Thread by @KayqueGirao

Astrologia é uma "pseudo-ciência"? A thread:

1. Ciência implica método, que por sua vez é organizado em hipótese, experimentação, observação de resultados e avaliação crítica. A ciência, como a conhecemos modernamente, é negativa, limando o que não é verdadeiro, bem como materialista;

2. Astrologia, nesse sentido, não pode ser considerado "pseudo-ciência" uma vez que ela não tenta emular algo que não é. A astrologia é um saber que se infere metafísico e, portanto, ontológico. Ela tem outros critérios de avaliação simbólica que tangem a eventos mundanos;

3. Como um saber, não está sujeito a adjetivação como crença, ou como religião. Não se precisa "crer" que funcione para que se observe a ocorrência das previsões em tempo real;

4. William Lilly previu com bastante antecedência o grande incêndio que assolou a cidade de Londres em sua época com base em previsões que seguem técnicas segundo uma metodologia organizada:

constelar.com.br/tecnica-astrol…

5. Isso torna a astrologia ciência? Não. Mas acaba assustando por sua exatidão segundo o paralelo e sincronicidade dos eventos celestes com o de ordem mundana;

6. Como tal, a astrologia não pretende sequer fazer frente ou paralelo a ciência, nem desmerecendo a si ou outras vertentes. Boa parte da pecha recebida pela comunidade científica veio de grupos racionalistas comuns que surgiram após o Iluminismo do Séc. XVIII em diante;

7. Do contrário, grandes cientistas não teriam seus pezinhos no oculto e no insólito. Isaac Newton, pai da Física Clássica, que estabeleceu importantes teses sobre a gravitação universal, praticava alquimia de forma bastante discreta:

en.wikipedia.org/wiki/Isaac_New…

nationalgeographic.com/news/2016/04/1…

8. Johannes Kepler, astrônomo, confeccionava almanaques e levantava cartas para complementar a renda de professor e astrônomo. Seu tratado de óptica versava em teoria astrológica dos aspectos, sendo alguns até hoje parte da tradição moderna, como novil, quincúncio, etc;

9. O interessante que, quando Kepler observou que as órbitas planetárias eram elípticas, teve sua fé abalada com a nova evidência. No seu aprendizado sobre geometria e harmonia, o círculo era uma figura divina, mas diante dos fatos, em vez de corromper a descoberta +

abraçou aquela revelação também em âmbito místico, como outros antes dele tentaram fazê-lo, a exemplo de Giordano Bruno e o postulado dos múltiplos mundos, motivo pelo qual fora condenado pela Inquisição da época;

10. Seguem dois ensaios sobre Kepler e seu envolvimento com astrologia:

skyscript.co.uk/kepler2.html

skyscript.co.uk/kepler.html

11. Apesar das críticas e dos críticos, a astrologia continua inexoravelmente saturnina e firme. Boa parte das pessoas precisa sair do engessamento ideológico cientificista dos séculos XVIII e XIX e perceber que cada saber tem seu espaço e dimensão crítica;

12. Hoje temos a ciência acadêmica moderna a dispor da pesquisa astrológica em seu âmbito histórico, epistemológico e antropológico. Grande parte do resgate dos tratados clássicos é fruto do trabalho de acadêmicos e cientistas, esforço este que merece ser valorizado;

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Um texto complementar, de minha autoria, tratando do tema:

shamsastrologia.blogspot.com/2020/09/astrol…