1/n Notas sobre a sobrecarga na pands:
Hoje eu recebi uma ligação pq não tinha respondido um email importante (pq eu não considerei importante, na verdade).
Revi meus emails não lidos e eu tinha cerca de 400 emails no último mês, revisei todos e fui respondendo e apagando+
2/n nestes emails tinha: meet-recordings, registros de aulas, listas docentes (do IB, das 3 pós que estou), do Slack, do SIGA (registros da Unicamp de bancas e calendários), da secretaria de graduação, de alunos com perguntas aleatórias, de comissões que participo, etc.
+
3/n Considerando que eu:
- tenho 5 disciplinas na graduação
- 2 disciplinas na pós (que iniciaram em novembro)
- coordeno o blogs de ciência da unicamp - e com atenção dedicada ao especial da covid-19
- tenho 10 orientandos de pós graduação
(continua, sim...) +
4/n - coordeno um projeto do Residência Pedagógica com 8 alunos;
- participo ativamente de 3 grupos de pesquisa
- não parei de escrever artigos da minha pesquisa
- iniciei uma pesquisa nova este ano
- tive cerca de 10 bancas nas últimas 4-5 semanas
- tenho XX pareceres atrasados+
5/n Se eu tivesse olhado emails para responder cada um, ou marcar como lido (como eu fiz hoje com vários) eu realmente não teria executado várias de minhas tarefas que eu considero prioritárias (dar aulas, fazer pesquisa e organizar materiais para o especial da covid-19)+
6/n Isso, óbvio, contando que eu respondi uma série de emails, tive reuniões semanais com os 3 grupos de pesquisa e outras reuniões que surgiram na última hora.
Mas, sim... efetivamente alguns emails foram se perdendo no meio do caminho. Há dias que eu não consigo ler todos os +
7/n emails (há dias que eu não entro no meu e-mail, pois tenho cerca de 8 horas de aula e reuniões).
- Ah, mas tu entras no twitter, instagram, fb. Ah, mas tu vês filmes, séries, conversas com tuas sobrinhas, brinca com os gatos.
Sim. Meu expediente é de 8 horas. 40 h/semanais+
8/n Tenho trabalhado ao menos 3-4h aos sábados e domingos para fazer pequenos ajustes no cronograma da semana e ela "caber" no expediente.
Eu tenho o privilégio de estar em casa desde o início da pandemia, nunca reclamei disso (pelo contrário). Tenho sido uma das pessoas mais +
9/n fechadinhas da bolha que eu tenho visto.
Um dos custos disso é trabalhar 2-3 vezes mais do que eu trabalhava antes (que já não era pouco).
.
Dito isso...
Não estou reclamando não. Mas semana passada eu tive minha primeira crise de ansiedade desde maio (quando meu pai teve +
10/n Covid).
Tive crise de ansiedade por ter visto VÁRIOS colegas meus adoecendo de cansaço e depois de ver cientistas afirmando estarem em um documento que não foram consultados. Foi uma semana INTEIRA de crise de ansiedade, dormindo 2h e dando aulas, escrevendo pareceres+
11/n tendo reuniões, bancas, aulas, artigos, postagens do blogs, etc, etc, etc.
Não é reclamação (de novo). É um registro público de esgotamento e, hoje, de novo, em meio a uma banca, me peguei pensando:
- to aqui na banca mas eu tinha que estar vendo a transmissão do PNI para +
12/n publicar algo pelo blogs!
- to aqui na banca, mas tenho que responder os 30 emails que faltaram da lista (de mais de 400 que tinha pela manhã);
- to aqui na banca, mas tenho que terminar de preparar a aula de amanhã.
Enquanto isso uma amiga minha diz "eu não to estudando+
13/n o suficiente" (ela ACABOU DE SUBMETER UM PROJETO PARA SELEÇÃO DE DOUTORADO).
Enquanto isso, temos combatido (sem sucesso, mas acho que não com fracasso) mentiras de um governo e promoções à não vacinação. E nós temos sentido que temos feito pouco. O TEMPO INTEIRO
tudo isso+
14/n de fio para dizer que eu tenho uma admiração IMENSA por todos que, mesmo cansados, não se deixam sucumbir.
Seja enfrentando transporte público lotado diariamente por falta de políticas eficientes, seja quem está em home office com crianças em casa, seja quem está tentando +
15/n sobreviver em meio a políticas que definitivamente buscam e legitimam nossa morte - nos culpabilizando por isso.
E tudo isso para dizer que não, eu não respondi emails nas parcas horas que eu tive de folga e vim reclamar da vida no Twitter, ver vídeos de gatos, mandar +
16/n cantada prá boy (que nem ver eu vou pq to isolada em casa e arrumei crush nas puta que os pariu espalhada pelo globo terrestre -não plano- prá nem ter ideia fraca mesmo)
Enfim, nas parcas horas, reclama memo, vê video de gato e fala putaria. Bebe sim, joga among us sim.
17/n e se tiver parça covid-free confirmado, senta sim, beija sim, dá risada sim.
E volta no dia seguinte para a vida severina nesta parte que te cabe neste latifúndio, por este pão prá comer, por esse chão prá dormir.
Pode te abater sim. Pode chorar sim
E pode não responder +
18/n email também, pq as vezes não dá tempo, nem saco e, no fundo, se o prazo dos planos de 2020 inteiro foram prorrogados. Talvez a planilha não preenchida também possa ser prorrogada.
Beijos proceis, se hidratem, se cuidem, não se contaminem (por favor)
19/n .
Depois da cobertura vacinal: beijos na boca (vários)
é isso.
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1/n O @rodaviva hoje trouxe um formato diferente, com 3 personalidades para falar da #vacina para a #COVID19
Acho que foi, sem sombra de dúvidas, um dos melhores programas da história do #RodaViva
Mas eu gostaria de destacar o quanto se falou de prioridades e desinformação+
2/n Estes pontos me parecem centrais em tudo o que tem sido feito com qualidade contra a Covid-19. Seja no campo da comunicação científica, seja na produção científica.
E digo isto em função de a ciência e a Divulgação científica estarem (SIM) sendo atacadas em nosso país,+
3/n Mais do que um fio vitimizando cientistas e divulgadores, a questão é o quanto isto fragiliza contratos sociais FUNDAMENTAIS neste momento e reforça ainda mais uma necropolítica absolutamente intencional.
As palavras da Margareth Dalcomo, neste sentido, são fundamentais+
1/4 @binerighetti pergunta sobre a obrigatoriedade da vacina @dogarrett fala sobre a necessidade de discutirmos a responsabilidade e a necessidade de comunicação por parte do governo, etb transparência e honestidade para a população entender o q está tomando #RodaViva@rodaviva +
2/4 @dogarrett vai na jugular: é preciso comunicação direta e apoio de pessoas que influenciam diretamente a população para ajudar na segurança @veramagalhaes traz a questão da vacina CoronaVac e #DimasCovas responde sobre o quanto as vacinas tem seus insumos produzidos na China+
3/4 como TODAS as vacinas!
Reafirma o perfil de segurança.
As questões voltam-se novamente pela desinformação vinda do executivo nacional! Isso segue sendo INADMISSÍVEL!!!
É preciso mais seriedade e compromisso com a nossa população e com a CIÊNCIA, sempre! #RodaViva