Ontem inventei de rever o documentário sobre Senna, e precisei de uns 40 minutos para me "recobrar" depois.
Os argentinos costumam dar muito mais importância ao título da Copa de 1986 do que ao de 1978. Era uma forma de se reencontrar como nação após uma ditadura sangrenta. E de deixar certas dores no passado.
Eu desconfio que as pessoas que tentam ressignificar Ayrton Senna como uma figura negativa não levam em consideração o contexto da época. O Brasil vinha passando por um lento e cansativo processo de redemocratização, mas as glórias continuavam bem no passado.
Nem o futebol dava alegria.
E, de repente, era possível sete vezes por ano amanhecer no domingo e se sentir melhor do mundo em algo.
Isso não tinha preço. E o tetra não foi dedicado a ele por acaso.
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Há uns anos, um amigo me deu um dica valiosa sobre como combater essa “máquina do ódio”. Era basicamente da mesma forma que se combate golpistas de rua: explicando às possíveis vítimas como o golpe funciona.
Vimos o macete em uso nos Estados Unidos recentemente. Com muita antecedência, a imprensa antecipou ao público as armadilhas que Trump preparava. Quando o presidente americano fingiu vencer, a cena de fato indignou, mas não surpreendeu. E poucos foram às ruas endossar a loucura.
Então vale destacar que Crivella não está apenas desesperado. Ele está sacando uma das jogadas mais sujas dessa “máquina do ódio”. Que é a de associar adversários políticos com pedofilia.
Na primeira vez que vi a turma revoltada com Átila, ele trazia a informação de que um estudo calculara que a vida não voltaria ao normal antes de 2022. O pessoal estava achando que esse pesadelo não duraria três meses. Há uma semana, completei oito meses em casa, e contando.
Na segunda, ele alertava que não seríamos vacinados este ano. E já estamos em 18 de novembro
Na terceira, descontextualizaram o que ele falou sobre um milhão de mortes. O que só serviu para minimizar o significado de 90 mil mortes. Estamos indo pra 170 mil no que pode ser o início de uma segunda onda.
O problema de forçar essa barra de dizer que o centrão não é centro, mas de direita (por se aliar de Bolsonaro), é que o centrão foi base de Temer, Dilma e Lula. O que finda dando razão ao PSTU, que repetia direto que o PT era de direita.
(O centrão é governo, qualquer governo.)
Gente, o centrão não sabe nem o que é ideologia. O centrão quer que o presidente da vez libere emendas para recapear asfalto, reformar praça, trocar iluminação e comprar uma ambulância para levar doente até a capital.
E não faz isso por altruísmo. Mas porque o empresário que bancou o carro de som na campanha possui uma fábrica de tijolos. E vai vender tijolos para a prefeitura fazer a reforma.
Agora vem cá, esquerdista brasileiro, eu quero conversar com você.
No Reino Unido, a esquerda apostou em um discurso cada vez mais radical, puro, sem abertura ao diálogo. Veio a eleição, Boris Johnson saiu ainda mais forte, o Brexit se consolidou, a União Europeia está hoje mais fraca.
Nos Estados Unidos, o dono desse discurso mais radical, puro, sem abertura a diálogo, era Bernie Sanders. No palco, ele realmente dava show, empolgava. Na planilha, Trump se dava bem em cima dele, enquanto perdia para Joe Biden.
A gente entra na terapia, quando sai, está o presidente dos Estados Unidos tentando um autogolpe.
Aqui no Brasil, pouco podemos fazer contra isso. Eu só espero que alguns amigos, que abandonaram o bolsonarismo, mas não abandonaram o trumpismo, repensem a postura que vinham tendo.
Porque vocês estão apoiando um projeto de ditador que tenta acabar com a democracia mais importante do planeta.
O que mais me incomoda nas críticas ao sistema eleitoral americano é o uso do brasileiro como exemplar, coisa que ele não é, tanto que não é copiado por nenhuma democracia consolidada.
Nossa maior proteção continua sendo a incompetência dos que têm interesse em burlá-lo.
Mas fica claro na invasão aos bancos de dados do STJ os riscos que corremos.
Dizer isso não significa apoiar as sandices de Bolsonaro. Aliás... A solução que ele aprovou na época em que Cunha presidiu a Câmara era uma mera repetição do que o STF já havia derrubado anos antes. Foi só perda de tempo e recurso público.