Thread by @_makavelijones

Sobre vigilância, inteligência e contra-inteligência.

A maioria de vocês já deve ter visto a reportagem do UOL sobre pessoas críticas do governo e sua política econômica que são vigiadas e monitoradas em suas redes. Eu sou um dos monitorados.

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Desde o Governo Temer, há um processo de fortalecimento dos serviços de inteligência e espionagem da lógica de combate ao "inimigo interno". Alguém pode dizer: "mas eles sempre monitoraram". Sim e não.

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O peso dos órgãos de inteligência e espionagem na governança cresceu e a noção do "inimigo interno" está no centro do poder como nunca desde o fim do Governo Sarney.

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Conhecendo um pouco o padrão dos órgãos de inteligência, aparelhos como o GSI tiveram acesso a esse relatório sobre os 81 "críticos do governo". Eu venho dizendo, desde o final de 2019, que tem algo diferente acontecendo.

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Uso a internet desde 2012. Sempre tive brigas, disputas, discussões. Tudo normal. Porém, desde 2019, começou a acontecer algo diferente. Ações de difamação coordenadas com vários perfis falsos e boots operando em horários específicos e com lógica de escala crescente.

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Comentei três vezes esse ano que os padrões de ação lembram muito o "manual de contra-inteligência do Exército brasileiro", objeto de reportagem do Luis Nassif em 2011. Falar disso não significa que eu não erro, que não sou passível de crítica ou que toda disputa política 👇

é resultado de uma mão oculta do GSI. Nunca falei nada próximo disso. E não falei nada disso por duas razões:

- não sou paranoico;
- não sou ignorante no tema e sei mais ou menos como funciona a coisa.
Um exemplo básico e até certo ponto, tosco.
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Luther King tinha depressão e tendências suicidas. O perfil psicológico traçado pelos órgãos de inteligência dos EUA afirmava o medo de perder o respeito na sua comunidade era fator de instabilidade emocional constante em King e, caso algum escândalo explodisse, as chances de 👇

ele se matar eram grandes. King traía a esposa, o FBI descobriu e fazia ligações e enviava cartas anônimas afirmando que iria revelar para a imprensa, numa lógica de terror psicológico permanente, deteriorando seu estado mental e esperando ele se matar.

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O FBI não contratou uma mulher para seduzir King. Ele realmente traiu sua esposa. O que quero mostrar é que se aproveitavam de uma falha real, de um problema que existia, para atuar sobre ele e potencializar seus efeitos negativos na imagem da pessoa.

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É basicamente isso que eu digo para vários amigos que está acontecendo neste 2020. Um padrão de ação muito típico de operações de assassinato de reputação.
Digo mais. Vou adiantar o próximo passo. Nos últimos cinco meses, começou uma lógica do que se chama de “operação mosaico”

O que é isso? Simples.

Você sai criando várias histórias sobre uma pessoa e divulgando em nichos específicos. Nenhuma das histórias, isoladamente, vai destruir a imagem da pessoa, mas vai afastando um ou outro, criando um espectro de desconfiança, gerando boatos etc.

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Um belo dia, porém, chega um jornalista, veículo de informação ou algo assim, junta todas as micro-histórias, tratadas como fontes fidedignas, e solta um grande material provando que o sujeito é X ou Y e apontando todas as outras micro histórias como indícios só agora reunidos.

Até março do 2021, aposto que isso irá acontecer (gravem essa data).

Por fim, reforço. Não estou dizendo que não posso ser criticado ou que eu não erro.

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Eu estou dizendo que tem um padrão de ação muito explícito que lembra as operações de destruição de reputação típicas de agências de espionagem e inteligência. É isso mesmo? Não sei.

Um dia, quem sabe, a gente descobre.