"The multibillion-dollar internet companies are beyond rearranging deck chairs on the Titanic. They’re pointing out the dangers of icebergs as people are drowning".
ou seja: enquanto se congratulam, os problemas continuam lá.
Em um espaço de 3 dias na semana passada, 3 dos mais influentes canais de extrema-direita no YouTube Brasil - Brasil Paralelo, Terça Livre e O Giro de Notícias, esconderam ou apagaram, juntos, um total de 156 vídeos.
Em 8/12, o Brasil Paralelo, canal com 1,5 mi de seguidores que produz conteúdo revisionista sobre a história brasileira (como a ditadura militar, por exemplo), tornou não listados 18 vídeos.
Foram lives debatendo educação no BR e a íntegra de podcasts sobre cultura.
Tornar vídeos não listados (unlisted no jargão do YouTube) significa deixar o vídeo no ar, mas escondê-lo de quem acessa o canal. É uma prática comum quando a estratégia é levar tráfego a partir de outras fontes, como o próprio site ou apps de mensagens.
Deixa eu aproveitar o fio do último episódio da 2ª temporada do Tecnocracia para um agradecimento: o podcast cresceu nesse ano acima de qlqr delírio otimista meu.
Basicamente o boca a boca fez a base de assinantes quase triplicar no Brasil. O Tecnocracia se tornou o 8º podcast de tech mais ouvido do Brasil.
Um podcast sobre os malefícios da tecnologia, que nunca falou sobre celular novo e a partir de um site de menor alcance que outros veículos (assine o @manualusuariobr!)
Não é pouco. E tudo por uma comunidade que ouve, gosta, passa adiante e manda msg.
Com o bafo da regulamentação no cangote, a Big Tech assumiu em 2020 uma postura entre o cinismo e a indolência: fazer o mínimo possível para mudar o mínimo possível.
Facebook, Google e Twitter quiseram vender como grandes avanços atos que qlqr pessoa de bom senso encararia como básicos, como banir negadores do Holocausto ou defensores da KKK.
A estratégia de cherry picking (bjs, @LucianaGimenez) significou agir minimamente para dar impressão de ação e bater tambor na mídia.
Com casa em chamas, método da Big Tech foi jogar um copo d’água e posar de vitoriosa para as câmeras. Mas o problema continua quase intocado.
Já se destrinchou aspectos interessantes da campanha digital do Guilherme Boulos (PSOL), mas tem outro ponto que vale a pena ser falado.
Boulos parece ter entendido que, para ter chance, precisaria falar além da própria bolha. Isso fica claro na estratégia para YouTube. 1/N
Com um canal pequeno, a saída foi usar a audiência de canais maiores, ainda que isso significasse dialogar com quem era claramente contrário e anos antes da disputa pela Prefeitura.
Um dado antes: no YouTube, o canal oficial de Boulos tem 143 mil seguidores. 2/N
No início da campanha, eram ~56k. Vem crescendo, mas a audiência é minúscula se comparada à da direita.
Segundo monitoramento que a @novelodata faz dos canais de extrema direita, os 143k seguidores posicionariam Boulos como o 97º (!) canal de direita com maior audiência do BR