Rayane Alves, a garota de 16 anos que foi morta após aceitar carona:
⚠️ ATENÇÃO: O conteúdo a seguir aborda abusos sexuais e homicídio. Caso não se sinta confortável, recomendamos que não prossiga com a leitura.
Segundo a família de Rayane Paulino Alves, o primeiro nome da moça significaria “raio de sol” ou “aquela que veio para brilhar” e, de fato, os familiares da jovem relembram os momentos com Rayane alegremente, enfatizando como era carinhosa e bem-humorada.
A vítima de 16 anos, residente de Mogi das Cruzes, era estudante do segundo ano do ensino médio, cursava inglês e estagiava numa indústria automobilística.
Era muito próxima a família e todos gostavam dela.
Num sábado, dia 20 de outubro de 2018, Rayane juntamente a duas amigas — que são irmãs, planejava aproveitar a noite numa festa que ocorreria num sítio em Mogi das Cruzes. O combinado era que se quisesse ir embora Rayane deveria chamar seus pais, que viriam buscá-la.
A festa era open bar e as bebidas estariam liberadas para todos que tivessem a pulseira vendida na entrada sem restrição de idade. As amigas que acompanharam Rayane, em depoimento à Delegacia de Mogi das Cruzes, afirmaram que a jovem teria consumido álcool e passou mal.
Mas que por volta de meia hora após ter alegado o enjoo, tomou um pouco d’água e comeu um pirulito doce, supostamente se recuperou então voltou a dançar e curtir a festa.
A perícia policial ao investigar o celular de Rayane, encontrado na rodovia Dutra, descobriu uma conversa com um amigo do local onde estagiava, a jovem mandou áudios nos quais soava claramente alterada, embora insistisse, quando questionada pelo colega que não estava bêbada.
Também falou que queria ficar sozinha mas as amigas não deixavam. O amigo enviou sua última mensagem à Rayane às 23:47 de sábado mas ela não responde. Já na madrugada de domingo, teria afirmado para as amigas que seu pai estava a caminho do sítio e começou a se despedir.
As irmãs se ofereceram para irem juntas até a saída, e assim o fizeram; porém, no meio do caminho, Rayane disse que poderiam retornar e que ela iria de encontro ao seu pai sozinha. Declarando confiar na amiga, as acompanhantes de Rayane a deixaram ir e voltaram à festa.
Segundo a investigação, Rayane realmente saiu do local; mas desacompanhada de seu pai — ou de qualquer outra pessoa. A jovem saiu do sítio e passou a caminhar no sentido de Guararema, cidade vizinha a Mogi das Cruzes.
No trajeto, um motorista de aplicativo que foi interrogado pela polícia, informou ter encontrado Rayane na rodovia. Ela disse a ele que gostaria de ir para Mogi; entretanto, conforme explicou o motorista, ela estava caminhando no sentido contrário ao seu destino de interesse.
O motorista a ofereceu carona até a rodoviária, para ela pegar um ônibus para Mogi, e a moça aceitou. Chegando no local por volta da 1h, Rayane ficou vagando pela rodoviária, até ser abordada por Michel Flor da Silva de 28 anos, o segurança da Rodoviária de Guararema.
O homem a ofereceu água e uma jaqueta, ambos recusados por Rayane; e após conversarem um pouco, o segurança a prometeu que a levaria até a sua cidade e a jovem aceitou a carona.
Para o delegado responsável, a intenção do segurança, a partir do momento que visualizou a garota, era puramente sexual, sendo a carona um meio para que ficasse a sós com a jovem.
O conjunto probatório juntado para o julgamento de Michel, segundo angelo, aponta que ele teria deixado a rodoviária já em direção a Jacareí, na qual estava a localização em que pretendia manter a relação sexual, independentemente do consentimento da garota.
O segurança deu outra versão alegando que estava em direção a Mogi até Rayane sugerir que fossem curtir mais, momento em que teria mudado a rota para Jacareí. O rastreador do celular de Rayane mostra que os dois foram até Jacareí e, possivelmente, à cidade de São José dos Campos.
O delegado relata que teriam iniciado o ato no acostamento da rodovia Dom Pedro. Michel ao ser interrogado, não mostrou muita resistência e admitiu o crime; seu depoimento se contradizia, logo admitiu ser culpado; mas negou tê-la estuprado pois a relação foi consensual.
Segundo a versão de Michel ela se arrependeu após concluírem o ato, chutava-o e gritava que ele a estuprou e a polícia o pegaria.
Às 2h10min da madrugada, uma chamada para o 190 foi feita pelo celular de Rayane, durou apenas 14 segundos, mas nunca foi completada.
Especula-se que esse foi o momento no qual Michel, que possui experiência em artes marciais e capoeira, aplicou um “mata-leão” em Rayane, que logo desmaiou. Michel levou a garota inconsciente até uma área de mata em Guararema, e ao chegar lá checou o pulso dela.
Viu que continuava viva, e com medo de ser acusado por estupro, Michel pegou a bota que Rayane usava — mais tarde foi encontrada no assoalho do carro —, retirou o cadarço e o utilizou para estrangular a vítima até a morte por asfixia.
Retirou o cadáver do veículo e deixou numa parte afastada de Guararema, num matagal. Após 8 dias de buscas pela polícia moradores, incluindo o uso de cães farejadores e helicóptero Águia o corpo foi encontrado no mesmo local em que fora deixado pelo autor do crime.
A mãe de Rayane há dias não dormia por não saber onde ela estava,
distribuía cartazes pela cidade e tentava contribuir com as buscas de toda maneira. Quando se encerraram, Marlene foi chamada ao IML para reconhecer um cadáver em avançado estágio de decomposição.
Aos prantos, a mãe pôde confirmar a identidade do corpo pelo esmalte e um acessório. O inquérito apontou Michel como o principal suspeito pelo desaparecimento.
O delegado destacou que a tecnologia através do rastreamento de dispositivos móveis foi importante no caso.
Além de possibilitar a localização do celular da vítima, imagens do circuito de monitoramento de Guararema também revelaram que Michel esteve com Rayane naquela madrugada. Também foram colhidos depoimentos como o do motorista de aplicativo.
“Após a retirada do corpo e saída da perícia, eu e meus investigadores continuamos a fazer uma varredura na área. Pegamos lanternas e continuamos olhando. Vimos uma caneta que foi apreendida. Eu ainda disse para os investigadores: essa caneta é do autor do crime.
Michel Flor da Silva já havia feito curso de primeiros-socorros e ainda chegou a comentar em uma publicação do desaparecimento de Rayane Paulino.
Ao ser interrogado, Michel não demorou a confessar o crime após apresentar versões contraditórias do que teria se passado naquela madrugada. No dia 31 de outubro de 2018 o acusado foi preso.
Seu julgamento foi de competência do júri popular, e os jurados entenderam que Michel era culpado dos crimes de homicídio quadruplamente qualificado, estupro e ocultação de cadáver.
A sentença o condenou a 45 anos e 4 meses de prisão, dos quais poderá cumprir, no máximo, 30 anos. No dia 1º de novembro de 2018 centenas de manifestantes foram às ruas de Mogi das Cruzes para homenagear a vítima.
Conheça a história de Sarah, que aos onze anos de idade ficou conhecida como o Anjo do Natal, no Estado de Maryland, por ter sido vítima de alguém que confiava e amava.

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