não vou escrever nada sobre o assassinato racista no Carrefour. Companheiros/as e camaradas já escreveram tudo o que tinha para ser escrito e sei que já tem muitas pessoas tomando providências.
Quero falar de outra coisa. Vamos falar de medo.
Ser negro no Brasil significa sentir medo, muito medo. É desde os 11 anos de idade, andar com RG no bolso com medo de ser parado pela PM. É ouvir a sirene de uma viatura e sentir o coração disparar. É tá num lugar com muito playboy e sentir medo de ser atacado. É medo.
É entrar num lugar e o segurança ficar te acompanhando e saber que você pode, a qualquer momento, ser acusado de roubo ou "confundido" com alguém e apanhar ou levar uns tiros. É não andar na rua de noite de boas, imaginado que pode encontrar a polícia e ser arregaçado.
Eu lembro como se fosse hoje do dia que estava no vídeogame com amigos, a PM chegou para fazer revista, mandou todo mundo sair devagar e com a mão na cabeça e aí deu uma coronhada nas minhas costas que eu cai e gritei muito. Fiquei 9 dias com dores nas costas e a região inchada.
Eu poderia ter ficado paraplégico. Um golpe nas costas pode causar isso. Entraria para uma cadeira de rodas com 16 anos. E sabe o que aconteceria? Um grande nada. No máximo, uma ou outra notícia na mídia, e só. Talvez não estivesse nem vivo mais se isso tivesse acontecido.
Acho importante lembrar disso. Especialmente vocês, que adoram dizer que pessoas como eu são violentos, agressivos, autoritários etc. Vocês, no seu mundo branco, não sabem o que é esse medo onipresente e onisciente. E eu espero que nunca saibam. Não é uma sensação boa.
Tento manter o mínimo de preparo físico, também, para situações como essa. No dia que a hora chegar, no mínimo, quero dar trabalho. Todo dia podemos ser vítima. E eu não quero ser vítima. Eu quero ser algoz dos que vitimizam meu povo. E não abro mão do meu ódio de classe e raça!
É um ódio justo, necessário, imprescindível. É necessário odiar, odiar muito, essa lógica social, esse capitalismo dependente racista, que coloca um alvo em nossa testa e todo dia grita: hoje pode ser o seu dia.
"Tô cansado de apanhar, tá na hora de bater"
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Já falei na semana passada e vou repetir. Eu, até agora, não sou autor de nenhuma novidade no marxismo e no âmbito das ciências humanas. Muitos dos debates, críticas, conceitos e categorias que uso são fruto dos debates na periferia do capitalismo +
e meu trabalho principal, nesse momento, é divulgar e socializar esses debates e usá-los para compreender a realidade brasileira. Por qual motivo isso é importante? É incrível os chiliques violentos, autoritários, agressivos e caluniadores que os defensores de Hannah Arendt tem!
mas o curioso é que eu não sou bem original nesse debate. Tem um argumento central, expresso no Raça, Classe e Revolução, onde acho que fui original e nenhum outro crítico de Hannah Arendt - dos que eu conheço - percebeu o que percebi, mas fora isso, tudo debate conhecido.
Oi, @jeanwyllys_real, tudo bem? Uma dúvida. Você considera normal sair fazendo xingamentos como esse aí no print? "Doutrinador stalinista" e "sem conhecimento sobre Hannah Arendt"? Seria ótimo, para provar seu ponto, pegar o livro Raça, Classe e Revolução e fazer uma crítica +
Aliado a isso, o quão irresponsável você é para insinuar "também homofóbicos e antissemitas"? O fato de colocar entre parentes que não sabe se "é o caso desse", não muda o caráter de insinuação leviana. Ainda acrescento, @jeanwyllys_real, que sua forma se se dirigir a mim mostra+
mostra uma dose interessante de desprezo e rancor. O que, claro, é direito seu, mas não deixa de ser curioso mostrar esse desprezo e rancor por mim, que dentre outras coisas sou um homem negro, e defender um texto racista no mesmo post.
Agora que tá quase acabando a votação, posso falar uma coisa. Eu não vejo problema nenhum em candidatos pela esquerda militares ou policiais. Antes o contrário. É sintoma de força política-ideológica a penetração de massa força no meio militar, como o PCB tinha antes de 1964.
Eu também não acho que toda representação simbólica militar tem necessariamente caráter reacionário, em especial considerando a história da América Latina - não preciso lembrar do simbolismo de Chávez, Fidel, Che, Lamarca, Nelson Werneck Sodré.
Acho uma crítica bem despolitizada e de conteúdo esquerdista quem criticou o vice da Renata Souza por ser militar ou a Martha Rocha por ser delegada. Essa "crítica" por si só, nem é uma crítica. A crítica mesmo é o histórico de atuação, o que defendem, o que pensam etc.
Venho defendendo faz um tempo que o liberalismo mente e falsifica sua história por ter como princípio de legitimidade não o que oferece, mas um terrorismo psicológico permanente. Basicamente, hoje, o liberalismo não oferece perspectiva de +
futuro, melhoras socioeconômicas e avanço civilizatório. Logo, necessita se legitimar afirmando que toda e qualquer alternativa é um inferno na Terra, um reino de totalitarismo, terror, miséria e fome. É a lógica simples estilo +
“sua vida não é boa, mas me abandonando, pode piorar”. É a “filosofia” neoliberal do “não há alternativa” no nível psicossocial
Para amparar esse terrorismo psicológico, é necessário apresentar o liberalismo como um reino de democracia, direitos humanos e liberdades individuais+
Uma parte da esquerda brasileira não marxista se comporta segundo o bordão de Margaret Thatcher: "não há alternativa". Não pensam em como mudar a correção de forças, abrir novas possibilidades de ação, transformações estruturais, reformas profundas (para não falar de revolução).
Atuam com base em um terrorismo psicológico tacanho. A ideia é sempre baixar as bandeiras, rebaixar o programa, suavizar o discursos, ampliar a direita as alianças, assumir cada vez mais elementos das políticas de direita e tudo isso justificado na ideia de evitar mal maior.
Não tem problema nenhum, em DETERMINADOS MOMENTOS, atuar na perspectiva de reduzir danos. Recuo tático faz parte da arte da guerra e da política. O problema é que para essas pessoas, isso não é recuo tático, mas a forma estratégica de fazer política. Rebaixar e recuar sempre!
Ninguém tá cobrando se assumir comunista ou ler Marx. Mas dizer que países como China e Vietnã tiveram o sucesso no combate ao covid por causa de "autoritarismo" é legitimar o neoliberalismo e o liberalismo econômico, ajudando, inclusive, a fortalecer opiniões anti-SUS.
Acompanha! Ao invés de pensarmos os impactos de mais de 30 anos de neoliberalismo no mundo e toda destruição da saúde, condições sanitárias, moradia, senso de coletividade e responsabilidade social, planejamento público e afins, falamos que não deu certo porque somos democráticos
É como falar: a política econômica das últimas décadas não é determinante na hora de reagir ao covid. Determinante é o suposto nível de "liberdade individual" e "controle autoritário" do estado.
Percebeu como isso deixa na sombra o fato de que, por exemplo, enquanto a China +