Pertencem a família Arenaviridae que tem como característica causar febre hemorrágica (febre hemorrágica do Chapare, especificamente).
Em 2003, foi identificado o primeiro surto em uma aldeia de Samuzabeti, província de Chapare (daí o nome), Bolívia. Um pequeno número de pessoas foi infectado, ocorrendo uma morte.
Em 2019, dois pacientes transmitiram o vírus a três profissionais de saúde em La Paz - Bolívia. Um dos pacientes e dois profissionais de saúde morreram
No geral, não sabemos exatamente como aconteceu a transmissão inicial. Os arenavírus costumam ser transmitidos a seres humanos pelo contato direto (mordidas/arranhões) com roedores infectados e também pelo contato com saliva, urina ou fezes desses animais.
Durante uma apresentação à Sociedade Americana de Medicina Tropical e Higiene, foi confirmada a transmissão entre pessoas do vírus Chapare, na Bolívia. A descoberta é fruto da colaboração do CDC, OPAS e do Centro Nacional de Doenças Tropicais da Bolívia
Essa afirmação acima é baseada no que conhecemos de outros arenavírus. Ainda precisamos entender bem como aconteceu/acontece no caso do Chapare, e investigações paralelas estão já sendo conduzidas.
Preciso me desesperar? Não
Diante do pequeno número de casos documentados, são necessárias mais pesquisas para compreender como o vírus se propaga e causa a doença, e na vigilância desse vírus deve ser realizada para monitoramento da transmissão
A reportagem traz uma informação interessante: apesar da transmissão por fluidos corporais costumar ser contida com menos dificuldade do que vírus transmitidos pelo ar (com o SARS-CoV-2), essa descoberta abre a possibilidade de surtos maiores no futuro
Ainda, segundo a reportagem, "os cientistas, porém, não descartam a possibilidade de que, no intervalo de 16 anos entre o caso inicial e os de 2019, o Chapare tenha circulado sem ter sido identificado, confundido com outras doenças"
"Como os sintomas são semelhantes aos da dengue, há a possibilidade de que tenha sido diagnosticado de maneira errada", observa Morales-Betoulle, um dos pesquisadores responsáveis pela pesquisa com esse vírus.
Áreas agrícolas que tem circulação de roedores selvagens que poderiam estar contaminados podem ser um local de atenção. Há evidência preliminar do vírus em roedores na região do surto, mas ainda não há confirmação de que eles foram os causadores da doença.
A doença hemorrágica causada pelo Chapare ainda não tem um tratamento específico, os pacientes, assim, recebem apenas cuidados para aliviar os sintomas, como fluidos intravenosos e remédio para aliviar a dor
Questões relacionadas a período de incubação, etc, são bem limitadas
Um estudo de 2008 apontou (imagem abaixo) a proximidade geográfica do Chapare com outros dois vírus que também causam febre hemorrágica: Machupo e Latino vírus.
Aqui no Brasil, é conhecido o Sabiá vírus, também pertencente a família dos arenavírus, que causa febres hemorrágicas (FH). De uma forma similar, também infecta roedores silvestres e, eventualmente, seres humanos.
Em 11/01/2020, um homem de 52 anos, morador de Sorocaba - SP, faleceu de FH. Outras doenças também com sintomas parecidos aos da febre hemorrágica brasileira– hepatites virais, zika, chikungunya, leptospirose – foram investigadas e descartados
Num esforço de vários especialistas em parceria com o Laboratório de Técnicas Especiais do Hospital Albert Einstein (SP), descobriram o causador, um Mammarenavírus, gênero dos vírus da família Arenaviridae, provavelmente uma variante da família sabiá
Apesar de essa variante viral, quando comparada a descoberta nos anos 90, terem 88% de pontos em comum, não são iguais. Trata-se de um vírus novo que precisa ter identificadas as semelhanças e diferenças para estabelecer o risco de infecção que pode oferecer.
1) A não nos desesperar, vigilância É importante, estar sempre acompanhando a dinâmica de agentes infecciosos de importância na saúde é algo que deve receber, cada vez mais, investimentos
2) Apesar de a transmissão parecer mais limitada que a de vírus respiratórios, é uma família que vamos precisar estar de olho daqui pra frente
3) Sempre tem um cientista que está nos avisando sobre algo...
Publicado ontem os resultados da fase 2/3 da AstraZeneca na @TheLancet - Ainda não temos dados de eficácia, porém o trabalho traz muitos dados legais de tolerância aos efeitos adversos, em diferentes idades!
A AstraZeneca já havia publicado anteriormente seus dados preliminares de fase 1/2, em adultos com idade entre 18-55 anos, mostrando que a vacina é bem tolerada e gera anticorpos neutralizantes robustos e respostas imunes celulares contra a prot. S
Segundo a reportagem, o acordo prevê o fornecimento de doses suficientes para imunizar alguns milhões de brasileiros no primeiro semestre do ano que vem, e será firmado após a aprovação da @anvisa_oficial
Teremos todo o desafio logístico, conforme já mencionado aqui, no entanto, em nota: "A Pfizer elaborou um plano logístico detalhado com ferramentas para apoiar o transporte eficaz, armazenamento e monitoramento contínuo da temperatura da vacina"
"Para isso, foi desenvolvida uma embalagem especial (em formato de caixa) com temperatura controlada, fácil de transportar e manipular, que utiliza gelo seco para manter a condição de armazenamento recomendada (…) por até 15 dias”, informa a nota.
Recentemente publicado na forma de preprint na biorxiv, pesquisadores americanos lançam a hipótese de que a imunidade pode durar anos, talvez décadas, segundo seus dados.
Dos 170 eventos 162 forma no grupo placebo, indicando uma boa eficácia de proteção por parte da vacina desenvolvida por eles no desenvolvimento da COVID-19
Nesse texto, comento os desafios no caso da Pfizer para distribuição e logística, bem como "e no Brasil?"
Moderna noticiando algumas informações sobre sua vacina! 95 eventos analisados, 90 estavam no grupo que recebeu o placebo. Foram notificados 11 casos graves - todos em pessoas que receberam o placebo, indicando que quem recebeu a vacina, acabou tendo a proteção
Com os casos de covid-19 confinados quase exclusivamente aos participantes do ensaio que receberam um placebo, isso envia um forte sinal de que a vacina é eficaz para impedir o vírus.
O dado ainda não está publicado, nem na forma de preprint, no entanto, SABEMOS que precisamos ESPERAR até 151 eventos para poder ter um valor apropriado de eficácia, para assim enviá-lo às agências fiscalizadoras e de análise
Há e haverá muita aglomeração para comemorar a vitória dos candidatos.
Há e haverá muita gente sem máscara, achando que se pegar, não será nada ou que não pegará de forma alguma
Permita-me te lembrar algumas coisinhas abaixo 1
1) o vírus contamina usando uma lógica bem simples: tem aglomeração? Tá desprotegido? Não se higienizou? No meio disso, entrou em contato com alguém positivo?
Pegou, quer você se ache acima da infecção do vírus ou não. Quer você ache que não acontecerá contigo ou não
2) "ah mas não acontecerá comigo". Estamos vendo casos de covid longa, em que mesmo pessoas que se recuperaram bem da infecção inicial, podem ter sequelas. Sequelas de vários tipos, duradouras e que podem te acompanhar por um tempo sem estimativa - vale a pena?