1) Você tem dois jeitos de interagir com o mundo, grosso modo:
1. Pensando só em você
2. Pensando em você e nos outros
O criminoso sempre está no 1. Ele não pensa em mais ninguém.
O que faz ele se conter? A pena. Se não tiver punição ele continuará fazendo o que quer.
2) e não pense que a pena irá educa-lo. Ninguém é “salvo” por ninguém. Darlymple já explicou isso de forma clara.
Cada um é responsável por sua própria recuperação. Nenhum presídio no mundo recupera quem não quer se recuperar.
3) O cara fala “ovô robá”. O que dissuade ele disso? O cidadão não pode se proteger sozinho, a polícia é insuficiente para o número crescente de criminosos e, quando funciona, a lei é leniente e a jurisprudência acompanha.
4) O que dissuade o criminoso no país que não sua própria consciência, por vezes inexistente?
A pena tem o papel de dissuadir o crime. Quem acha que pena não serve para nada deveria ver os tribunais do crime e como “pacificam” as áreas dominadas.
5) não é a pena pela pena, a punição pela punição, mas a justa reprimenda por uma conduta que torna a vida em sociedade impossível, como é hoje no país em que as pessoas vivem com medo.
A ausência de consequência para mas condutas somente estimula quem não tem caráter.
6) precisamos de educacao, sim, para o longo prazo, mas no curto prazo apenas a punição funciona.
O aumento de impunidade no país anda lado a lado com o aumento da criminalidade, inclusive do colarinho branco.
A desculpa antes era a pobreza...
7) ...mas o aumento da renda do cidadão nao fez diminuir o crime, mas aumentar.
Diminuíram-se as penas, buscaram-se penas alternativas, aumentou-se o cabedal protetivo ao réu... e o crime aumentou.
Parece, e posso estar errado, ter alguma correlação entre impunidade e crime.
8) sobre o tema, uma de várias matérias a respeito:
“Quem morre na mão deles some. Sem direito a enterro, sem direito a nada. Eles que enterram. Enterram com cal para sumir mais rápido. A família não pode nem chorar”, diz Pedro*
9) Nas favelas da periferia é comum ouvir da população que “agora não pode mais matar”. Menos brigas de bar acabam em mortes. Os conflitos são mediados nos tribunais do crime, aqueles que funcionam na cadeia. Em vez de chamar a polícia, acionam-se os criminosos donos da região.
10) “A facção exerce o controle porque, na maioria das vezes, o Estado é omisso, não consegue reprimir essas atividades”, afirma o procurador de Justiça de São Paulo Márcio Sérgio Christino, autor do livro Por dentro do crime: corrupção, tráfico, PCC.
11) “Reduzir homicídios na área de atuação é uma característica dos crimes organizados”, afirma o procurador Marcio Christino. “Não só aqui no Brasil, mas na Itália, no Japão... Nas áreas em que a Yakuza domina no Japão, não há crime – a não ser aqueles que eles mesmos permitem.”
12) “Foi o PCC quem reduziu a criminalidade”, disse, em uma rara conversa ao telefone captada pela polícia. “Hoje, para matar alguém é a maior burocracia.”
13) vale a leitura da matéria para entender que onde o estado é fraco e leniente, o crime cresce e se fortalece, e aí vale a lei do mais forte e nenhuma outra lei.
• • •
Missing some Tweet in this thread? You can try to
force a refresh
1) A Constituição Federal hoje completa 32 anos, com seus 250 artigos e mais os 114 dos Atos das Disposições Constitucionais Transitórias.
Fez 108 “plásticas” (emendas), mais de 3 por ano.
Tem mais...
2) Alem das 108 emendas, a Constituição ainda passou e passa por um sem-número de interpretações feitas pelo Supremo e o acréscimo do texto de tratados internacionais
Não bastasse ser uma constituição prolixa e cheia desses adendos, o texto dela não foi inteiramente aprovado.
3) Isso mesmo. A Constituição cidadã teve pelo menos dois artigos inseridos sem submissão ao regimento democrático.
1) Pessoas super empolgadas com o “documentário” Dilema Social no Netflix não perceberam a conclusão que ele leva, embora se funde em fatos.
A) sim, somos manipulados pelas redes sociais de vários modos diferentes
B) sim, somos levados ao vício por uma arquitetura... (segue)
2) ...preparada para nos manter presos nesse ambiente e em bolhas de interesse que facilitam a manipulação.
C) isso é feito para que alguns grupos lucrem, e muito, e aumentem o seu poder político sobre a população.
Tudo isso é fato. O problema é a conclusão...
3) A conclusão é que precisamos dar mais poder para o estado para que ele controle o que pode ou não ser veiculado na internet, contando com o apoio valiosíssimo de ONGs e especialistas “independentes” que fazem tudo por amor à causa.
1. O século III d.C encontrou uma Roma destruída por uma moléstia terrível, que chegava a levar cinco mil pessoas em um único dia, tanto cristãos quanto não-cristãos. A diferença, contudo, foi como ambos os grupos reagiram (LEE, 2020).
2. Os não-cristãos expulsavam seus entes queridos de casa, jogando-os ainda vivos nas estradas, acreditando evitar a propagação da doença. Pensavam primeiro em si mesmos, num instinto de autopreservação.
Ha um desenho antigo no qual o Pateta tem dois comportamentos: quando é pedestre, todo preocupado com o outro. Quando entra atrás do volante, vira um monstro sem empatia.
A impressão que tenho é que a internet colocou cada pessoa atrás do seu volante, 24h protegido do mundo em sua armadura digital para idolatrar o próprio ego e atacar o que nao gosta.
A egregora do trânsito é clara: gente pacífica se transforma.
Isso é facilmente transposto para o mundo virtual. Aliás, é até pior.
Platão tem o mito do anel de Giges, que torna seu proprietário invisível, e que se repete na história moderna do cientista e o soro da invisibilidade.
Qual é um dos atributos que se espera do juiz? Coerência.
Por quê? Porque a Justiça tem o dever de estabilizar as relações em sociedade e permitir que as pessoas possam planejar suas vidas sem medo de surpresa (e isso vale para o Estado em geral) (continua)
Saber o que esperar de um juiz é um mínimo que se pode oferecer.
Lógico que essa coerência por si só não diz nada. Um juiz que absolva culpados reiteradamente por motivos ideológicos é coerente, e mesmo assim causa danos.
O juiz pode, na verdade deve, interpretar a lei. Não pode criá-la, ignora-la ou pervertê-la, porque aí estara ferindo a coerência da justa expectativa do cidadao frente à norma criada.
Abandona-se o Direito Natural pelo positivismo iluminista, colocando a razão humana como soberana.
Do positivismo aristocrático-republicano salta-se para o democrático e o poder dilui.
Percebe-se tarde demais que o poder não está mais tão concentrado.
As leis, que serviram para afastar a Justiça precedente do Direito Natural e forjaram a justiça posterior do positivismo, se tornaram um obstáculo também, porque de todo jeito criavam limites ao exercício do poder por seus titulares, ou “donos”.
Agora as leis podem serve mais, a democracia pode não serve mais. É preciso salvar o povo de si mesmo.
A democracia deve ser salva da vontade da maioria.
Se as leis não servem mais, voltamos ao Direito Natural?