Hoje preparei um fiozinho diferente, ressaltando a importância da vigilância da circulação e novos vírus e outros agentes infecciosos.

Vamos falar um pouco do Chapare vírus, alvo de notícia essa semana

Acompanha o fiozinho, pufavô? 🧶
Link da @bbcbrasil sobre a notícia: bbc.com/portuguese/int…
Primeiro, quem são os chapare vírus?

Pertencem a família Arenaviridae que tem como característica causar febre hemorrágica (febre hemorrágica do Chapare, especificamente).
Em 2003, foi identificado o primeiro surto em uma aldeia de Samuzabeti, província de Chapare (daí o nome), Bolívia. Um pequeno número de pessoas foi infectado, ocorrendo uma morte.

newscientist.com/article/dn1373…
Em 2019, dois pacientes transmitiram o vírus a três profissionais de saúde em La Paz - Bolívia. Um dos pacientes e dois profissionais de saúde morreram

theguardian.com/science/2020/n…
No geral, não sabemos exatamente como aconteceu a transmissão inicial. Os arenavírus costumam ser transmitidos a seres humanos pelo contato direto (mordidas/arranhões) com roedores infectados e também pelo contato com saliva, urina ou fezes desses animais.
Durante uma apresentação à Sociedade Americana de Medicina Tropical e Higiene, foi confirmada a transmissão entre pessoas do vírus Chapare, na Bolívia. A descoberta é fruto da colaboração do CDC, OPAS e do Centro Nacional de Doenças Tropicais da Bolívia

bbc.com/portuguese/int…
Essa afirmação acima é baseada no que conhecemos de outros arenavírus. Ainda precisamos entender bem como aconteceu/acontece no caso do Chapare, e investigações paralelas estão já sendo conduzidas.

Preciso me desesperar? Não
Diante do pequeno número de casos documentados, são necessárias mais pesquisas para compreender como o vírus se propaga e causa a doença, e na vigilância desse vírus deve ser realizada para monitoramento da transmissão
A reportagem traz uma informação interessante: apesar da transmissão por fluidos corporais costumar ser contida com menos dificuldade do que vírus transmitidos pelo ar (com o SARS-CoV-2), essa descoberta abre a possibilidade de surtos maiores no futuro
Ainda, segundo a reportagem, "os cientistas, porém, não descartam a possibilidade de que, no intervalo de 16 anos entre o caso inicial e os de 2019, o Chapare tenha circulado sem ter sido identificado, confundido com outras doenças"
"Como os sintomas são semelhantes aos da dengue, há a possibilidade de que tenha sido diagnosticado de maneira errada", observa Morales-Betoulle, um dos pesquisadores responsáveis pela pesquisa com esse vírus.
Áreas agrícolas que tem circulação de roedores selvagens que poderiam estar contaminados podem ser um local de atenção. Há evidência preliminar do vírus em roedores na região do surto, mas ainda não há confirmação de que eles foram os causadores da doença.
A doença hemorrágica causada pelo Chapare ainda não tem um tratamento específico, os pacientes, assim, recebem apenas cuidados para aliviar os sintomas, como fluidos intravenosos e remédio para aliviar a dor

Questões relacionadas a período de incubação, etc, são bem limitadas
Um estudo de 2008 apontou (imagem abaixo) a proximidade geográfica do Chapare com outros dois vírus que também causam febre hemorrágica: Machupo e Latino vírus.

ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/P…
Aqui no Brasil, é conhecido o Sabiá vírus, também pertencente a família dos arenavírus, que causa febres hemorrágicas (FH). De uma forma similar, também infecta roedores silvestres e, eventualmente, seres humanos.

drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sint…
Em 11/01/2020, um homem de 52 anos, morador de Sorocaba - SP, faleceu de FH. Outras doenças também com sintomas parecidos aos da febre hemorrágica brasileira– hepatites virais, zika, chikungunya, leptospirose – foram investigadas e descartados
Num esforço de vários especialistas em parceria com o Laboratório de Técnicas Especiais do Hospital Albert Einstein (SP), descobriram o causador, um Mammarenavírus, gênero dos vírus da família Arenaviridae, provavelmente uma variante da família sabiá
Apesar de essa variante viral, quando comparada a descoberta nos anos 90, terem 88% de pontos em comum, não são iguais. Trata-se de um vírus novo que precisa ter identificadas as semelhanças e diferenças para estabelecer o risco de infecção que pode oferecer.
Sobre o caso acima citado, a matéria do Portal Drauzio Varella está MARAVILHOSA e recomendo ler do início ao fim: drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sint…
O que aprendemos aqui?

1) A não nos desesperar, vigilância É importante, estar sempre acompanhando a dinâmica de agentes infecciosos de importância na saúde é algo que deve receber, cada vez mais, investimentos
2) Apesar de a transmissão parecer mais limitada que a de vírus respiratórios, é uma família que vamos precisar estar de olho daqui pra frente

3) Sempre tem um cientista que está nos avisando sobre algo...

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Publicado ontem os resultados da fase 2/3 da AstraZeneca na @TheLancet - Ainda não temos dados de eficácia, porém o trabalho traz muitos dados legais de tolerância aos efeitos adversos, em diferentes idades!

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thelancet.com/journals/lance…
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msn.com/pt-br/saude/me…
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biorxiv.org/content/10.110…

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redeaanalisecovid.wordpress.com/2020/11/17/vac…
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O dado ainda não está publicado, nem na forma de preprint, no entanto, SABEMOS que precisamos ESPERAR até 151 eventos para poder ter um valor apropriado de eficácia, para assim enviá-lo às agências fiscalizadoras e de análise
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1) o vírus contamina usando uma lógica bem simples: tem aglomeração? Tá desprotegido? Não se higienizou? No meio disso, entrou em contato com alguém positivo?

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