Thread by @CrimesReais

O caso do assassinato do MC Daleste:

Daniel Pedreira Senna Pellegrine nasceu em 30 de outubro de 1992, em uma comunidade na zona leste de São Paulo. Ele era o caçula de três irmãos. Quando ainda era criança, sua mãe faleceu e sua família sofria com dificuldades financeiras.

Até os 13 anos, ele sua família moraram em uma casa sem banheiro e, por vezes, não tinham o que comer. Enquanto ainda estava viva, sua mãe o incentivou a seguir uma carreira artística para ajudar a família.

Daniel frequentou a escola até o 9º ano. Chegou a admitir que era uma aluno indisciplinado. Durante esse período, ele conheceu Erica Teixeira, sua futura esposa, com quem permaneceu até 2013. No ano de 2008, ele decidiu iniciar sua carreira musical.

Daniel adotou o pseudônimo de MC Daleste e passou a divulgar suas canções na internet. As músicas falavam sobre sua realidade como morador de uma comunidade pobre e periférica, sobre as dificuldades que passou na infância.

Entretanto, em 2012, ele decidiu mudar seu estilo músical e passou a compor canções que se encaixavam no gênero Funk ostentação. Esse estilo, que falava sobre dinheiro, carros, mulheres, bebidas e sobre uma vida extremamente luxuoso, foi amplamente popularizado graças à ele.

O cantor também ajudou a popularizar o Funk paulista que, até então, era totalmente desconhecido fora da capital. Ainda em 2012, o cantor fez aparições em programas de TV e também gravou com outros artistas do Funk.

No auge de sua carreira, o funkeiro chegou a ganhar mais de R$ 200 mil por mês e a realizar cerca de 12 shows mensais nos finais de semana. Em 2013, o cantor estava com 20 anos e tinha uma extensa agenda de shows e eventos, principalmente no estado de São Paulo.

Foi em um desses shows, ocorrido no dia 6 de julho, na cidade de Campinas, que o cantor foi baleado enquanto conversava com os fãs. Ele foi rapidamente socorrido e levado ainda consciente para o hospital. Segundo seu agente, ele chegou a “brincar” com a situação.

Segundo as testemunhas, o cantor pediu para tirar fotos, pois queria “rir” da situação quando se recuperasse. Ele dizia que iria contar para todos a história de ter levado um tiro e sobrevivido. Ao chegar no hospital, foi encaminhado para a cirurgia, porém, acabou não resistindo.

Na madrugada do dia 7 de julho, o Hospital Municipal de Paulínia declarou a morte do cantor em decorrência dos disparos. Ele fora atingido duas vezes na barriga e uma vez de raspão.

O show que ele participou era um evento gratuito. Mais de 3 mil pessoas estavam no local. A polícia iniciou a investigação do caso e algumas hipóteses para o motivo do crime surgiram a partir desses investigações.

A primeira delas era a de que o cantor teria sido vítima de uma vingança. Algumas testemunhas relataram que, em um show anterior, os seguranças do MC agrediram um homem e que essa pessoa poderia ter planejado uma vingança contra o cantor.

A reconstituição do crime mostrou que o tiro foi efetuado de 30 a 40 metros de distância, de um local descampado próximo a um matagal. A perícia foi feita usando fios que mostravam a trajetória da bala, baseando-se na posição do cantor no momento dos disparos.

Ainda segundo a investigação, por conta da distância e da precisão dos tiros, o atirador precisaria ser uma pessoa habilidosa e experiente no uso de armas, porém, nenhum suspeito havia sido interrogado e o atirador ainda continuava anônimo.

A arma do crime não pode ser determinada, pois, no corpo do cantor, havia apenas fragmentos e, no local, não foram encontrados cartuchos. Algumas pessoas chegaram a contestar os métodos usados na reconstituição da morte do cantor.

Outros peritos afirmaram que era impossível determinar uma trajetória, visto que o palco usado no show não possuía um local fixo, pois se tratava de um palco improvisado. Porém, várias pessoas filmaram o ocorrido e através das imagens era possível comprovar o local dos disparos.

A morte do MC ganhou repercussão nacional e internacional. Diversas pessoas da mídia se manifestaram sobre o ocorrido. Após seu enterro, imagens do velório circularam na internet, nas quais era possível ver um vulto que as pessoas afirmavam ser o espírito do cantor.

No ano de 2014, no dia do aniversário dele, seu túmulo foi vandalizado. A lápide com sua foto foi quebrada e as faixas em sua homenagem haviam sido rasgadas. Para a família e a polícia, os autores do vandalismo estariam diretamente ligados ao crime.

Em dezembro de 2015, a polícia deu o caso como encerrado. Porém, em 2016, uma nova pista fez com que o caso fosse reaberto. A polícia teve acesso a gravações que provavam que o funkeiro havia se envolvido com a mulher de um traficante e que esse traficante havia mandado matá-lo.

Essa mulher em questão era uma ex-garota de programa que conhecia Daleste e já tinha se relacionado com ele, porém, um traficante se apaixonou por ela e eles mantinham um relacionamento, visto que agora ela não fazia mais programas.

Entretanto, o MC ainda continuou se comunicando com a jovem, apesar de não ser comprovado se eles se falavam apenas virtualmente ou se chegaram a se encontrar. O fato é que, segundo essas gravações, o traficante descobriu as conversas e, enciumado, encomendou a morte do cantor.

Nas gravações, é revelado o nome do traficante e até a quantia que seria paga pelo crime, fatos esses que foram mantidos em segredo pela polícia. No entanto, não havia provas de que esse plano foi executado, a perícia não tinha como provar que aquilo não passava de uma ameaça.

Por conta disso, o traficante acabou sendo preso, mas nunca foi oficialmente condenado pela morte de Daleste e o caso foi encerrado mais uma vez, em 2017. Recentemente, em julho de 2020, o irmão do cantor veio a público e falou sobre ameaças que o cantor havia recebido.

Segundo Rodrigo, o cantor costumava guardar dinheiro dentro de casa, em uma caixa, e isso poderia ter atraído a atenção dos criminosos. Ele também contou que três semanas antes do ocorrido o cantor e essa caixa sumiram. Daleste ficou desaparecido por cerca de 3 a 4 horas.

Quando voltou para casa, o cantor parecia calmo e afirmou que contaria para o irmão sobre tudo que estava acontecendo, porém, eles nunca tiveram essa conversa. Ele também revelou que recebeu uma ligação de uma mulher no dia do show, que poderia estar envolvida no crime.

Ela ligou para a família e pediu que o funkeiro fosse retirado do palco. Para a família do cantor, os homens que invadiram a casa e o sequestraram foram responsáveis pela sua morte. Essa mulher sabia do fato e tentou evitar, mas sem sucesso.

Essas informações poderiam ajudar a comprovar a teoria de que o cantor foi morto por um traficante, entretanto, o caso ainda permanece fechado e não se sabe se ele vai ser reaberto. Mesmo com essas informações, é preciso achar provas do ocorrido para reabrir o caso.