Já na plataforma das marcas, o Instagram, os posts contendo o termo "tratamento precoce" revela a lógica coaching que cerca a seita, com médicos funcionando como "representantes comerciais" dos remédios prescritos pelo tratamento.
Grafo de menções de usuários em 2 mil posts (imagens e vídeos) contendo o termo "tratamento precoce".
Período: 01/8/20 - 11/01/21
Software: Gephi
Extração: @crowdtangle
Ainda que nem todos os posts tenham sido publicados por negacionistas, o léxico que se predomina nas publicações é deles. Exceção é o grupo de palavras amarelas, associadas a posts sobre prevenção de câncer de mama/tratamento precoce.
Um grupo de sentido que advém do grupo marrom revela a correlação do tratamento com a visão de Bolsonaro: cloroquina.
A lilás, mais medicalizante, articula o discurso a partir dos sintomas das doenças, prometendo a cura milagrosa que cessa a dor e o medo.
O grupo de palavras laranja expressa os posts institucionais, mais factuais, revelando a operação de distribuição de kits-covid por municipalidades.
Toda medicina mais atrasada aí: sem evidências, medicalizante, estatalista e demagoga. Se 2018 foi o ano dos militares nas eleições, 2022 será a dos médicos cloroquiners.
Entre os posts mais vistos no Instagram , um médico pediatra defende o tratamento precoce com cloroquina. Hoje, esse médico, após ter tido covid, morreu de parada cardio-respiratória.
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Termos de falar sobre Youtube e mentiras espalhadas milhões de vezes por lá. Extraí os 500 vídeos considerados de maior relevância sobre "tratamento precoce" contra covid-19.
É um desastre. Com exceção do canal "Olá, ciência", há uma ecologia da desinformação da cura milagrosa.
Os canais fazem lives, entrevistas e outros bichos para "demonstrar" evidências do milagre da profilaxia governista. No vídeo mais visto o médico ensina sobre dosagens, numa espécie de tutorial do milagre médico, com quase 1 milhão de views.
Fiz a rede de recomendações dos 500 vídeos. OU seja, se você assistir um deles, o Youtube vai lhe indicar outros, criando uma rede do milagre tosco.
Luz e trevas.
Em amarelo, o esforço de perfis (5.633) como @marisbaraini, @oatila e @lftofoli na defesa da verdade. Em cinza (21.206), a insistência daqueles que, sem nenhuma evidência, desinformam sobre o tal "tratamento precoce" no Twitter.
Grafo de RTs (republicações de mensagens) no Twitter
Período analisado: 25/12/2020 a 11/01/2021
Métrica: Grau Ponderado de Entrada e Modularidade
Software: Gephi
Query: "tratamento precoce"
É normal que nossos "iluministas" sejam em menor número nessa rede, pois não se projetam na comunidade que o termo "tratamento precoce" aglutina.
Extraímos 8 mil imagens do movimento #brequedosapps no Instagram. Em seguida, processamos quais eram os perfis + mencionados nos comentários.
As pessoas tendem a citar + de uma empresa quando comentam as fotos, criando uma "ativismo de notificação", instando-as a se pronunciar.
Já dá pra fazer a rede de termos do movimentos (a partir dos comentários e legenda das fotos). Mas o foco principal é fazer a rede de imagens-usuários, variando o tamanho das primeiras em função de sua viralidade na plataforma.
É possível também notar a ação em rede territorializada do movimento, espalhando-se através de perfis por estado da federação, o que demonstra níveis de articulação política e sincronização da atividade comunicativa durante a greve.
Ao centro, o presidente @jairbolsonaro. Marcado em mais de 1.035.521 de mensagens únicas sobre por qual motivo ele não respondeu sobre os 89 mil depositados por Fabricio Queiroz na conta de Michelle Bolsonaro.
Cada rede, um desenho diferente. Nesta, juntei todos os RTs, Quotes e Replies. O resultado disso é a valorização dos perfis mais mencionados. Em geral, numa situação de crise, o alvo da indignação se destaca.
Bolsonaro ficou sozinho. E cercado.
Repare que os outros perfis possuem tamanho bem menor. Pq? Porque são menos mencionados em comparação com o presidente.
Isso mostra que a maioria dos 353 mil usuários se concentrou em memetizar a pergunta feita pelo repórter de O Globo, marcando a @ do presidente.
População amendrontada com a pandemia, especialmente os mais pobres, indicam (52%) co-responsabilidade do presidente Bolsonaro.
1. Qual número que vocês leram de modo diferente? 2. Quem tem tempo para ficar no haterismo contra o cara além de 11% da população?
Menções a Jair Bolsonaro na plataforma onde ele vai melhor, o Facebook. Em maio (17-23), 29.8k posts gerando 12.69 milhões. Em agosto (01-08), 15.4k posts, gerando 5.68 milhões de interações.
Interessante fenômeno de quanto menor é o interesse no tema, maior é a popularidade.
Caladão, paz e amor, reduzindo atrito, funciona melhor enquanto ele é um governante.
Talvez quando for candidato o contrário seja mais eficiente.
Agora, se isso é isso, aumentar o atrito (B17 cai fácil neles) fará a popularidade cair.
De muitos fenômenos novos na internet pós-pandemia, o que mais me sensibiliza é o "obituário compartilhado". Visto como espaço narcísico, as redes se defrontam agora com uma massiva dor daqueles q perderam os seus, q são tratados como um saco preto parafusado dentro de um caixão.
Passei a seguir os replies com as palavras "meus pêsames" e "meus sentimentos" no Twitter. Os relatos se multiplicam. E deixam um rastro de profunda melancolia, sentimento que atravessará os próximos anos entre os que conseguirem passar pela covid-19.
Ouvi atentamento o Joel Birman falar sobre isso na live da Abrasco. E gostaria de resumir a fala dele por aqui. ELa tá aqui: