Loujain al-Hathloul é uma ativista feminista que foi presa na Arábia Saudita em 2018, quando protestava pelo direito da mulher de dirigir. Neste ano, o rally Paris-Dakar é disputado neste mesmo país, e o pior: os corredores vão passar a apenas alguns metros de onde ela está presa
As mulheres receberam o direito de dirigir na Arábia Saudita pouco depois dos protestos em que Loujain foi presa. E, por isso, a ironia é que 12 dos motoristas que estão participando do rally este ano são...mulheres. Organizações de direitos humanos pedem um boicote à corrida.
Especula-se que Loujain será solta em breve, para amenizar as relações da Arábia Saudita com o novo governo dos EUA. Mas isso não apagará os anos em que ela passou na prisão, sem condenação legal. Segundo seus pais, lá, ela é torturada e abusada sexualmente como parte da rotina.
A prática da Arábia Saudita levar grandes eventos esportivos para o país é conhecida como “sportswashing”, ou seja, utilizar o prestígio do esporte para lavar a reputação do país, que é grande violador dos direitos humanos. A Fórmula 1 inclusive anunciou um GP lá para este ano.
Faz sentido o maior evento esportivo do automobilismo acontecer num local onde há gente presa em nome de poder dirigir?
Lilian Thuram nasceu em Guadalupe, um departamento francês no Caribe, e se mudou para a França continental aos 9 anos de idade.
Foi só aí que aprendeu sobre o racismo: na TV francesa, um desenho animado de sucesso tinha duas vacas. A branca era inteligente, a preta era estúpida
Como jogador de talento, ganhou uma chance no Monaco dirigido por Arsène Wenger. Fez sucesso e foi vendido em 96 ao Parma da Itália, time inflado pelos dólares laticínios de sua patrocinadora. Mas, em 2001, o clube entraria em grande crise financeira e necessitaria vendê-lo.
A Lazio, um dos clubes mais ricos do futebol italiano, queria Thuram. Homem culto, que já lia e se manifestava contra o racismo há muitos anos, ele desconfiava dos ultras da Lazio, famosos por sua admiração a Mussolini. Na hora H, negou-se a ir para Roma: “não jogo pra fascistas”
França e Argélia, metrópole e ex-colônia, países que travaram uma guerra violenta entre 1954 e 1962, entram num campo de futebol um contra o outro pela primeira vez.
É um “jogo da paz”, que acaba por demonstrar que a paz para alguns ainda está distante.
3 anos antes, um filho de argelinos uniu as torcidas ao marcar 2 gols e atropelar o Brasil na final da Copa de 98, no mesmo Stade de France que receberá a partida.
Mas o clima para esse jogo é muito diferente, e isso fica claro quando A Marselhesa é vaiada antes de a bola rolar
A França joga como visitante em casa.
O jogo ainda dá o azar imenso de ocorrer 1 mês depois dos atentados de 11 de setembro em Nova York.
A extrema-direita francesa agradece, e aumenta o discurso xenofóbico contra muçulmanos e demais imigrantes de antigas colônias francesas.
O Uruguai tem menos de 100 mortos pela Covid-19. Um dos grandes responsáveis por isso é Gonzalo Moratorio, o único latino-americano entre os 10 cientistas mais importantes do mundo em 2020, segundo a revista Nature. E ele faz tudo isso sendo técnico de futebol universitário.
Moratorio é apaixonado por futebol e torcedor do Nacional. Tentou a carreira como zagueiro, mas uma lesão no joelho o impediu de continuar. Ficou então como treinador do possante Arquitectura Juniors, aproveitando que já estava inserido na comunidade universitária do país.
“O que se aprende no futebol e o que tento transmitir aos alunos de doutorado e mestrado é que se deve comemorar o sucesso do companheiro como se fosse o seu”, diz ao jornal El País Moratorio, ou “El Pelado Mora”, como é chamado no clube, pela careca lustrosa que ostenta.
Após 106 anos, o time de baseball da cidade de Cleveland anunciou hoje que deixará de se chamar Indians, ou índios, em português. O nome é visto por movimentos sociais como preconceituoso contra os índios, transformando-os em mascotes esportivos, e será trocado após 2021.
O proprietário da equipe, Paul Dolan, afirma que “é a hora” para fazer a mudança, já que um nome que estigmatiza nativos americanos "não se encaixa mais no mundo atual". Mesmo assim, ele diz que não quer um nome transitório na próxima temporada - por isso, nome novo só em 2022.
Em julho, o time de futebol americano Washington Redskins, também de nome considerado racista, anunciou que finalmente mudaria sua identidade. O nome novo não foi escolhido ainda, o que mantém atualmente a equipe com o nome provisório e genérico de “time de futebol de Washington”
A Atalanta é um clube modesto. Jamais foi campeão italiano. Hoje, joga em Lisboa contra o PSG não apenas pelo sonho de estar entre os quatro melhores clubes da Europa, mas para lavar a alma da sua cidade, Bergamo, o epicentro da pandemia de coronavírus na Itália.
A cidade tem pouco mais de 120 mil habitantes, e estima-se que, por lá, morreram cerca de 3000 pessoas. Na região da Lombardia, onde ela se localiza, foram ao todo cerca de 17000 vítimas. E o pior é que, até o início de março, Bergamo estava em festa por causa da Atalanta.
Nas oitavas de final, a Atalanta fez 2 grandes jogos contra o Valencia. Mas as aglomerações nas partidas podem ter sido responsáveis por disseminar o vírus entre os torcedores e, portanto, levá-lo a toda a cidade. “Uma bomba biológica”, diz o prefeito www1.folha.uol.com.br/esporte/2020/0…