@phsantos há muito tem se revelado um dos mais interessantes críticos de cinema do país. Sensibilidade, inteligência, erudição e ritmo são suas marcas. As análises que faz sobre a série "Lovecraft Country" dão o índice da qualidade do seu trabalho 👇🏿(fio)
Neste vídeo @phsantos fala do episódio 9 de Lovecraft Country, que aborda o massacre de Tulsa (EUA). Em 1921, a próspera cidade negra do Oklahoma foi destruída por brancos que também assassinaram centenas de pessoas. Esse acontecimento foi também tema da série "Watchmen"👇🏿(segue)
A análise de @phsantos impressiona, primeiro pela erudição, pelo conhecimento teórico que vai além do cinema. Particularmente, neste episódio 9 ele se emociona e também nos emociona a todos nós ao conectar Tulsa com o Brasil 👇🏿(segue)
[...] ressaltando a universalidade do racismo e, principalmente, da luta antirracista. A diáspora africana e a lógica colonial nos ensinaram a atravessar o fogo. É o fogo que nos queima e que nos forja. E é também o fogo que aprendemos a dominar e oferecer a nossos inimigos 👇🏿
"O fogo da próxima vez" disse James Baldwin. Nas tradições afrobrasileiras Xangô e Oyá são os Orixás do fogo. Tal como Letitia na série, nossos ancestrais atravessaram o mundo em chamas com o livro dos nomes para nos salvar. E aqui estamos para uma nova travessia 👇🏿
@phsantos fez uma análise fina desta série que merece ser assistida. Chamo atenção para o episódio 7 - não por acaso chamado "Eu sou" - para quem se interessa por afrofuturismo.
P.S. E não deixem de ver as análises que PH faz de "The Boys".
A ação da DPU contra o programa de contratação de trainees da Magazine Luiza é mais um capítulo do esfacelamento social e político resultante de nossa atual crise civilizatória. Segue fio com algumas considerações 👇🏿
1. Ao mesmo tempo em que a responsabilidade institucional deve ser ressaltada, é preciso dizer que a DPU não pode ser definida por este ato. Há trabalhos incríveis da DPU, e aqui destaco a recente Ação Civil Pública que pediu a inclusão dos dados de raça nos casos de Covid-19. 👇🏿
2. Sobre a petição da DPU, não quero perder tempo tratando de seu conteúdo jurídico, pois não há nada ali que possa assim ser chamado. É como se alguém pegasse a caixa de comentários de um portal de notícias e organizasse em seções: "dos fatos", "do direito" e "do pedido" 👇🏿
Os antropólogos e as antropólogas que acompanho nesta rede ensinaram-me que devemos usar tempo e energia para disseminar conteúdos relevantes e não para, a pretexto de "crítica", prestigiar o horror pela via reversa. Por isso, quero indicar algo que considerei excelente👇🏿
Este vídeo do jovem @chavosodausp sobre "populismo penal midiático" é muito bem feito. Tem bom ritmo, traz fontes e possui algo que, na minha opinião anda em falta: responsabilidade. É um vídeo que leva à reflexão crítica e que ensina.
(Continua 👇🏿)
Vejam como ele dialoga como um jovem (que ele de fato é), mas não abre mão do rigor ao abordar um tema que tenho insistido muito: o papel dos meios de comunicação na construção do genocídio da população negra. (👇🏿 continua)
Eis o artigo que escrevi com @pedrolrossi sobre racismo e economia. Algumas reações ao artigo me chamaram a atenção pois, não apenas denunciam o nível de corrosão da esfera pública, mas confirmam tocamos no "coração ideológico" do debate 👇🏿(fio) www1.folha.uol.com.br/mercado/2020/0…
Em primeiro lugar, cabe dizer que é um artigo que debate como a compreensão da desigualdade racial é definida pela metodologia. O artigo afirma que a visão ortodoxa da economia enfatiza a dimensão da ação individual na análise do racismo. 👇🏿
Citamos autores clássicos que colocaram o problema, como é o caso de Gary Becker. O termo "economia ortodoxa" aparece uma vez no texto para acentuar o que consideramos limitações metodológicas. 👇🏿
Como é possível pedir "desculpas" no caso de uma sentença judicial em que na fundamentação o julgador faz referência à raça do sentenciado como um dos fatores que levaram à condenação? A solução esta no próprio sistema: a sentença tem que ser anulada. 👇🏿
É absolutamente inútil apenas a condenação moral e a responsabilização individual - que deve existir - em um caso como este. Algo deste tipo só ocorre porque o sistema permite. Nesse caso há uma solução que pode e deve servir para outros casos 👇🏿
A fundamentação da sentença é o centro do julgado. Ali o magistrado deve expor as razões - sempre pautadas pela legalidade - que o levaram à concluir, com base em provas admitidas pelo direito, pela condenação ou absolvição 👇🏿
@pedrolrossi@ericafraga_ Chamei a atenção para isso em uma bela discussão hoje pela manhã. A teoria da discriminação por preferência e a teoria do capital humano explicam o racismo como uma "falha de mercado" ou como o resultado de uma escolha não orientada para a otimização racional dos recursos 👇🏿
@pedrolrossi@ericafraga_ Do ponto de vista político, o efeito é atribuir ao mercado a responsabilidade por corrigir o que seria uma "distorção" e não o efeito do funcionamento regular das instituições ou da reprodução social. Ou seja, a ideia é evitar a intervenção estatal.
@pedrolrossi@ericafraga_@pedrolrossi note a sutileza captada pela jornalista na hesitação de um dos entrevistados em utilizar a palavra racismo. Fala de "preconceito". Joga a discriminação no nível psicológico, comportamental. A correção é, portanto, no indivíduo e não no sistema.
Um fio sobre consciência racial, responsabilidade e o "direito de mentir"
A consciência racial é também uma forma de autodefesa. Aprendi logo cedo que seria cobrado pelas minhas ações e palavras de uma forma que as pessoas brancas jamais seriam. 👇🏿
Aprendi que meus erros não seriam vistos como erros de um indivíduo, mas de "todos os negros". São várias as circunstâncias que podem nos levar a cometer erros. Pressão por resultados, escassez de oportunidades, necessidade permanente de competição, vaidade, lucro etc.👇🏿
Em um mundo atravessado pelo racismo, é preciso ter consciência do modo com que as pressões por resultado e por prestígio se colocam sobre pessoas racializadas e como as consequências por erros cometidos são sentidas de forma diferente por brancos e negros. 👇🏿