Eu errei. No vídeo que eu fiz sobre a nova variante do coronavírus há 10 dias, eu não a considerei um potencial perigo. Para mim, era apenas mais uma variante carregada de sensacionalismo. Aqui vai porque mudei de ideia.
A B.1.1.7, nova variante do SARS-CoV-2 possui mutações na proteína spike que foram associadas à maior infectividade em células e modelos animais. Ademais, ela possui deleções no gene S que estavam gerando resultados negativos em testes de PCR cujo um dos alvos era esse gene+
Para compensar essas possíveis variações, é por isso que os testes de PCR amplificam duas ou três partes do genoma. Mas o que aconteceu com a B 1.1.7 foi que ela estava dando negativo para o gene S e positivo para os dois oitros alvos em alguns testes
O pessoal do Imperial College of London percebeu que esse era um marcador importante da presença dessa variante, começaram a sequenciar as amostras e BINGO! Realmente era ela. Foi assim que eles começaram a buscar no histórico de testes anteriores e+
Descobriram que ela estava circulando desde setembro/2020 na Inglaterra. O problema é que onde ela circulou, a taxa de transmissão foi bem maior, algo em torno de 74% maior
Inicialmente, eu havia associado a ampla prevalência dessa variante a fatores indiretos, não intrínsecos a ela, como o fato das medidas de quarentena terem relaxado e isso ter favorecido a sua transmissão
Mas quando eu avaliei o relatório do Imperial College, que muitos de vocês mandaram e que foi disponibilizado ontem (31/12), eu vi que não é bem assim... Vários locais onde tinha a variante, tiveram R0's bem maiores
Uma das discussões dos autores é que medidas mais brandas de isolamento, que foram capazes de baixar o R0 da variante tradicional para 0,9 (e portanto desacelerar a epidemia), não conseguiram baixar o R0 da nova variante para menos de 1,6
Isso é um problema grande e, sim, uma bomba relógio, de acordo com o The Atlantic. Pois se você aumenta tanto a taxa de transmissão, nenhum sistema de saúde aguenta. Por isso, passei a defender a vacinação em massa com a 1a dose apenas, pois vc protege mais pessoas
E claro, reforço aqui a necessidade do Brasil acelerar o processo de aprovação de uma vacina com urgência. Eu não sou tão otimista de acreditar que essa detecção da variante no BR veio de um viajante. Se foi detectada assim, em um exame de rotina, já está circulando entre nós.
Obrigado a todos que responderam prontamente ao meu pedido de ajuda para entender essa questão da transmissibilidade da B117. Não tinha conhecimento do report do Imperial college até então.
1- A queda na mobilidade humana afetou significativamente a dispersão de DENV pelas cidades. Quem transmite o vírus é o mosquito, mas quem leva de um bairro a outro? Isso mesmo, pessoas. Que durante os meses de tendência epidêmica, se trancaram em casa. nature.com/articles/s4159…
2- Onde a incidência de dengue era maior nas primeiras semanas de surto de COVID, provavelmente houve maior queda de mobilidade causada pelos próprios sintomas da dengue, além da ordem de isolamento social. Pessoas com dengue tendem a sair menos. journals.plos.org/plosntds/artic…
Mano, hoje eu senti o poder das FAKE NEWS. Fui na @LeroyMerlinBRA do Minas Shopping comprar uma resistência pro meu chuveiro e na porta estavam medindo a temperatura no pulso. Fui encorajado a pedir pro funcionário medir na testa, conforme alguns de vocês recomendaram
Falei pro rapaz: "Pode medir na testa". Aí ele respondeu: "Não, a medição é no pulso". Aí eu falei: "Não, o aparelho foi calibrado pra medição na testa". Aí fui hostilizado, o cara respondeu: "Se você quiser entrar, vai ser no pulso são ordens"
E eu insisti que a medição do aparelho correta é na testa. No pulso você tem variações que podem chegar a 1ºC. E o cara falou "Ah, então reclama lá com o gerente, porque medindo na testa, você não entra".
Vacina de Oxford colocada em quarentena. Um voluntário teve efeitos adversos graves e pararam o estudo pra avaliar se foi a vacina. É normal acontecer em testes clínicos, mas vista a urgência, essa notícia vai abalar os noticiários hoje e amanhã statnews.com/2020/09/08/ast…
Pararam a aplicação de novas doses*. É comum em fase 3, com tanta gente envolvida, alguém apresentar um efeito grave. Precisamos estudar as razões, mas nem divulgaram qual foi o efeito ainda. Atualizações eu coloco nesse fio.
Um familiar anônimo do voluntário informou que ele apresentou mielite transversa, um inflamação da medula espinhal. Essa condição pode ser disparada por infecções virais e é muito rara
Tentei impulsionar uma publicação no Instagram do @olaciencia falando que "tomar vacina não é uma decisão individual" e divulgando a ciência por trás das vacinas e da imunidade coletiva.
Resultado: NEGADO porque explora temas sociais e políticos CONTROVERSOS
Agora, ME EXPLICA: o que de CONTROVERSO tem em divulgar ciência com base em EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS? Até pra divulgar conteúdo sério, nem pagando! Parabéns Brasil, parabéns eleitores e parabéns @facebookbrasil
Já que o Instagram não ajuda, aqui vai a tirinha pra quem ficou curioso:
Nessa semana, o Alexandre Garcia fez uma live em que participaram médicos que defendem o uso da ivermectina, cloroquina e azitromicina para tratar COVID. Eles apresentaram várias evidências, nós analisamos uma a uma e fizemos um vídeo resposta
As evidências apresentadas pelos médicos não passam de meras observações mal planejadas. P. ex.: um deles deu ivermectina para 290 pessoas em um quarteirão e comparou com os quarteirões do lado, em que ninguém recebeu a substância. No quarteirão onde tomaram ivermectina...
ninguém ficou doente, enquanto nos outros, sim. Parece lindo! Mas o médico pode ter sofrido do Efeito Hawthorne, quando a pessoa que sabe que está sendo testada, passa a produzir o efeito esperado (se protege mais e não pega COVID). Fora que pode haver viés de seleção +
Otávio, excelente trabalho! Thread mostrando como as medidas de fechamento mais intenso que BH tomou no dia 18 de março suprimiram o avanço da COVID-19 na capital. Há uma maneira de fazer uma correlação do avanço da curva com o nível de isolamento social da cidade +
O isolamento foi máximo na semana do dia 22/03 e atingiu 48,43% caindo progressivamente. A reabertura gradual do comércio não parece ter tido efeito direto nos níveis de isolamento, pois a taxa de queda se manteve. Ele já era baixo, o que fez a curva de casos subir.
Essa semana, o prefeito decretou novamente o fechamento "total", voltando à situação de 22/03. Porém, a taxa de isolamento não chegou aos níveis daquele mês. Receio que não será suficiente para suprimir a curva desta vez. Por isso, se fala muito em "lockdown" aqui em Minas