Recentemente publicado na forma de preprint na biorxiv, pesquisadores americanos lançam a hipótese de que a imunidade pode durar anos, talvez décadas, segundo seus dados.
Os pesquisadores mediram, simultaneamente, níveis de anticorpos circulantes, presença de céls. B e T (CD4+ e T CD8+) específicas para SARS-CoV-2 e presença de céls. Natural Killer, uma célula do sist. imunológico que ataca outras células infectadas, p. ex., de forma inespecífica
A análise foi feita em um grupo de 185 homens e mulheres, com idades entre 19 e 81, que se recuperaram da COVID-19, analisados 8 meses após a infecção.
A maioria apresentou sintomas leves, não necessitando de hospitalização; a maioria forneceu apenas uma amostra de sangue, mas 38 forneceram várias amostras ao longo de muitos meses.
Após 8 meses, os pesquisadores observaram que a maioria das pessoas apresentaram um número significativo de células que poderiam neutralizar uma próxima infecção pelo SARS-CoV-2.
Além disso, cada um desses componentes teria uma dinâmica ao longo do tempo diferente, mas que, no geral, a redução da resposta ao longo do tempo seria lenta.
Somando com outros dados disponíveis, como a persistência de células B e T ao longo de 3 meses após a infecção por SARS-CoV-2 +
bem como dados da presença de memória imunológica 17 anos após a recuperação de indivíduos que foram infectados pelo vírus da SARS (SARS-CoV, pandemia de 2002-2003), e que poderia ter algum tipo de reação cruzada para reconhecer o SARS-CoV-2 +
(os dados anteriormente citados) estimulam a conclusão que a nossa memória imunológica da COVID-19 será longa.
No entanto, o presente estudo tem limitações: analisar apenas 2 pontos específicos ao longo do tempo gera uma dificuldade metodológica para modelar quanto tempo essa resposta decairia/duraria.
Estudos longitudinais de longo prazo, ou seja, acompanhar os indivíduos ao longo de um grande período de tempo é o que realmente vai nos dar indicativos da duração dessa resposta. Por isso a fase IV é tão importante.
A fase IV vem após a conclusão da fase III, com a aprovação a partir dos órgãos fiscalizadores para a vacinação da população. A partir dela, selecionamos alguns participantes para compor a fase IV e analisar, ao longo do tempo, como essa resposta imune se comportará.
Naturalmente, com os dados que temos disponíveis, é precoce afirmar que “essa quantidade de memória provavelmente impediria a grande maioria das pessoas de contrair doenças hospitalizadas, doenças graves, por muitos anos” (trecho retirado da reportagem, traduzido livremente)
Temos a reunião de muitos dados promissores, sem dúvida, mas a investigação, principalmente da fase IV, é quem baterá o martelo.
É legal ver evidências iniciais começando a apontar para um lado comum, mostra que é promissor. Mas bater o martelo? Só depois de um estudo robusto num tempo amplo.
Lembrando que a queda de anticorpos que muitas pessoas experimentam após a infecção é algo esperado. No entanto, a presença de células de memória podem mobilizar uma nova onda de anticorpos caso uma segunda infecção aconteça no corpo.
Resumindo? Achei promissor, mas ainda num nível de evidência que precisa de maiores ocnfirmações, estudos mais robustos e de mais tempo e que realmente, é difícil fazermos nesse momento.
Publicado ontem os resultados da fase 2/3 da AstraZeneca na @TheLancet - Ainda não temos dados de eficácia, porém o trabalho traz muitos dados legais de tolerância aos efeitos adversos, em diferentes idades!
A AstraZeneca já havia publicado anteriormente seus dados preliminares de fase 1/2, em adultos com idade entre 18-55 anos, mostrando que a vacina é bem tolerada e gera anticorpos neutralizantes robustos e respostas imunes celulares contra a prot. S
Segundo a reportagem, o acordo prevê o fornecimento de doses suficientes para imunizar alguns milhões de brasileiros no primeiro semestre do ano que vem, e será firmado após a aprovação da @anvisa_oficial
Teremos todo o desafio logístico, conforme já mencionado aqui, no entanto, em nota: "A Pfizer elaborou um plano logístico detalhado com ferramentas para apoiar o transporte eficaz, armazenamento e monitoramento contínuo da temperatura da vacina"
"Para isso, foi desenvolvida uma embalagem especial (em formato de caixa) com temperatura controlada, fácil de transportar e manipular, que utiliza gelo seco para manter a condição de armazenamento recomendada (…) por até 15 dias”, informa a nota.
Dos 170 eventos 162 forma no grupo placebo, indicando uma boa eficácia de proteção por parte da vacina desenvolvida por eles no desenvolvimento da COVID-19
Nesse texto, comento os desafios no caso da Pfizer para distribuição e logística, bem como "e no Brasil?"
Moderna noticiando algumas informações sobre sua vacina! 95 eventos analisados, 90 estavam no grupo que recebeu o placebo. Foram notificados 11 casos graves - todos em pessoas que receberam o placebo, indicando que quem recebeu a vacina, acabou tendo a proteção
Com os casos de covid-19 confinados quase exclusivamente aos participantes do ensaio que receberam um placebo, isso envia um forte sinal de que a vacina é eficaz para impedir o vírus.
O dado ainda não está publicado, nem na forma de preprint, no entanto, SABEMOS que precisamos ESPERAR até 151 eventos para poder ter um valor apropriado de eficácia, para assim enviá-lo às agências fiscalizadoras e de análise
Há e haverá muita aglomeração para comemorar a vitória dos candidatos.
Há e haverá muita gente sem máscara, achando que se pegar, não será nada ou que não pegará de forma alguma
Permita-me te lembrar algumas coisinhas abaixo 1
1) o vírus contamina usando uma lógica bem simples: tem aglomeração? Tá desprotegido? Não se higienizou? No meio disso, entrou em contato com alguém positivo?
Pegou, quer você se ache acima da infecção do vírus ou não. Quer você ache que não acontecerá contigo ou não
2) "ah mas não acontecerá comigo". Estamos vendo casos de covid longa, em que mesmo pessoas que se recuperaram bem da infecção inicial, podem ter sequelas. Sequelas de vários tipos, duradouras e que podem te acompanhar por um tempo sem estimativa - vale a pena?