Insisto e repito: infelizmente não será por meio da denuncia moral que vamos superar Bolsonaro e seus aliados - a opinião pública não liga para a sua misoginia, etc... -, só vamos derrotá-lo quando mostrarmos a sua responsabilidade na precarização da vida do brasileiro.
Simplesmente repetir que se trata de um projeto genocida não tem o efeito desejado, é preciso mostrar claramente - por exemplo - a sua responsabilidade, sua culpa, na situação de Manaus. Não por coincidência ele e os seus estejam tão empenhados em se desviar dela, sentiram.
É nosso dever para com aqueles que pareceram vítimas desse projeto genocida: devemos abandonar o bordão e transformar isso em conversa de fila do supermercado, mostrar que ele mente quando tenta se desviar da responsabilidade pelo caos que tomou conta do país.
Estamos todos no mesmo barco, nós e aqueles que cravaram 17 em 2018. Nesse momento, estamos todos lutando para sobreviver - mesmo que alguns ignorem isso. É nosso dever fazer com que a mensagem chegue até às pessoas de uma forma que elas possam compreender.
E isso não significa adotar uma mensagem imbecil, significa ser capaz de mostrar para as pessoas como tudo isso as afeta, mostrar quem é o responsável pelo preço no supermercado, pela fila no posto, pela vida dos bebês na UTI. Nessa hora o bordão não ajuda muito.
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Quando mais eu estudo os impactos das redes sociais (as "novas tecnologias") na micro e macropolítica mundial (e brasileira) eu percebo que talvez o maior destes impactos seja a instauração do domínio do "presente imediato". Essa é a marca do governo Bolsonaro (mas não apenas).
As redes sociais ignoram o passado e o futuro enquanto "esfera de preocupação", o que importa é o "live"; o tempo que importa é ontem, o hoje e o depois de amanhã, fora disso tudo se dilui. Por isso o revisionismo é uma marca das redes: o presente sempre reescrevendo o passado.
Isso cria toda uma nova forma de micro e macropolítica. Pegue o Bolsonarismo, por exemplo, a sua incapacidade de lidar com o "futuro" ou com o passado é notória, tudo que lhe importa é o agora. Pois eles sabem que, nesse mundo, a disputa é pelo momento.
Por vezes me pego cristão desejando a existência desse Deus que os bolsonaristas tanto evocam: apenas para ter o conforto de saber que figuras como a Damares, Pazuello e o próprio Bolsonaro queimariam no inferno pelos seus atos.
Contudo, como não temos evidências da existência desse Deus vingativo, acho melhor nos organizarmos para garantir que a punição destes sujeitos pelos seus crimes venha ainda em vida. É nosso dever para com aqueles que pereceram por seus atos.
Não quero saber do resultado de um tribunal histórico vindouro (o inferno desejado pelos ateus), estou falando do presente.
Por conta das conversas que tive ontem com o @_doblues e o @rennanleta sobre o compadre Zé Pilintra me lembrei da célebre - e folclórica - briga entre Wilson Batista e Noel Rosa. Tudo começou, dizem, por conta da maravilhosa Lenço no Pescoço.
A música é uma ode ao malandro, sua imagem e filosofia (e axé). Noel Rosa, diz uma das lendas, não gostou da composição pois seguia associando os sambistas a dos vadios. E por isso Noel compôs Rapaz Folgado, atacando a malandragem (e Wilson).
Wilson não deixou barato e fez "Mocinho da Vila" como resposta, dando o famoso "papo reto".
Injusto é seu comentário
Falar de malandro quem é otário
Mas malandro não se faz
O gala rala do Pazuello ignorou os pedidos de discrição do laboratório indiano - que ainda está iniciando a sua campanha de vacinação -, e mandou um avião adesivado: a aquisição das vacinas foi adiada.
Não há absolutamente nada que essa equipe de imbecis consiga fazer direito. Eu não confiaria a gestão de um carrocinha de cachorro-quente a esse monte de estrume.
Lembrando que um dos motivos do atraso na saída do avião foi uma parada - parece até piada - para se adesivado. O governo da Índia pediu discrição e eles fizeram isso!
Pazuello não é um militar incompetente: ele é um militar. Já passou da hora de abandonarmos essa imagem de que os militares são bons gestores. Você pega a história dos governos militares (da Ditadura) e não vai ver nada de muito diferente do Pazuello (e do próprio Bolsonaro).
Quando falamos da Ditadura nos focamos - com boa razão - nas graves violações de direitos humanos, contudo, é necessário abordar e difundir a bagunça que foi a gestão política e econômica dos militares, dos planos absurdos, de como eles literalmente faliram o país.
Abandonar essa narrativa - difundida pelos próprios militares e aceita até por setores à esquerda - de que a Ditadura matou, torturou mas desenvolveu o país. Mentira, o milagre econômico não foi bem isso que propagam, só olhar para o caos econômico dos anos 70.