Não há vácuo de poder na política, e o mesmo vale para a política externa. Na ausência de um chanceler disposto ou capaz de gerir as relações do Brasil com o resto do mundo, outros políticos brasileiros tornaram-se figuras-chave nos palcos internacionais. 🧵👇
Durante os primeiros dois anos do Governo Bolsonaro, enquanto Araújo cumpria seu papel de cheerleader do presidente Trump, o vice-presidente Mourão e a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, se empenhavam no âmbito diplomático.
Ao permitir que outras figuras no Governo se ocupem de temas internacionais, Araújo está cumprindo sua missão de diminuir o controle do Itamaraty sobre a articulação da política externa.
Afinal, a marginalização do Ministério de Relações Exteriores (MRE) é um objetivo-chave da gestão atual, em uma tentativa de combater o que o bolsonarismo chama de 'deep state', estrutura composta por tecnocratas que supostamente sabotam as ideias do Governo.
A estratégia bolsonarista, porém, representa um risco político para o próprio presidente. Afinal, ñ são apenas ministros a preencher o vácuo que a atuação de Araújo está criando. Opositores de Bolsonaro, como JoãoDoria, tb estão conseguindo se destacar no exterior com +facilidade
Quando Araújo foi excluído das negociações com Pequim para a compra de vacinas contra a covid-19, o governador de São Paulo, João Doria, e o então presidente do Congresso, Rodrigo Maia, tornaram-se interlocutores-chave para o Governo chinês e empresas farmacêuticas chinesas.
O uso do Itamaraty para animar a base bolsonarista traz vantagens inegáveis para o presidente, e o combate contra o “globalismo” e o “comunismo” são populares nos grupos de WhatsApp pró-Bolsonaro.
Ao mesmo tempo, Bolsonaro também acaba entregando, de bandeja, a oportunidade ímpar aos seus adversários de se tornarem atores-chave na política externa brasileira e dar visibilidade às consequências desastrosas da estratégia internacional de seu Governo. brasil.elpais.com/opiniao/2021-0…
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Um dos elementos mais fascinantes da Alemanha é como o país trata sua própria elite. Enquanto nos EUA ter dinheiro e acesso ao poder político dá vantagens e facilita a vida, na Alemanha ter grana ou sobrenome nem sempre faz diferença. 🧵👇
Ontem o time do poderoso Bayern de Munique sentiu essa diferença na pele: embarcou às 23h rumo ao Qatar para disputar o Mundial de Clubes. Como o avião teve que passar por um processo de 'de-icing' (para tirar o gelo da fuselagem), a decolagem ficou para meia noite e 3 minutos.
O problema é q em Berlim, de onde o Bayern estava saindo depois de um jogo lá, há uma lei municipal q proíbe decolagens dps da meia noite para não incomodarem os moradores da cidade. Furioso, o presidente do clube, Karl-Heinz Rummenigge, tentou destravar a situação com o governo.
Esta informação é incorreta. A China jamais pediria a cabeça de um ministro deEstado do Brasil. Artigos como este promovem uma narrativa de suposta interferência externa e ajudam o governo a vender a permanência do chanceler como ato de defesa da soberania gazetadopovo.com.br/republica/chin…
De fato, toda essa ideia de que a China estaria "punindo" o Brasil pela retórica anti-China do presidente Bolsonaro, propositalmente atrasando o envio de insumos para a produção da vacina, não soa como uma história inteiramente plausível. 🧵👇
É claro q as provocações de Bolsonaro afetaram o diálogo bilateral. Ñ há como negar que a reputação do Brasil em Pequim hj é péssima. Mas o custo disso para oBrasil, esp no contexto da pandemia, me parece ser mais sistêmico e indireto, e só se revelará ao longo dos próximos anos
Da mesma maneira que a ascensão de Trump inspirou populistas, a derrota para um centrista influenciará elites políticas no exterior e promoverá debates sobre as possíveis lições que uma vitória do democrata oferece sobre como sobrepujar líderes demagogos.🧵👇
A ascensão de Biden em um contexto extremamente dividido e de colapso do diálogo entre esquerda e direita chama a atenção justamente porque o candidato democrata não polariza.
Diferentemente de Barack Obama, Hillary Clinton e Donald Trump —as três figuras mais influentes da política americana da última década, nomes aos quais quase ninguém é indiferente—, Biden nunca atraiu muita atenção nem despertou paixões.
Trump não surgiu do nada, e suas atitudes deixarão marcas. Sua postura + isolacionista e cética em relação à globalização reflete mudanças profundas na opinião pública americana no q diz respeito aos conceitos que guiaram a política externa do país desde o fim da Guerra Fria👇🧵
Essa ideia de uma América ensimesmada está mais forte do que nunca, e dificulta qualquer movimento externo mais ambicioso por parte do presidente. Sobretudo no âmbito comercial, Biden terá que adotar uma estratégia bem mais protecionista do que os governos pré-Trump.
Aliados tradicionais como a União Europeia e o Japão tampouco estão dispostos a agir como se os últimos quatro anos tivessem sido um sonho ruim. As reviravoltas de Trump deixarão sequelas nessas relações, reduzindo a confiança em Washington de maneira permanente.
Very excited to join a debate at the Association of Asia Scholars (AAS) tomorrow about the emerging Tech War and the future of global order. Below a few links I recently wrote about the subject. 🧵👇
In Brazil, the government has to choose between U.S. and China for its 5G network — while battling deep political, health and economic crises. americasquarterly.org/article/huawei…
Brazil, the world’s sixth-most populous country is one of the main prizes in a global tech encounter between Beijing and Washington. americasquarterly.org/article/brazil…
While Bolsonaro has long projected himself the most pro-American leader in Brazil's history, the past months have revealed that Brazil's president was not a US ally, but actually a Trump ally. In fact, Bolsonaro is, in many ways, profoundly anti-American. 🧵👇
Bolsonaro was not the first Brazilian president to propose moving closer to the US. Previous leaders, too, sought to utilize proximity to Washington for personal political gain at home. Vargas, Castello Branco and Goulart all saw a US partnership as a way to buy domestic support.
Castello Branco, in particular, attempted to establish an alliance with the United States to consolidate Brazil's military dictatorship after the 1964 coup. It didn't work and US-Brazil ties entered a period of crisis until Brazil democratized in the 80s.