O que o banimento do Trump, QAnon e afins significa para nós?
Com certeza, a internet dos anos 20 será muito daquela que a antecedeu- e a nossa experiência on-line será outra.
Segue um fio sobre a transformação da internet e tendências. 🧵👇🏽
2. A internet surgiu marcada como um mero meio de comunicação. Era o espaço da livre circulação de ideias. Em 1996, Barlow declarou que a internet seria o domínio exclusivo da mente.
Aqui, cada um diria o que bem entendesse. Era o território das ideias livres.
3. Essa ideologia era a visão que reinou na internet durante anos. Nos anos 2000, percebeu-se que a internet não era terra sem lei. Os estados poderiam fazer valer a lei ordenando as empresas de tecnologia e as empresas de telecomunicação.
4. Contudo, a ideia de que a internet era só um espaço para nos falarmos persistiu e as redes sociais dos anos 10 abraçaram esse discurso.
Se diziam apenas mensageiros, não responsáveis pelo conteúdo que os usuários soltavam na rede.
5. Pois bem, os anos de 2016 e 2018 colocaram essa ideia à prova. As empresas defenderam que elas não poderiam moderar o conteúdo dos usuários. O pau quebrou. Cambridge Analytica, disparos em massa, eleições de autocratas das fake news.
As empresas foram questionadas nos EUA, UE
6. 2020 marcou justamente o oposto. Depois de muito apanharem por conta da inercia, agora as redes estavam ligeiras. WhatsApp, Google, FB, TW, etc colaborando com o estado, checadores...
Ainda que se negue, elas aceitaram um pouco responsabilidade frente à cobrança.
7. A tendência de 2020 é o debate sobre o limite dessa responsabilidade se intensificar ainda mais.
Ficou claro que elas não podem ficar quietas assistindo ao circo pegar fogo. Ao mesmo tempo, seriam ela plataformas editorias como jornais?
8. Não, certamente são diferentes da mídia. Mas as ações de Trump obrigaram a mídia e as redes sociais chegarem em um consenso mínimo sobre o conteúdo que pode circular. Também fizeram o difícil trabalho de resistir as investidas dos governantes e a política de escândalos.
9. 2020 foi a morte do “internauta”, o ser que navegava livremente pela internet, dizia o que bem pensava e boa. Nos consagramos como os “usuários”. Usamos um serviço, seguimos as regras. E os meios de comunicação policiam mais o que pode rolar nas principais plataformas.
10. A internet será o espaço livre de ideias, mas nem toda ideia ser alivie na internet.
Não sei se é bom ou ruim, mas a internet será definitivamente outra.
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Mais que uma questão de saúde pública, a pandemia é um fenômeno econômico e social. O seu surgimento é fruto direto do modelo econômico que adotamos, assim como é a sua gestão política.
Segue o fio.(1/8)🧵
O capitalismo contemporâneo é marcado pela hiperconectividade. Isso gera flexibilização da ocupação do espaço por conta das complexas e eficientes cadeias de produção e telecomunicação.
Todo lugar é aqui.
Compre da China via internet. Faça um skype com a Alemanha.
Não à toa, em poucos meses um vírus que estava em um animal silvestre na periferia rural chinesa se alastrou pelo mundo.
Hoje, trocamos as variantes do mesmo virus com igual velocidade, apesar de todas as restrições de viagem.
Usando a base de dados da @factchecknet, conduzimos um estudo comparativo sobre desinformação em 129 países. O problema é mundial, no Brasil o cenário é mais grave.
Nossa pesquisa que virou matéria da @camposmello. Fio (1/6)👇
2) Identificamos que o Brasil e a Índia estão isolados no conteúdo da sua desinformação. Ou seja, as fake news que rodam nesses países é diferente daquelas que rodam no resto do mundo. O mundo segue padrões regionais, ondas que vão e vêm de teorias que surgem e são desmentidas.🌎
3) No Brasil, o debate público é empacou mesmos temas. O resto do mundo conseguiu superar essas questões, enquanto o Brasil se viu travado nos mesmo temas: cloroquina, ivermectina, azitromicina.💊
Ou seja, o que é superado no mundo se se estagnou aqui.
Na semana passada o NY Times relatou o caso de um homem que foi identificado erroneamente pelo reconhecimento facial da polícia. Passou a noite na delegacia à toa.
Não é o único caso e nem de longe o mais grave. Fio
Os problemas de decisões automatizadas vêm recebendo pouca atenção no Brasil.
Nos EUA já tivemos algoritmos até sendo usados no sentenciamento criminal.
Mas a máquina é imparcial, né?
Não. É racista. Negros recebiam sentenças mais duras que brancos.
Os exemplos são muitos. Desde a concessão de vistos para entrar no Reino Unido, até o uso de inteligência artificial para estimar a sua receita anual.
Precisamos pensar em como sistemas automatizados moldam como usamos nossos direitos.
Já que a pauta é liberdade de expressão, cabe apontar o desserviço que é a matéria da @UOLNoticias.
O veto ao Olavo foi dentro da legalidade por alguns motivos:
1 - Não existe o direito de desinformar. O OC promovia discurso de ódio e crimes contra honra sistematicamente (1/5)
2 - O @PayPal se reserva o direito contratual de não trabalhar com certos serviços que possam ser lesivos a sua marca. Eles podem, por exemplo, querer se afastar do comércio de armas. Por que eles não poderiam se afastar da desinformação e discurso de ódio?
3 - Esse mecanismo de pressão popular é extremamente legítimo e é usado faz tempo para pressionar marcas que usam do desmatamento, trabalho infantil, etc.
É louvável uma empresa participar do combate a práticas lesivas à sociedade por vias econômicas e sociais legítimas.
"O problema da internet é que bandido se esconde atrás de perfil falso tipo 'Sapekão666' ou 'Ma1andraMente321'".🦹
Será que identificar todo mundo resolve?🆔
Ponto espinhoso. Vamos discutir técnica, impactos jurídicos e impactos econômicos. Vem comigo (1/7)!
2 - "É só mandar por o CPF!!!"
CPF alheio dá pra achar na internet ou no camelô. Quem estiver afim de fazer coisa errada vai só pegar o CPF de um terceiro. Aí são dois problemas: (i) a coisa errada, (ii) a vítima de falsidade ideológica correndo atrás do prejuízo
3 - "Ah, mas manda fazer. Ai quem quiser fazer coisa errada tem mais trabalho!"
Quem quer fazer coisa errada, já faz esse trabalho direito. Agora e se a empresa é hackeada?
Tendo o CPF na base de dados, esses dados vão parar nas mãos de quem faz coisa errada!