Complementando a nota acima, a ideia da independência do BC - na verdade, é disso que se trata - está baseada, supostamente, na crença de que sua ação do banco deveria ser "blindada" de influências políticas. À primeira vista, pode parecer razoável para muita gente, mas não é
O BC administra uma parte importante das pol macroeconômicas-a monetária, a cambial e a creditícia. E hoje, cada vez mais, a pol monet está vinculada às decisões da pol fiscal (que não cabem ao BC) e não há como dissociá-las. A inconsistência da pol econômica poderá ser gritante
Agora imaginem um governo eleito democraticamente, com um determinado compromisso econômico junto ao país, que não consegue implementar as diretrizes macroeconômicas necessárias pq o presidente do Bacen, que só mudaria no 3º ano do mandato do governo, é contrário.
O pres do BC teria um poder imenso sem ser eleito por ninguém. Logo, o projeto de independência do BC está, implicitamente, considerando o seguinte: a democracia tem seus limites; não deve invadir o território da pol econ, cujas decisões deveriam ser restritas aos técnicos do BC
É um pouco estranho para uma democracia, não? Os países que adotam esse modelo passaram nos últimos anos por vários momentos em que faltou coordenação entre as políticas monetária e a fiscal. E a realidade têm mostrado que essa ausência de coordenação não é boa
O BC também regula o sistema financeiro. Portanto, a sua tarefa de regulador deveria, essa sim, ter maior autonomia, a exemplo das demais agências reguladoras. Dai pergunto: algum ponto do projeto toca nessa questão? Não !
A quem interessa essa maior autonomia na política monetária, inclusive sem a contrapartida de maiores cobranças por resultados ? O BC já possui a autonomia necessária, conforme explico na nota acima. E faço mais uma pergunta:
Por que esse é o primeiro projeto, junto com a lei do regime de câmbio, que o novo presidente da Câmara quer votar? Maia dizia que havia outros prioritários, e ele tem razão.
Tendo a achar que a resposta está na priorização que o centrão precisa atribuir a esse tema por ter recebido "algum" apoio da banca. Afinal, por que tanta pressa em um projeto tão polêmico e, a meu ver, danoso? A fatura já começa a ser cobrada
Mais uma vez, fica claro que, para a turma de sempre, o problema do presidente em (falta de) exercício não é a incompetência e irresponsabilidade, mas apenas o descumprimento da agenda liberal.
obs final: o projeto de lei sobre o merc de câmbio não pode prever a possibilidade de contas em dólar para p físicas. E os casos para as p jurídicas devem ser muito restritos. Do contrário, teremos uma dolarização forte, coisa que nunca tivemos, nem no período de hiperinflação
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Meu amigo @guilhermagacho me provocou, positivamente, para entrar na discussão sobre o que são bons empregos no Brasil. Gerá-los deve ser um dos objetivos maiores das políticas públicas. Educação sempre é fundamental, mas não basta; o que o país produz é vital nessa discussão+
Bons empregos são aqueles que geram bons salários, melhores condições de trabalho e menor precarização e melhoram a dist renda. Os diversos setores da economia possuem capacidades distintas para gerar empregos com tais características ou na quantidade necessária+
Sob essa ótica setorial, temos 3 setores que pagam salários superiores à média nacional: ind extrativa, serviços modernos e adm publica+saude+educação. E 2 que pagam na média: ind transformação e transporte/logistica (dados da PNAD).+
no apagar das luzes de 2020, a Câmara dos Deputados aprovou ontem dois projetos, novamente pouco discutidos, e que poderão ter consequências maléficas ao país. Explico a seguir
O 1º é o novo marco legal do merc câmbio.Ainda que por enquanto o projeto só tenha autorizado operações que facilitem a vida de exportadores e algumas trans financ, o próprio portal da Câmara afirma que o objetivo é, gradualmente, caminhar para a liberalização das contas em dólar
Esse é um risco muito relevante para a estabilidade da econ brasileira.Qualquer instabilidade levará as pessoas a correrem rapidamente para o dólar, como ocorre na Argentina. Se nunca tivemos uma hiperinflação com dolarização aqui, é porque o fluxo de moeda estrangeira é restrito
Em sua coluna na Folha, Samuel Pessoa critica o livro de @cirogomes. Nada além do esperado, até demorou muito. De toda forma,alguns comentários são necessários. Primeiro,sobre chamar de maniqueísta a visão de um político que conhece muito bem os interesses dos grupos econômicos.
Samuel quer dar à discussão econômica, ou ao ponto de vista dele,uma visão isenta de influências políticas que não existe. E o que Ciro faz ao longo do livro é colocar a posição pessoal dele, declaradamente não isenta, como não é a do Samuel, sobre o processo de desenv econ do BR
É louvável um político da qualidade de Ciro, e candidato a presidente, se dispor a escrever um livro, após estudar muito, sobre o país que deseja governar, deixando claro onde quer chegar, com posições e análises corretas, levando em consideração os aspectos políticos.
A renovação do Fundeb, fundo que financia parte relevante da educação básica , está em discussão no Congresso. O fundo precisa aumentar seus recursos , ao contrário do que vem dizendo os economistas liberais . Segue o fio
Se quisermos escolas em tempo integral , bons professores , diretores competentes , infraestrutura , não há como fazê-lo sem alocar mais recursos na educação . Vejamos o tamanho de nossa população em idade escolar
Existem problemas na gestão ? Então façamos o seguinte : vinculemos uma parte dos recursos adicionais à implementação de sistemas e instrumentos de gestão que já se mostraram bem sucedidos no país , como por exemplo em Sobral
A discussão sobre o financiamento das crescentes despesas do governo está centrada hoje no seguinte dilema: ou aceitamos uma dívida pública junto ao mercado mais alta ou aceitamos uma taxa de câmbio mais desvalorizada, bem acima do necessário
Se o Banco Central quiser manter a taxa Selic no patamar atual, vai ter que continuar intervindo no mercado de títulos, aumentando o volume de compromissadas e a dívida pública junto ao mercado
Por outro lado, se ele deixar a taxa de juros cair, haverá alguma desvalorização adicional da moeda e encarecimento de produtos importados essenciais para nós neste momento, que são os insumos médicos