Ontem, por causa de um incômodo que manifestei por ver chacota com um cântico de marcha, que concordando ou não, evoca memória feminista, recebi uma avalanche de hater. Aparentemente, disputa política não existe. Tudo é estático, dialogar com metáfora é imposição, silenciamento.
Há alguns bons anos atrás eu costumava dizer brava que usar o argumento "e se fosse sua mãe e se fosse sua filha?" é patriarcal pois apela ao raio de propriedade masculina sobre as mulheres para implorar respeito, e que não deveria ser assim pois nossa humanidade (+)
não deveria vir atrelada ao postulado do direito à propriedade masculina sobre nossa existência.
Hoje o negócio tá tão feio q já mandei essa crítica às favas (pelo menos por agora). Nas marchas, quando começam a cantar "podría ser tu hija, podría ser tu hermana", canto junto.
Gosto do cântico? Não. Acho problemático? Sim. Mas no meio de uma manifestação com milhares de mulheres (onde o nível de politização varia imensamente) gritando por dignidade, não vou me retirar e vir pro Twitter reclamar q estão me violentado pq muitas puxaram grito patriarcal.
Vou dialogar com isso o máximo que puder pra q as pessoas com o tempo consigam ir enfiando gênero nas percepções.
Continuo pensando q sair fazendo chacota, decretando que "frase tal é liberal e feminismo branco", quando o contexto onde se é dito (muitas vezes) é de acercamento +
... é tiro no pé. Todas passamos por uma fase inicial de aprendizagem onde falamos coisas que hoje não concordaríamos nem de longe. Mas aqui no Twitter todo mundo nasceu com a verdade absoluta, moldadinho.
Coisa mais anti forza de cambio.
Li gente dizendo q eu estava impondo chamar benzedeiras de "bruxa", quando estava esboçando o sincretismo religioso onde mulheres pobres, racializadas usam junto saberes ancestrais com a religião hegemônica. Que ser cristã não impede nenhuma mulher de ser vista como SUBVERSIVA.
Li gente dizendo que dialogar com Federici é "impor visão eurocêntrica". E que perseguição inquisitorial não era por misoginia, era fundamentalmente racismo. Como se pudéssemos isolar a atuação das explorações e opressões nas relações sociais.
A denúncia sobre o genocídio Estatal de séculos no nosso continente ficou completamente insignificante. O que reverbera é "Cala sua boca. Apaga agora, burra! Minha avó não era bruxa"
E chamam isso de discordância. Aí pegam um link qualquer, jogam ali, e aquilo vira verdade.
Olha, eu tô pra dizer que a esquerda twiteira tem se empenhado a dar vazão ao anti intelectualismo com mais empenho que a própria ultra direita. Valha-me!
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"Somos as netas de todas as bruxas que não puderam queimar" é uma frase potente usada na América Latina, onde feministas de todas as idades em países hispanos hablantes repetem com orgulho, mas no Brasil de Bolsonaro e Damares, vira chacota de adolescente anticomunista tuiteiro.
Sem falar no incel de esquerda (o mais esquerda que geral), aquele q adora pagar de reencarnação dos soviets e que fica o dia todo zuando o trabalho dos outros, pode se reivindicar herdeiro disso e aquilo, mas as meninas, adolescentes ou mulheres q estão se (re)conectando 👇
com os saberes feministas (muitas principiantes, se descobrindo), q estão reivindicando memória (que se constrói a partir do presente!), essas não podem reivindicar "ser neta de bruxa", porque vejam vocês... A avó é/seria católica ou evangélica.
Renunciou Manuel Merino no Perú e aparentemente a pressão popular não vai parar aí. Em virtude da profunda crise política, peruanos também questionam a Constituição de 1993 levantada pela oligarquia corrupta instaurada pelo fujimorismo e o modelo neoliberal q dilacera o país (+)
Atenção brasileiros: #Perú segue o ritmo do Chile e da Colombia, e está muito claro a impugnação do modelo e do poder corrupto constituído. É uma sacudida e tanto, independentemente dos resultados que possam vir a ter. Olhemos com atenção, pois o Brasil não pode ficar de fora!
Estamos diante de um tsunami de mobilizações populares na América de norte a sul, mobilizações anti neoliberal, antirracista, anti patriarcal e por DEMOCRACIA REAL.
Os desfechos ainda estamos por ver, mas insisto: NÃO TENHAMOS MEDO DAS RUAS E DO POVO SACUDINDO AS INSTITUIÇÕES!
Peruano segura escudo: "El poder al pueblo" durante manifestação contra o governo ilegítimo de Manuel Merino, 14/11 em Lima.
Linda foto, mas não compartilhei pra alimentar fetiche com palavras de ordem. É necessário denunciar o massacre nas ruas do Peru #Fio#PeruvianLivesMatter
Sei que o brasileiro hoje está atento às eleições, tbm estou, porém podemos igualmente dar uma atenção ao que acontece no #Perú. E ao fazer isso, gostaria de pedir para que AJUDEM A DENUNCIAR AS VIOLAÇÕES DE DIREITOS HUMANOS pq a repressão está desatada. Há pessoas assassinadas!
A madrugada de 14/11 para 15/11 foi de dura repressão, principalmente em Lima onde os protestos são massivos. Dois jovens foram assassinados:
Jordan Inti Sotelo Camargo de 24 anos, e Jack Brian Pintado Sánchez de 22 anos, ambos assassinados pela polícia.
Galera, correria doida aquí. Faltam 5 dias pro plebiscito. Mas tem gente me perguntando sobre "igrejas queimadas no Chile nos protestos" pq aparentemente o meio evangélico no Br está propagando a história. Bem, de fato houve uma igreja incendiada, mas não por manifestantes 👇#fio
Dia 18 se cumpriu 1 ano que se iniciou a efervescência dos protestos no Chile, a convocatória nas ruas (apesar do covid19) foi enorme. Do nada começa um incêndio em uma igreja católica, que pertence aos Carabineros de Chile. 🧐
Tenho orgulho da Argentina e do Chile, os países onde existem Jean Beausejour Coliqueo, León Messi e e o inigualável Diego Maradona.
O futebol brasileiro é uma vergonha. E não merece ter tido o Sócrates.
Se vocês não sabem quem é Jean Beausejour Coliqueo, procurem ver as declarações do jogador que foi lateral esquerdo da seleção chilena. Hoje ele está na Universidad de Chile.
Bosé é Ó <3
Seleção chilena versus seleção brasileira:
Jogadores da seleção chilena burlam protocolo e rendem homenagem a Camilo Catrillanca, mapuche assassinado pela polícia de Piñera:
Mas meu filho, as feministas da década de 80 já teorizaram sobre isso, cê tá requentando ~polêmica~ ruim que lá na 2a onda feminista já foi respondido, e as feministas socialistas foram além, em resposta à um confronto de ideias com as feministas radicais (ler Nancy Fraser)
A "confusão" proposital que o pastor mau caráter faz aqui deixa bem evidente que não leu uma linha sobre o q falam as feministas anticapitalistas (e não vai ler) pra confundir incautos e ainda responsabilizar as feministas pela exploração e opressão de classe, raça e gênero.
O *espertinho* jura que "desmascarou o feminismo", sobre exploração e opressão que a Federici já descreveu (década de 70) no seu livro chamado "PATRIARCADO DO SALARIO".