos. Hoje, temos estudos que indicam que eram 16 perfis básicos absolutamente distintos entre si. A inteligência política foi nunca juntá-los, trabalhando separadamente os perfis
9) E o que seria uma rede da liderança ou sua inserção social orgânica? Seus vínculos com organismos consolidados de representação social: igrejas, sindicatos, corporações profissionais, conselhos, coletivos, dentre outros. Algo que Lula soube construir e que lhe dá poder
10) Aí está o ponto que une Ciro Gomes à Sérgio Moro e Luciano Huck: são celebridades, mas, não são lideranças sociais. Celebridade é efêmera e pode ser até admirada, mas não gera ação social, não define uma ação de massas.
11) A diferença é como escolher entre um prato "gourmetizado" ou um prato feito (PF). Uma ou outra vez você almoça um prato gourmet da moda; mas, comida para o dia-a-dia cai melhor com PF. Aliás, Rita Lobo sabe disso e lançou o bordão: "desgourmetiza, bem!"
12) Sérgio Moro tentou falar difícil. Escorregou na língua portuguesa umas tantas vezes, mas seguiu com nariz empinado. Até que.... começou a pensar em sair do Brasil. Luciano Huck lembra a sina de Sílvio Santos: sonhar em ser Presidente da República pode não passar de sonho
13) Chegamos em Ciro Gomes. Ciro se notabilizou por ser uma espécie de Odorico Paraguaçu com estágio em Harvard. Ciro vem se preparando para ser reitor de alguma universidade brasileira, mas não para ser líder político. Por qual motivo? Ele valoriza mais a si que a política
14) Assim, não se trata da ideologia ou programa do candidato, o problema das celebridades é que não conseguem forjar uma rede de contatos que tenha capilaridade e replique seu discurso. Mais que replicar, que consiga construir um discurso hegemônico.
15) O problema do discurso rápido sobre política é confundir causa com consequência. São as tentativas apressadas que sempre se definem pelo viés de confirmação. A crítica é deixada de lado para dar asas ao desejo pessoal. Um passo para a idolatria. E daí, para o fanatismo. (FIM)
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Bom dia. Prometi fazer um fio sobre os fanatismos políticos que assolam o Brasil. Serão 3 fanatismos que tentarei analisar: os "camisa de força", os "sossega leão" e os "psicanalista, já!". Segue o fio
1) Comecemos pela definição do que entendo ser fanatismo político. São aqueles que, a partir de uma ideia-força simplista, interditam qualquer dúvida. A dúvida destrói a crença e, portanto, é sinal do demônio, como o riso era vistos, na Idade Média, como obra de Lúcifer
2) A interdição da dúvida tem o efeito, para o fanático, de impedir que a realidade se imponha, destruindo a construção de seu mundo paralelo. Como se percebe, o fanatismo tem relação com um trauma ou profundo medo que o joga num armário escuro, quente e acolhedor
Farei um fio sobre o fim da Lava Jato e seus "super heróis" fabricados num diminuto momento histórico do país. Vai sem deixar saudades.
1) A Operação Lava Jato tem inicio com investigações contra doleiros, de 2009 a 2013. Mas, a partir de 2014, ano da reeleição de Dilma Rousseff (e de embate crescente com Aécio Neves), o Ministério Público Federal (MPF) em Curitiba criou uma força-tarefa para atuar nesta frente
2) A força-tarefa do MPF inicialmente envolveu os procuradores Deltan Dallagnol, Carlos Fernando Lima, Roberson Henrique Pozzobon, entre outros. Em 2015, ganham a companhia de um grupo de trabalho atuando junto à Procuradoria-Geral da República em Brasília
Uma das deficiências mais importantes neste período é o da formação política do campo progressista. Percebo que há uma um consenso sobre esta deficiência, mas, infelizmente, poucos sabem exatamente do que falam. Farei um mini fio a respeito. Lá vai.
1) A formação tem lastro, obviamente, na educação. E, em termos gerais, há duas formas de educar: pelo estímulo à respostas condicionadas (baseadas na teoria comportamental de Pavlov e Skinner) e no processo de construção coletiva de conhecimento, onde o outro é sujeito
2) Então, temos modelos em que o educador é sujeito e o que assiste a aula é objeto; mas, temos outra situação em que os dois são sujeitos porque o método cria diálogo entre conhecimento formal e sabedoria adquirida na existência. Muitos pesquisadores trabalham com esta distinção
Bom dia. Chico Meira, diretor do Vox Populi, acaba de fazer uma análise sobre o paradoxo pessimismo do brasileiro e avaliação do personagem Jair Bolsonaro. Farei um breve fio
1) Segundo os dados das pesquisas realizadas pelo Vox Populi, 70% dos brasileiros afirmam viver com muito medo de contrair o COVID19. E também acham que a política econômica está no caminho errado. Outros 58% se dizem pessimistas com o futuro do Brasil
2) Contudo, a maioria dos brasileiros criaram uma representação de Jair Bolsonaro que o apresenta como um salvador. Chico Meira sustenta que em períodos de desespero social (guerra ou pandemia), lideranças autocráticas emergem no cenário político nacional
Farei um fio comentando o que sinto como uma superficialidade cada vez maior no modo como discutimos ou nos chegam informações. O mote é um artigo de Antônio Prata. Segue o meio fiohttp://aldeianago.com.br/artigos/6-comportamento/24950-vamo-acorda-amizade-por-antonio-prata
1) Prata faz uma salada de frutas com pertences de feijoada e tempera com caldo de cana e molho shoyu. Compara Trump com Biden, justamente quando o último debate deu vitória para o democrata. Mas, no artigo de Prata, Biden é um bebê enfrentando um leão. Não fica por aí
2) Ao se perguntar sobre quem seria o maior líder da oposição no Brasil, cita.... Rodrigo Maia !!!!!!! Lasca Freixo e se esquece (?) de Lula ou Boulos, para citar dois nomes evidentes. Elogia Tabata Amaral, a liberal que adulterou a carteirinha da esquerda.
Wesley Teixeira, negro e evangélico, filiado ao PSOL, decide ser candidato a vereador em Duque de Caxias (RJ). Monta a sua coordenação com a presença do PCB, entre outros apoios. E recebe uma ligação de gente ligada aos bancos. Segue o mini fio
1) De repente, recebe uma proposta de doação de gente vinculada ao sistema financeiro. Uma revista da grande imprensa divulga o fato inusitado e a bomba política explode.
2) Em entrevista ao jornalista Bruno Torturra, Wesley confirma que foi procurado por Douglas Belchior (Uneafro) e Sueli Carneiro (diretora do Geledés) oferecendo um pacote de dinheiro e divulgação na imprensa. Dinheiro de Armínio Fraga e a herdeira do banco Itaú, Beatriz Bracher.