1/Biden ri porque não é com ele. A relação do não governo dos EUA com o Brasil será tocada neste ano pelo secretário especial de Meio Ambiente, John Kerry
2/Ex-secretário de Estado na gestão Obama e candidato derrotado a presidente em 2004, Kerry entrou no governo Biden com a missão de responder aos eleitores da ala ambientalista do partido Democrata. Estar no seu radar não é necessariamente uma boa notícia para Bolsonaro+
3/Como secretario de Estado, o maior sucesso de Kerry foi o Acordo Climático de Paris, do qual os EUA foram retirados por Trump e reincluídos por Biden em seu primeiro dia de governo. Lá trabalhou em parceria com a ex-ministra Izabella Teixeira+
4/O plano de Kerry é chegar em novembro, na Conferência de Mudanças Climáticas da ONU, em Glasgow, com um acordo assinado pelo Brasil e outros países no qual, em troca de um fundo de US$ 20 bi, eles se comprometam a metas mensuráveis de preservação da Amazônia+
5/Sob pressão, é possível que o governo brasileiros assine o acordo, mas você acredita em alguma promessa de bolsonaro? Nem os americanos.+
6/Nos dois anos do governo Bolsonaro, uma área equivalente a Israel foi devastada na Amazônia. Para este ano, a verba de fiscalização do Ibama é menor que os gastos com cloroquina, ivermictina e outras charlatanices contra o coronavírus+
7/Enquanto na agenda Kerry, os encontros da ONU são prioridade para resultados multilaterais, para o time Bolsonaro é o lugar p/ onde se envia agentes da Abin para espionar “campanhas internacionais sórdidas e mentirosas, apoiadas por maus brasileiros"+
8/A diplomacia deBolsonaro é feita com um olho na vibração dos militantes do Twitter e outro nos votos dos garimpeiros, grileiros e pecuaristas. Supor que Bolsonaro irá abandonar esses eleitores em troca de uma foto sorridente com John Biden ou John Kerry é ilusão+
1/O diabo, este safado, mora nos detalhes. Chocados com a negligência do governo Bolsonaro em arranjar vacinas e certos de que o a economia só engrena com o controle da Covid19, alguns dos executivos mais bem pagos do Brasil se reunir para discutir como poderiam ajudar +
2/Um deles tinha o contato de um fundo que financiou as pesquisas do laboratório AstraZeneca e, em troca, recebeu lotes de vacina. Em português claro, um atravessador.
3/A ideia seria vacinar os funcionários das empresas e assegurar que elas irão seguir operando mesmo se houver um lockdown. Para não parecer que estavam furando a fila da vacinação, para cada funcionário vacinado, eles doariam uma vacina para o Ministério da Saúde+
1/Em termos realistas, o impeachment de Bolsonaro hoje é uma ilusão. Os governistas Arthur Lira e Rodrigo Pacheco devem serão eleitos na Câmara e Senado com apoio de parte da oposição. Como esperar que esta mesma oposição incompetente consiga aprovar um processo de impeachment?+
2/ A resposta pode ser medida menos no sucesso improvável da abertura de um processo na Câmara e mais na capacidade de se criar um movimento. Impedidos pela pandemia de ir às ruas, a oposição vivia de panelaços esporádicos e editoriais de jornais. Tudo mudou com Manaus+
3/A negligência de Bolsonaro e do general Pazuello c/ as mortes por asfixia em Manaus transformou a ojeriza em raiva. A descoberta que Bolsonaro desprezou ofertas da Pfizer e boicotou a Sinovac geraram a urgência. Com a palavra “impeachment”, a oposição achou a bandeira única +
1/Nota da repórter @juliachaib, da @folha, reforça as semelhanças entre a negligência de Bolsonaro e a do capitão do Titanic, Edward Smith: as maiores empresas brasileiras negociam com a AstraZeneca a compra de 33 milhões de doses de vacinas contra Covid19 +
2/As empresas pretendem doar metade dos lotes para vacinação pública, reservando a outra metade para seus funcionários. Seria uma repetição do sistema do Titanic, no qual os passageiros da primeira classe foram avisando antes e tiveram acesso privilegiado aos botes salva-vidas+
3/Aliás, assim como no Brasil o governo Bolsonaro ainda não apresentou planos para oferecer vacinas para todos, também a dona do Titanic, a operadora White Star Line, não incluiu no transatlântico botes para todos+
1/ Desde a vitória de Joe Biden nas eleições americanas, as oposições brasileiras debatem em identificar quem poderia ser o “Biden brasileiro”, a versão nacional do candidato capaz de unir mais da metade do País e derrotar um presidente da extrema direita. É uma busca inútil+
2/Primeiro porque as circunstâncias partidárias americanas obrigam a união em torno de um nome, enquanto no Brasil isso só acontece no segundo turno. Quando acontece. Segundo, porque o Joe Biden brasileiro é o próprio Biden+
3/Diplomatas, consultores e empresários com negócios nos dois países têm repetido que as pendências entre Biden e Jair Bolsonaro vão dissipar uma vez que o novo governo tome posse. Os interesses econômicos vão falar mais alto, argumentam.
Duvido.+
2020 está sendo um ano triste, mas que arrancou de jornalistas, cientistas políticos, historiadores e economistas livros capazes de explicar melhor o Brasil. Fiz uma lista particular dos melhores lançamentos do ano. Não há ordem, apenas gratidão aos autores. Siga o fio:
1/Todo debate presidencial começa com a mesma pergunta “por que o senhor, ou a senhora, quer ser presidente?”. É tão feijão-com-arroz que os marqueteiros oferecem módulos prontos de respostas que variam entre o piegas, o egocêntrico e o coach (“vamos gerar oportunidades”)+
2/Bolsonaro não queria ser presidente para acabar com o déficit público e privatizar estatais. Esses eram os pretextos p/ a turma da Faria Lima. Também não foi para acabar com a corrupção e o Flavio está aí para provar
3/Bolsonaro quis ser presidente para acabar c/ as leis ambientais e de direitos humanos, as ONGs, o laicismo no serviço público, os sindicatos, a liberdade de imprensa, o movimento GLBT,a urna eletrônica, a diplomacia multilateral, manifestações de rua, enfim “tudo isso daí” +