Vamos com calma, inclusive da parte dos analistas.
As pesquisas apontavam uma vitória de Biden por boa margem. Mas institutos e imprensa a todo tempo reforçaram que uma penca de fatores poderia bagunçar esse cenário. A começar pelo novo coronavírus.
E tivemos esses fatores de instabilidade. Há apenas 4 dias, por exemplo, os Estados Unidos bateram o recorde mundial de casos de covid-19 em um único dia. Esse é o tipo de coisa que pode desencorajar eleitores — principalmente democratas, já que os negacionistas são republicanos.
Eu mesmo zoei ontem o Nate Silver. Mas, em verdade, ele só cantou errado o resultado da Florida (um estado muito imprevisível) e Carolina do Norte (que segue em aberto). E, claro, houve erros de proporções, como Ohio, que previa um aperto, e deu Trump com folga.
Terminei aqui uma ronda, vi um monte de influenciador negacionista martelando que a imprensa errou tudo (não errou) e os institutos erraram tudo (não erraram, ao menos não tudo, nem mesmo a maioria).
A gente precisa ter mais cuidado. Defender a democracia e as instituições é também impedir que certa leituras equivocadas (por vezes criminosas) ganhem força.
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Agora vem cá, esquerdista brasileiro, eu quero conversar com você.
No Reino Unido, a esquerda apostou em um discurso cada vez mais radical, puro, sem abertura ao diálogo. Veio a eleição, Boris Johnson saiu ainda mais forte, o Brexit se consolidou, a União Europeia está hoje mais fraca.
Nos Estados Unidos, o dono desse discurso mais radical, puro, sem abertura a diálogo, era Bernie Sanders. No palco, ele realmente dava show, empolgava. Na planilha, Trump se dava bem em cima dele, enquanto perdia para Joe Biden.
A gente entra na terapia, quando sai, está o presidente dos Estados Unidos tentando um autogolpe.
Aqui no Brasil, pouco podemos fazer contra isso. Eu só espero que alguns amigos, que abandonaram o bolsonarismo, mas não abandonaram o trumpismo, repensem a postura que vinham tendo.
Porque vocês estão apoiando um projeto de ditador que tenta acabar com a democracia mais importante do planeta.
O que mais me incomoda nas críticas ao sistema eleitoral americano é o uso do brasileiro como exemplar, coisa que ele não é, tanto que não é copiado por nenhuma democracia consolidada.
Nossa maior proteção continua sendo a incompetência dos que têm interesse em burlá-lo.
Mas fica claro na invasão aos bancos de dados do STJ os riscos que corremos.
Dizer isso não significa apoiar as sandices de Bolsonaro. Aliás... A solução que ele aprovou na época em que Cunha presidiu a Câmara era uma mera repetição do que o STF já havia derrubado anos antes. Foi só perda de tempo e recurso público.
Um breve resumo para quem não entendeu/não está entendendo o que aconteceu/acontece:
Por todo o mandato, especialistas davam como certa a reeleição de Trump. Mas veio o coronavírus, e uma gestão desastrosa da crise jogou a eleição deste ano no colo de Biden.
Foi quando o partido Republicano passou a explorar o expediente clássico de dificultar o acesso ao voto, algo que já havia garantido vitórias republicanas recentemente. Em resposta, o partido Democrata estimulou o voto antecipado, por correio ou urnas espalhadas nas cidades.
Até agora, o 270toWin não errou nada. Todas as surpresas da noite estavam dentro do que o serviço marcou como "toss-up". Trump confirmou Florida, Ohio e Iwoa, e caminha para confirmar Carolina do Norte e parte do Maine. Biden confirmou Arizona, e caminha para confirmar Georgia.
O 270toWin, que não tem errado nada, dava Pensilvânia, Michigan e Winsconsin para Biden. Quando aplicamos todas essas situações, o mapa rende uma vitória para Biden com 306 delegados.
Na madrugada, o Predict It chegou a virar a favor de Trump. Mas agora também está calculando 306 delegados para Biden.
Está valendo. Como esperado, Donald sai na frente, mas o placar segue em zero.
A contagem está mais avançada no Google, e a diferença já caiu para 5 pontos percentuais.
A apuração começou por Indiana e Kentucky, dois estados marcados como "safe" para Trump. São 19 votos no Colégio Eleitoral, o natural é que Biden perca em ambos.