Quem me acompanha há algum tempo sabe que considero a HFPA, que promove o Globo de Ouro, uma piada de mau gosto. Aliás, não é exclusividade minha: eles são vistos como picaretas também em Hollywood (dito isso, há alguns jornalistas dignos na associação, mas são minoria).
Aliás, já escrevi sobre o assunto no Cinema em Cena (cinemaemcena.com.br/coluna/ler/224…).
Pois bem: vi agora que a HFPA decidiu que "Minari" só pode concorrer como "Filme de Língua Estrangeira" no Globo de Ouro. Embora seja uma produção totalmente norte-americana. (A maior parte do longa é em coreano.)

Curiosamente, isso não se aplicou a Babel e Bastardos Inglõrios.
Talvez porque ao contrário daqueles dois, Minari não tem grandes astros em seu elenco? Porque se há algo pelo qual a HFPA é conhecida é por seu fascínio com celebridades, usando o Globo de Ouro como forma de atrair nomes famosos para que os membros da HFPA possam abordá-los.
Aliás, a HFPA está sendo processada pela jornalista norueguesa Kjersti Flaa - e o processo traz cada bomba sobre a HFPA que me faz concluir que eu fui até muito bonzinho em minhas críticas à organização.

Ele pode ser lido em documentcloud.org/documents/7013…
Vale apontar que uma das queixas feitas por Flaa foi rejeitada pelo juiz. Não por serem falsas, mas porque o juiz achou a descrição do mercado-alvo da associação ("notícias de entretenimento") "vago", falhando também em diferenciá-lo de outros tipos de notícias (esportivas, etc).
Agora... ver Minari, que discute justamente a experiência dos imigrantes nos Estados Unidos, ser impedido de concorrer ao lado de outras produções norte-americanas é de uma ironia terrível.
Meu amigo @DavidPoland, um dos jornalistas mais experientes da indústria de Hollywood, comentou isso hoje sobre a questão envolvendo Minari:
(Fontes dos estúdios) dizem que "a HFPA nunca vai seguir o Oscar e permitir que Filmes Estrangeiros concorram em outras categorias (...) porque gosta de espalhar suas estatuetas o máximo possível e porque foi fundada para que seus membros ganhassem acesso às (celebridades)"

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29 Dec
Eu gostei de Jogador No 1 (mais do filme do que do livro), mas a continuação, lançada há poucos meses, é ruim de doer. Todos os personagens são insuportáveis (incluindo o casal principal, Wade e Samantha), a narrativa é prolixa ao extremo e o desfecho é tolissimo.
O livro consiste basicamente de um monte de gente que decorou trivias da cultura pop e se orgulha de ficar recitando-as em detalhes uns para os outros. Sim, o primeiro também era assim, mas ao menos a história nos apresentava aos conceitos interessantes do OASIS.
Ler Jogador No 2 é ficar preso em uma sala com um bando de idiotas que confundem cultura com curiosidades e que se acham inteligentíssimos porque decoraram detalhes irrelevantes de livros, filmes e músicas. Não é à toa que jamais discutem os TEMAS das obras, só trivias.
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22 Dec
Década foi o melhor presidente que esse país já teve, sem dúvida alguma. Não foi à toa que Década chegou ao fim do mandato com mais de 80% de aprovação, embora a mídia corporativa tenha se esforçado muito, nos anos seguintes, para tentar reescrever a História. Sou fã de Década.
A estratégia da mídia corporativa pra demonizar a esquerda é exatamente essa: usar a linguagem para associar elementos negativos aos progressistas e esconder qualquer pecado dos conservadores. Por isso havia o "mensalão petista", mas o ORIGINAL, dos tucanos, era "MINEIRO".
Lembro também de uma chamada no UOL que dizia que "médico do filho de Lula é preso por (blábláblá)". Depois de anos e anos vendo chamadas negativas deste tipo, é quase impossível impedir que uma conotação sombria ancore na percepção de muitos, mesmo construída artificialmente.
Read 7 tweets
20 Dec
Você não entende a "pressa" por uma vacina, @jairbolsonaro, seu miliciano desgraçado? Quase 190 mil mortos, mais de 7 milhões de infectados, UTIs com taxa de ocupação similares ao do meio do ano, pacientes em Manaus colocados ao lado de cadáveres (de novo!) e transmissão subindo!
Você não "entende a pressa" por uma vacina porque você é um sociopata, @jairbolsonaro, seu miliciano de merda. O que te interessa é usar o Estado pra proteger seu filho dos vários crimes do qual é acusado e continuar fazendo o que faz há 30 anos: viver às custas do povo.
Que você ainda esteja ocupando o cargo depois de levar o Brasil a ser o segundo país com maior número de mortes no mundo, provavelmente o único a ficar sem MINISTRO DA SAÚDE (!!!) no meio de uma pandemia - depois de demitir outros dois por não venderem cloroquina - é vergonhoso.
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17 Dec
Luiz Carlos Merten é um dos críticos de cinema mais dedicados e apaixonados deste país. Aos 75 anos, escreve com a empolgação de um moleque e a técnica de um veterano. É um patrimônio da profissão.

Que o @Estadao demitiu pelo zoom hoje depois de 31 anos de casa.
A vilania com que o @estadao agiu, demitindo sem qualquer indicação prévia um jornalista já idoso, de competência e renome inquestionáveis, com 31 anos de casa, pelo zoom (não quiseram nem esperar o fim da pandemia), às vésperas do Natal, é típica do jornal da "escolha difícil".
É por isso - entre outras coisas - que fico puto com essa hipocrisia esperta de chamar funcionário de "colaborador".

"Colaborador" o caralho; no minuto que perceberem que podem aumentar a margem de lucro te jogando fora, esses canalhas o farão.
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17 Dec
Vi agora "Oliver Sacks: His Own Life", documentário sobre a vida e a obra deste apaixonante escritor e neurologista que foi uma das maiores influências em minha vida. Já escrevi sobre ele há alguns anos, quando anunciou, num lindo artigo no @nytimes, que estava morrendo.
Como contei na época, decidi fazer medicina aos 16 anos quando vi Tempo de Despertar, no qual Oliver Sacks foi interpretado de modo magistral por Robin Williams. No ano seguinte, fiz um teste vocacional que apontou Comunicação, mas insisti na escolha por inspirar-me em Sacks.
Fui até o sétimo período do curso até finalmente assumir para mim mesmo que estava buscando a profissão errada, que meu caminho deveria ser outro. Ainda assim, percebi que Sacks era também uma influência em minha opção pela escrita.
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16 Dec
O novo Missão: Impossível está sendo rodado sob protocolos rigorosos de segurança. Pois Tom Cruise viu membros da equipe desrespeitando distanciamento social e uso de máscaras. E EXPLODIU.

O áudio:
Por um lado, eu sempre me incomodo quando um chefe dá um esporro desses em funcionários; por outro, a verdade é que ele... está certo. Não adianta montar todo um esquema de segurança para manter a equipe saudável se alguns insistem em desobedecer. Basta UM se contaminar e pronto.
E, sim, Tom Cruise, como produtor da série, é responsável direto por manter centenas de pessoas empregadas da pandemia - tanto durante as filmagens quanto na pré e na pós-produção. (Aliás, é bem possível que sejam algumas milhares de pessoas, direta ou indiretamente.)
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